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Crianças com Deficiência - UNICEF Mozambique - Home page

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PERSPECTIVA<br />

De pioneira a defensora<br />

em favor da inclusão<br />

Nancy Maguire<br />

Nancy Maguire é uma ativista<br />

do Reino Unido que trabalha na<br />

área da deficiência. É assistente<br />

social qualificada, mas depois de<br />

uma viagem ao exterior decidiu<br />

dedicar-se ao trabalho em favor dos<br />

direitos de pessoas <strong>com</strong> deficiência,<br />

principalmente mulheres jovens.<br />

Trabalhou <strong>com</strong> organizações de<br />

pessoas <strong>com</strong> deficiência na Ásia e<br />

na África Meridional, e espera obter<br />

o grau de mestrado em política e<br />

desenvolvimento.<br />

Nasci em Londres em 1986, e<br />

tenho um distúrbio denominado<br />

osteogenesis imperfecta, conhecida<br />

normalmente <strong>com</strong>o “ossos<br />

de vidro”. Muitas crianças <strong>com</strong><br />

ossos de vidro crescem protegidas<br />

– há quem diga que são<br />

superprotegidas – contra qualquer<br />

situação em que possam<br />

machucar-se. Meus pais queriam<br />

minha segurança, mas queriam<br />

também que eu tivesse a oportunidade<br />

de brincar, fazer amigos<br />

e viver uma infância da maneira<br />

mais normal possível.<br />

Na década de 1980, a educação<br />

inclusiva ainda era um conceito<br />

bastante novo. Como a maioria<br />

dos pais de uma criança <strong>com</strong><br />

deficiência, os meus também<br />

foram orientados a colocar-me<br />

em uma escola especial. Minha<br />

mãe é professora e, tendo visitado<br />

a escola re<strong>com</strong>endada, estava<br />

convencida de que lá eu receberia<br />

uma educação abaixo do padrão.<br />

Meus pais sempre utilizaram<br />

minha irmã mais velha, Katy, que<br />

não tinha deficiência, para avaliar<br />

o que era aceitável para mim. Se<br />

alguma coisa não fosse boa para<br />

Katy, não seria boa para mim.<br />

Fui a primeira criança <strong>com</strong> deficiência<br />

a frequentar a minha<br />

escola primária, e de certa forma<br />

eu me sentia uma cobaia para<br />

inclusão. Por exemplo, mesmo<br />

tendo uma atitude positiva em<br />

relação à minha inclusão em<br />

todos os aspectos da vida escolar,<br />

minha professora não tinha<br />

experiência sobre <strong>com</strong>o adaptar<br />

a educação física de modo que<br />

eu pudesse ser envolvida de<br />

maneira significativa.<br />

Como a maioria dos períodos<br />

de infância, o meu nem sempre<br />

foi fácil. Passei muito tempo em<br />

hospitais, e mesmo dentro de<br />

um sistema regular de educação<br />

“inclusivo”, havia momentos em<br />

que eu era excluída. Por exemplo,<br />

não pude ir à minha festa<br />

de Natal quando estava na educação<br />

infantil, porque as professoras<br />

temiam que eu quebrasse<br />

um osso.<br />

Além disso, no ensino secundário<br />

havia na cantina uma mesa separada<br />

para crianças <strong>com</strong> deficiência,<br />

e os professores não entendiam<br />

por que eu me recusava a<br />

sentar-me <strong>com</strong> elas. No entanto,<br />

apesar dos reveses e dos obstáculos,<br />

consegui evoluir tanto em termos<br />

educacionais <strong>com</strong>o sociais.<br />

Fui sempre estimulada a tentar<br />

coisas novas. Minhas atividades<br />

extracurriculares incluíam natação,<br />

balé, tênis em cadeira de<br />

rodas, teatro e canto. Em muitas<br />

dessas situações, eu era a única<br />

criança <strong>com</strong> deficiência. Curiosamente,<br />

sempre considerei esses<br />

grupos mais inclusivos do que<br />

a escola, em termos de quanto<br />

eu podia participar e contribuir.<br />

Sentia-me desejada, e as pessoas<br />

encontravam meios criativos para<br />

que eu me envolvesse. Mesmo<br />

assim, havia muitas coisas que<br />

eram difíceis para mim, por causa<br />

da minha mobilidade limitada.<br />

Às vezes eu ficava brava por não<br />

conseguir fazer as coisas tão bem<br />

quanto as outras crianças. E à<br />

medida que ficava mais velha e<br />

mais consciente, evitava expor-<br />

-me a situações em que minhas<br />

dificuldades ficavam evidentes.<br />

Na adolescência, muitas de<br />

minhas amigas tiveram fases de<br />

ser “góticas” ou de fazer parte<br />

de tribos, o que envolvia vestir-<br />

-se ou <strong>com</strong>portar-se de modo<br />

a chamar atenção. Enquanto<br />

faziam de tudo para aparecer e<br />

4<br />

situação mundial da infância 2013: Crianças <strong>com</strong> Deficiência

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