Universalização da energia elétrica através da tecnologia ... - IEE/USP

265
O segundo motivo é uma complementação do primeiro, e tem como referência o
trabalho de Faria (2002), cujo objetivo foi fazer um estudo comparativo da atividade e
características das descargas atmosféricas nas regiões de Rondônia e Sudeste. Na realização
deste estudo foram utilizados dados dos sensores de solo que compõem a rede “Brazil
Lightning Detection Network” (BLDN), instalada em Rondônia, e a rede de detecção da
Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), denominada de Sistema de Localização de
Tempestades (SLT). Também foram utilizados os dados do sensor “Lightning Imaging
Sensor” (LIS), acoplado ao satélite “Tropical Rainfall Measuring Mission” (TRMM). As
redes BLDN e SLT detectam descargas atmosféricas do tipo nuvem-solo, enquanto o LIS
detecta todos os tipos de descargas atmosféricas. Enfim, de acordo com esse estudo, as
intensidades de correntes médias encontradas para as descargas atmosféricas nuvem-solo
negativas foram muito semelhantes para a Região de Rondônia e Sudeste.
A rigor, não se pode assegurar que as características das descargas elétricas em
Rondônia, de forma particular ao longo da linha PRE, sejam iguais àquelas oriundas das
medições feitas em Minas Gerais. Adicionalmente, também devem ser consideradas as
incertezas embutidas nos resultados das medições realizadas na Estação do Morro do
Cachimbo, como por exemplo, as simplificações adotadas na representação do canal da
descarga atmosférica (SCHROEDER, 2001).
As incertezas na relação NIE/NIV podem ser significativamente reduzidas através da
instalação de religadores automáticos no Sistema PRE. Com essa medida, é certo que o
número de interrupções por descargas atmosféricas será maior, porém, o tempo de
restabelecimento reduzirá substancialmente. Juntando esta alternativa com a instalação de
contadores de descargas ao longo da LT 230 kV, ter-se-á como resultado o conhecimento
sobre as descargas atmosféricas no local de interesse combinado com uma resposta mais
rápida da instalação quando atingida por descarga atmosférica. Essas duas alternativas estão
relacionadas no Capítulo 6 como sugestões para futuros trabalhos de pesquisa sobre a
Tecnologia PRE.
Toda discussão apresentada até aqui visa responder à pergunta sobre a possibilidade de
estabelecimento de alguma relação entre as interrupções por descargas atmosféricas estimadas
e verificadas. Essa relação foi estabelecida, conforme indicado pela Equação (5.53) e, como
visto, ela é intermediada por uma constante k = 4,6. Apesar das incertezas contidas nesta