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manual do formando

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241 capítulo 05<br />

desenho de luz<br />

São frequentes os trabalhos incorporarem luzes<br />

estroboscópicas, transição de cores e imagens,<br />

luz polarizada, complexos sistemas de reflexão e<br />

refracção em vidros e espelhos, antecipan<strong>do</strong> muito<br />

o que podemos ver hoje em dia nos concertos.<br />

“ Se observarmos o mar ou o fogo na lareira, temos<br />

uma forma essencial e um movimento ou ritmo<br />

que trabalha essa forma essencial. Talvez no fogo<br />

haja um início e um fim, mas normalmente não<br />

assistimos ao processo completo. E principalmente<br />

não vemos essa forma e movimento como uma<br />

história, mas sim como apenas um movimento…<br />

eu penso que estas imagens tendem a englobar-se<br />

dentro desse tipo de experiências. “<br />

Talvez o artista plástico mais conheci<strong>do</strong> por<br />

trabalhar com luz seja Dan Flavin (1933 - 1996).<br />

Em 1962 produz o seu primeiro trabalho intitula<strong>do</strong><br />

ícones, uma tela pintada de vermelho com<br />

lâmpadas acesas incrustadas. Em 1963 usa pela<br />

primeira vez uma luz fluorescente tubular. Desde<br />

esse ano que só usou esse tipo de luz como meio<br />

de expressão.<br />

“Com o tempo cheguei a conclusão <strong>do</strong> porque da<br />

luz fluorescente e das suas possibilidades plásticas:<br />

to<strong>do</strong> o espaço interior que contem a lâmpada,<br />

paredes teto e chão, podem suportar este risco<br />

de luz mas não restringem a sua acção, apenas<br />

o envolvem. Aperceben<strong>do</strong>-me disto eu sabia que<br />

o espaço físico da sala podia ser manipula<strong>do</strong>, de<br />

forma a criar ilusões com a luz em partes cruciais<br />

da composição da sala. Por exemplo, se pusermos<br />

uma lâmpada fluorescente na vertical de um canto<br />

da sala, podemos destruir a junção <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is planos<br />

pelo brilho e pela sombra dupla provocada. Parte<br />

de uma parede pode ser visualmente destruída e<br />

transformada em triângulos pela a acção de uma<br />

diagonal iluminada.”<br />

Dan Flavin<br />

O tema de trabalho de Dan Flavin é a percepção<br />

visual que temos <strong>do</strong> espaço, e as várias maneiras<br />

de jogar com essa percepção. A matéria que<br />

elegeu foi a luz fluorescente e a cor. Ten<strong>do</strong> usa<strong>do</strong><br />

um produto comercial e produzi<strong>do</strong> em série, Flavin<br />

aproveitou as opções que tinha em termos de<br />

tamanho e cor para compor as suas instalações.<br />

Comercializadas a partir <strong>do</strong> fim da década de 50,<br />

as fluorescentes tem de forma geral nove cores:<br />

azul, vermelho, amarelo, e rosa assim como quatro<br />

tipos diferente de brancos, apenas varian<strong>do</strong> na<br />

temperatura de cor. A escolha das fluorescentes<br />

como símbolo de uma era tecnológica e comercial<br />

apresentam uma especificidade muito própria.<br />

Quan<strong>do</strong> Flavin concebeu as suas obras sabia<br />

a duração de vida de cada uma delas (2100 h<br />

de utilização) é portanto uma arte com hora de<br />

morte pré-determinada, ele sabia igualmente que<br />

apesar das fluorescentes apresentarem grandes<br />

vantagens a nível de consumo de energia e de<br />

eficácia luminosa, eram apenas mais um passo<br />

na evolução da tecnologia, e que mais ce<strong>do</strong> ou<br />

mais tarde se iria deixar de produzir lâmpadas e<br />

acessórios necessários ao funcionamento das suas<br />

obras. Que de facto o aparecimento <strong>do</strong> led antevê.<br />

O uso das cores e de efeitos de pós-imagem que<br />

alteram por completo as noções perceptivas a<br />

que estamos habitua<strong>do</strong>s e o uso da mistura de<br />

cores por adição são alguns <strong>do</strong>s efeitos visuais<br />

mais exploradas por Flavin nas suas instalações.<br />

Lâmpadas de cor azul amarelo e rosa quan<strong>do</strong><br />

juntas dão a uma sala um ambiente branco, várias<br />

lâmpadas verdes passa<strong>do</strong> algum tempo saturam<br />

tanto os cones (células sensíveis as cores) que a<br />

luz começa a aparecer branca, provocan<strong>do</strong> o efeito<br />

de luz rosa quan<strong>do</strong> olhamos para uma janela com<br />

luz natural.<br />

“Rapidez, disponibilidade e compreensão é o que<br />

espero <strong>do</strong>s participantes das minhas instalações<br />

(não mais se deve ser obriga<strong>do</strong> a contemplar a<br />

arte).“<br />

Dan Flavin

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