manual do formando
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capítulo 05<br />
desenho de luz<br />
240<br />
Durante o sec.19 existiram diversas experiências<br />
mais ou menos interessantes na abordagem da<br />
sinestesia da cor e luz, umas mais científicas<br />
e outras bastante mais artísticas. Alguns <strong>do</strong>s<br />
principais nomes são: Frederique Kastner<br />
(1838-1882) e o seu Pyrophone, misturan<strong>do</strong> luz<br />
projectada, através de recipientes de vidro com<br />
agua colorida, com sons que se assemelhavam<br />
a vozes humanas. O compositor Scriabin (1872-<br />
1915) leva a cena em Moscovo Poema Do Fogo<br />
(Prometeu) em que faz acompanhar a partitura<br />
musical de uma partitura para a luz, com subtilezas<br />
de cor que acompanham as mudanças de tom<br />
musical.<br />
De notar que é por esta altura que A<strong>do</strong>lphe Appia<br />
(1862-1928) e Gor<strong>do</strong>n Craig (1872–1966) começam<br />
a desenvolver as suas teorias em relação ao<br />
espaço e luz na arte teatral.<br />
O Inicio <strong>do</strong> século 20 com o seu desenvolvimento<br />
tecnológico, expansão da electricidade, electrónica<br />
e aparecimento de novos materiais vai enriquecer<br />
e impulsionar novos mecanismos e dispositivos<br />
nas artes plásticas. Deixa de haver uma exploração<br />
da luz unicamente associada ao som e começa a<br />
existir uma consciência das potencialidades da luz<br />
como principal meio de expressão artística.<br />
Durante os anos trinta existe a proliferação de<br />
diversos órgãos luminosos de cinema e projecção<br />
que iluminavam jardins públicos e edifícios,<br />
aparecen<strong>do</strong> igualmente as fontes luminosas com<br />
espectáculos misturan<strong>do</strong> luz, musica e agua.<br />
Os artistas desenvolvem um sem número de<br />
técnicas mistas entre a pintura, escultura e a luz,<br />
em que a projecção em superfícies transparentes,<br />
translúcidas e opacas é associada a imagens<br />
abstractas e distorcidas com grande impacto<br />
visual. O “Cosmorama“ <strong>do</strong> cubano Sandu<br />
Darié (1906-1991), associa<strong>do</strong> ao movimento<br />
construtivista sul-americano, composto por uma<br />
estrutura rectangular de 2,5 m por 4 m e 2,5 m de<br />
altura, continha um circuito de projectores e de<br />
motores que produziam movimentos circulares<br />
em estruturas planas, provocan<strong>do</strong> um jogo<br />
de movimento, sombras e cores transmitin<strong>do</strong><br />
a sensação de projecções bidimensionais e<br />
tridimensionais. Através da utilização de materiais<br />
industriais constrói imagens poéticas unin<strong>do</strong> pois a<br />
funcionalidade a estética.<br />
“ Eu vejo as coisas como um pintor, o que<br />
me interessa é o quadro em movimento, um<br />
movimento controla<strong>do</strong>, um movimento emocional<br />
da composição… Os meus objectos são<br />
verdadeiros actores, que mostram o seu drama em<br />
movimento e que se transformam no ecrã. Eis o<br />
espectáculo. “<br />
Frank Malina (1912 -1981) foi um <strong>do</strong>s mais<br />
produtivos artistas plásticos <strong>do</strong> século 20. Com<br />
obras que vão da década de trinta até aos anos<br />
setenta, Malina experimentou várias técnicas<br />
de pintura, escultura e engenharia para criar as<br />
suas obras. Através de motores rotativos, de<br />
transparências e de luzes ligadas a interruptores<br />
sequenciais, cria várias obras, que exploram o<br />
ritmo, a abstracção a cor e a luminosidade de<br />
forma a criar paisagens visuais que remetem<br />
muitas vezes para as imagens microscópicas<br />
de organismos biológicos assim como para<br />
representações <strong>do</strong> universo.<br />
“Depois de algum trabalho, cheguei finalmente a<br />
este sistema de ter as luzes, e em frente as luzes<br />
um elemento em movimento de qualquer espécie,<br />
nos sistemas mais simples um disco transparente a<br />
rodar onde seja possível pintar, e em frente a este<br />
um disco estático onde seja igualmente possível<br />
pintar, e finalmente em frente ao disco estático um<br />
ecrã que seja transparente e difusor, algo como um<br />
ecrã de televisão, no qual se pudesse enfim ver a<br />
luz que atravessa to<strong>do</strong>s os discos.“