Educação infantil no Brasil; 2011 - unesdoc - Unesco
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VI. CONSOLIDAÇÃO E NOVAS REFORMAS<br />
Reiterando o que foi dito anteriormente, o processo de integração de creches<br />
e pré-escolas aos sistemas de ensi<strong>no</strong>, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, situa-se <strong>no</strong> âmbito de uma<br />
política educacional que não dissocia educação e cuidado, que rompe com a<br />
ideia de atendimento assistencial, que se institui como direito público subjetivo<br />
do cidadão desde que nasce e que, portanto, responsabiliza o Estado pela obrigatoriedade<br />
de oferta numa ação complementar à família e à comunidade.<br />
Estas concepções estão associadas às mudanças de paradigma em relação<br />
à visão de criança, de infância e de educação <strong>infantil</strong>. Trata-se de mudanças<br />
que implicam a oferta de vagas suficientes para atender à demanda e à qualidade<br />
desta oferta, porque o sujeito de direitos – independentemente de qualquer<br />
circunstância como gênero, raça/etnia, religião, classe social, local de moradia<br />
ou de condição econômica – impõe uma educação de qualidade, capaz de<br />
promover o desenvolvimento integral, ampliando o seu universo cultural e<br />
sua participação <strong>no</strong> mundo social e natural, favorecendo a construção de sua<br />
subjetividade, promovendo trocas e interações, respeitando as diferenças,<br />
colaborando para o seu bem-estar físico, emocional e afetivo, entre outros.<br />
Tudo isso significa, na prática, oferecer às crianças um cotidia<strong>no</strong> planejado<br />
e organizado de acordo com seus interesses e necessidades, com equipamentos<br />
suficientes e adequados e docentes qualificados para tal. Nessa perspectiva, a<br />
integração está em processo, num movimento contínuo e intenso, em que<br />
antigas questões começam a ganhar espaço rumo à superação de contradições<br />
e impasses.<br />
A realidade brasileira é múltipla, diversa e também estruturalmente desigual.<br />
O avanço nas concepções não superou ainda a discrepância de oportunidades<br />
educacionais territorialmente demarcadas entre centro e periferia, cidade e<br />
campo, capital e interior, entre bairros do mesmo município, entre municípios,<br />
entre estados e entre regiões do país (BRASIL, 2007b). Reduzir as desigualdades<br />
de oportunidades educacionais, para os sistemas de educação, é um<br />
desafio que se inicia na educação <strong>infantil</strong>.<br />
Por sua vez, a integração à educação significa a inserção da educação <strong>infantil</strong><br />
em um campo cujas questões são centrais <strong>no</strong> cenário político, econômico e<br />
social de um país como o <strong>Brasil</strong>, que precisa reverter suas desigualdades<br />
históricas. Ser a primeira etapa da educação básica resulta em participar da<br />
Política Nacional de <strong>Educação</strong>, com metas a serem alcançadas, conforme<br />
propõe o Pla<strong>no</strong> Nacional de <strong>Educação</strong> (PNE), aprovado pela Lei nº 10.172, de<br />
2001, e de seu desdobramento mais recente, o Pla<strong>no</strong> de Desenvolvimento da<br />
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