manual do formando
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capítulo 05<br />
desenho de luz<br />
234<br />
vários aspectos dentro <strong>do</strong> próprio texto que a<br />
partida não sejam óbvios. A literatura, música,<br />
pintura e a história são algumas das áreas que<br />
podem servir para enquadrarmos a peça, para<br />
que ela não funcione apenas como um objecto<br />
de trabalho isola<strong>do</strong>. Torna-se bastante importante<br />
que ao fazermos análise e investigação tenhamos<br />
sempre presente que a nossa responsabilidade é<br />
a da luz e que mesmo essa área terá de ser um<br />
resulta<strong>do</strong> de um diálogo feito com o encena<strong>do</strong>r/<br />
director. Não devemos cair na tentação de criar<br />
ideias fixas quanto à forma como vemos a peça,<br />
pois essas visões e preconceitos podem se tornar<br />
mais tarde fontes de conflito com outras áreas<br />
da produção e de nos distrair e inibir <strong>do</strong> nosso<br />
verdadeiro objectivo, a luz na cena. A altura de<br />
análise <strong>do</strong> texto deve servir para criar uma rede<br />
de ideias e conceitos, que devem ser anotadas e<br />
aprofundadas ao longo <strong>do</strong> processo, que estarão<br />
sempre dependentes da leitura que o encena<strong>do</strong>r/<br />
director faz da peça, e que sobretu<strong>do</strong> servem de<br />
bagagem para os diálogos criativos a ter durante o<br />
processo.<br />
Um <strong>do</strong>s factores a discutir numa fase inicial <strong>do</strong><br />
projecto está relacionada com a existência ou<br />
não de um estilo marca<strong>do</strong> na produção, ou se a<br />
peça vai ser feita no estilo da época em que foi<br />
escrita, ou pelo contrário, se pretende fazer uma<br />
actualização para a contemporaneidade ou mesmo<br />
se deve ter um aspecto futurista. Esta deve ser<br />
uma pergunta feita directamente ao encena<strong>do</strong>r<br />
pois pode orientar numa direcção bastante<br />
diferente toda a análise de texto e sobretu<strong>do</strong> a<br />
investigação a fazer.<br />
Muitas vezes os espectáculos pela sua natureza<br />
(ou escolha artística) não possuem texto dramático<br />
ou qualquer outro tipo de texto. O que obriga a um<br />
esforço de imaginação bastante maior, em que se<br />
deve ter uma relação mais próxima com encena<strong>do</strong>r<br />
de forma a perceber quais são os pontos de<br />
partida para a produção e quais os objectivos. A<br />
investigação pode ter um papel mais importante<br />
na definição de ambientes e estilos pretendi<strong>do</strong>s<br />
e sempre que possível a experimentação de<br />
luzes deve entrar numa fase inicial. Um <strong>do</strong>s<br />
factores que se pode tornar mais difícil para o<br />
desenha<strong>do</strong>r de luz com a não existência de texto<br />
é a de perceber onde poderá fazer transições<br />
de ambientes e em que tempos. Por outro la<strong>do</strong><br />
poderá ter maior liberdade, pois deixa de estar<br />
constrangi<strong>do</strong> por referências a ambientes, e acaba<br />
por poder explorar mais o nível visual da produção,<br />
pois não há o perigo de distrair o especta<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />
essencial que muitas vezes se encontra no texto.<br />
No entanto junto com a liberdade poderá vir maior<br />
responsabilidade, pois poderá passar a ter um<br />
papel mais importante no desenrolar da acção que<br />
normalmente pertence ao texto. A importância<br />
<strong>do</strong>s vários aspectos visuais como o cenário e os<br />
figurinos pode ter um papel diferente neste tipo<br />
de produções, o que pode exigir alguma atenção<br />
extra na completa exploração das possibilidades<br />
que eles possuem.