Educação infantil no Brasil; 2011 - unesdoc - Unesco
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As primeiras iniciativas educacionais para a primeira infância são os<br />
jardins de infância: 1875, 1894 e 1909, <strong>no</strong> Rio de Janeiro, e 1896, em São<br />
Paulo. Anexo a este, foi criado um curso de formação para professoras de<br />
jardim de infância. Situados nas principais cidades da época, localizavam-se<br />
em áreas centrais e atendiam crianças das classes média e alta. Em 1879, a<br />
Reforma Leôncio de Carvalho, ao estabelecer o ensi<strong>no</strong> primário obrigatório<br />
em todos os municípios do Império, determi<strong>no</strong>u que, em todos os distritos,<br />
houvesse um jardim de infância, com a função de cuidar da formação da<br />
criança antes dos seus 7 a<strong>no</strong>s. A determinação não passou de letra morta.<br />
Logo em seguida, surgiu uma iniciativa privada, proveniente da área da<br />
saúde, mas com visão de assistência integral à criança: o Instituto de Proteção<br />
e Assistência à Infância do <strong>Brasil</strong>. Ele foi criado em 1880, <strong>no</strong> Rio de Janeiro,<br />
pelo médico pediatra e higienista Arthur Moncorvo Filho, ardoroso participante<br />
na luta por comprometer o gover<strong>no</strong> na organização de serviços públicos<br />
para a criança. Ao Instituto foram atribuídos objetivos bastante amplos e<br />
diversificados: (a) atender aos me<strong>no</strong>res de 8 a<strong>no</strong>s, (b) elaborar leis que regulassem<br />
a vida e a saúde dos recém-nascidos, (c) regular o serviço das amas<br />
de leite, (d) velar pelos me<strong>no</strong>res trabalhadores e crimi<strong>no</strong>sos, (e) atender as<br />
crianças pobres, doentes, defeituosas, maltratadas e moralmente abandonadas,<br />
(f) criar maternidades, creches e jardins de infância.<br />
O Instituto exerceu grande influência nas concepções sobre criança e<br />
sociedade, na responsabilidade pública em relação à saúde, integração social<br />
e desenvolvimento das crianças; mas estava voltado, com a concepção<br />
médico-social e higienista, para as crianças das classes pobres, com as quais<br />
queria comprometer as classes média e alta. Suas atividades expandiram-se<br />
por vários estados, articulou-se com organizações e movimentos europeus e<br />
pan-america<strong>no</strong>s e, pela dinâmica de sua atuação, ofereceu um modelo organizacional<br />
e institucional ao gover<strong>no</strong> sobre a assistência à criança pobre. Este<br />
modelo associava responsabilidade governamental, inclusive orçamentária, à<br />
caridade e ao voluntariado social, <strong>no</strong> atendimento à criança pobre.<br />
Pelos objetivos, vê-se que havia intenção de realizar uma ação global, que<br />
abarcava a saúde, a assistência e a educação, promovida e orientada pelo mesmo<br />
órgão. Em seu escopo, juntavam-se creches, jardins de infância, atendimento<br />
a crianças filhas de famílias empobrecidas, crianças com deficiência, saúde de<br />
bebês e infância desvalida.<br />
Podemos situar, aqui, o começo da construção do conceito de interrelação<br />
entre assistência, saúde e educação da criança. É um começo ainda tímido e<br />
marcado pela confluência dos problemas que algumas poucas pessoas de<br />
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