Pesquisas FAU 2007/2008 - fauusp
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Nome do pesquisador(a)<br />
Título da pesquisa<br />
Evento<br />
Data<br />
Agências de fomento<br />
Modalidade<br />
Resumo<br />
Luís Antônio Jorge<br />
Arquitetura e literatura: Guimarães Rosa e o projeto para a Casa da Cultura do Sertão<br />
XII Seminario de Arquitectura Latinoamericana<br />
Novembro de <strong>2007</strong><br />
FAPESP<br />
Participação em reunião internacional<br />
Resumo do Trabalho apresentado no XII SEMINARIO DE ARQUITECTURA<br />
LATINOAMERICANA, promovido pela Facultad de Arquitectura Construcción y Diseño da<br />
Universidad Del Bío-Bío, em Concepción, Chile, em novembro de <strong>2007</strong>, com o auxílio<br />
financeiro da FAPESP.<br />
O trabalho apresentou uma pesquisa que resultou no projeto de arquitetura da Casa da<br />
Cultura do Sertão, em Morro da Garça, Minas Gerais, Brasil. Esta pesquisa integra o<br />
Projeto “Guimarães Rosa: lugares – em busca do quem das coisas”, do qual fomos o<br />
coordenador do Módulo “Arquiteturas do Lugar”. Este projeto foi selecionado pelo Edital<br />
Nacional Petrobrás Cultural - Área: Patrimônio Histórico e Cultura Imaterial, com a<br />
anuência do Ministério da Cultura (Lei Rouanet) e iniciou-se em 2005 e foi finalizado em<br />
2006. A natureza do projeto era investigativa e educativa, de modo a promover<br />
atividades educativas voltadas à população local.<br />
Trata-se de uma investigação, cujo método de abordagem deriva de uma fonte literária: a<br />
obra do escritor brasileiro João Guimarães Rosa. Em um sentido histórico, a pesquisa<br />
procura, ao indagar a realidade do lugar, reconhecer o legado cultural da literatura<br />
modernista no Brasil, destacando a maneira como ela equacionou o cosmopolitismo<br />
característico do movimento – ao combater o academicismo, o bacharelismo, o<br />
oficialismo e o provincianismo recorrentes – e o seu interesse pelos aspectos regionais<br />
e as expressões típicas. Coube à literatura a liderança de um movimento construtor da<br />
memória dos lugares e do sentido do patrimônio histórico e cultural brasileiro,<br />
acompanhado por um esforço análogo de revisão da linguagem que nos identificaria.<br />
Guimarães Rosa foi estudado na sua dupla dimensão de artista e pensador - e como<br />
pensador, pertencente àquela tradição dos intérpretes do Brasil que combina a<br />
imaginação e a observação, a ciência e a arte, constituindo o traço mais característico e<br />
original do pensamento brasileiro, segundo a conhecida tese de Antonio Candido. Rosa<br />
em sua grande obra literária traça uma geografia dos lugares do sertão mineiro, ora<br />
apoiando-se na paisagem fisicamente referenciada do sertão, ora na memória das<br />
paisagens, onde há muito de imaginação, para construir um retrato do Brasil, com uma<br />
linguagem que, antes de comunicar, é, ela mesma, palavra-pensante, conforme proposto<br />
por Bento Prado Junior.<br />
Para a nossa vivência no sertão roseano, dois contos foram iluminadores para pesquisa e<br />
o projeto arquitetônico: O Recado do Morro, que está ambientado na região de Morro da<br />
Garça e, Conversa de Bois, que orientou um estudo sobre um dos artefatos<br />
emblemáticos da paisagem cultural do lugar: o carro-de-bois. Realizamos a leitura e a<br />
análise da novela Conversa de Bois, no sertão e com a participação de pessoas da<br />
comunidade local. Posteriormente, passamos a discutir a obra, conduzidos pela sua<br />
estrutura temática onde as explicações ou definições recolhidas no texto, pareciam dizer<br />
respeito à hipótese que norteou uma parte do trabalho lá realizado: ver o carro de bois<br />
como um engenho construído a partir de um saber sobre os “temperamentos” dos bois<br />
e das madeiras. . . O conto nos aproximou do universo do carro-de-bois, sugerindo uma<br />
primeira organização da pesquisa. À medida que ele se desenvolvia, íamos registrando os<br />
nomes dos bois e suas funções, os nomes das madeiras e os seus adjetivos, os nomes<br />
e funções dos condutores do carro, os nomes dos componentes e das partes que<br />
compõem o carro, os sons do carro (na dimensão sonora da palavra na poética de Rosa)<br />
e, por fim, os nomes dos lugares. Posteriormente, confrontamos as nossas anotações<br />
com as pastas e cadernetas de anotações de Guimarães Rosa, no acervo do IEB<br />
AUXÍLIOS À PARTICIPAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS<br />
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