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cAPÍTULO 2<br />
Fundamentos<br />
da inclusão<br />
A adoção de uma abordagem baseada no respeito aos<br />
direitos, às aspirações e ao potencial de todas as crianças<br />
pode reduzir a vulnerabilidade de crianças <strong>com</strong> deficiência à<br />
discriminação, à exclusão e a abusos.<br />
A Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC)<br />
e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas <strong>com</strong><br />
Deficiência (CDPD) questionam a abordagem assistencialista<br />
que considera crianças <strong>com</strong> deficiência<br />
<strong>com</strong>o alvos passivos de cuidados e de proteção.<br />
Ao invés, as convenções pedem o reconhecimento<br />
de todas as crianças <strong>com</strong>o membros plenos de<br />
suas famílias, <strong>com</strong>unidades e sociedades. Nessa<br />
abordagem, o foco não está na ideia tradicional de<br />
“salvar” a criança, mas sim em investimentos na<br />
remoção de barreiras físicas, culturais, econômicas,<br />
atitudinais, de <strong>com</strong>unicação e de mobilidade<br />
que impedem a realização dos direitos da criança<br />
– inclusive o direito a um envolvimento ativo na<br />
tomada de decisões que afetam sua vida cotidiana.<br />
Afirma-se frequentemente que o mundo muda<br />
quando você muda. Subestimar as capacidades de<br />
pessoas <strong>com</strong> deficiência é um enorme obstáculo à<br />
sua inclusão. Esse obstáculo não existe apenas na<br />
sociedade em geral, mas também na mente de profissionais,<br />
políticos e outros tomadores de decisões.<br />
Pode existir também nas famílias, entre os pares e<br />
nas próprias pessoas que têm alguma deficiência,<br />
principalmente quando lhes faltam evidências de<br />
que são valorizadas e apoiadas em seu processo<br />
de desenvolvimento. Atitudes negativas ou desinformadas,<br />
das quais decorrem privações tais <strong>com</strong>o<br />
falta de a<strong>com</strong>odação adequada para crianças <strong>com</strong><br />
deficiência, ainda estão entre os maiores obstáculos<br />
à obtenção de igualdade de oportunidades.<br />
Como resultado de percepções sociais negativas,<br />
crianças <strong>com</strong> deficiência podem ter poucos amigos<br />
e ser marginalizadas ou sistematicamente provo-<br />
cadas, podem ser tratadas <strong>com</strong>o pessoas que não<br />
fazem parte de sua <strong>com</strong>unidade, e suas famílias<br />
podem ser submetidas a situações mais estressantes.<br />
Estudos anteriores sobre o tratamento<br />
dado por outras crianças verificaram que, mesmo<br />
no nível da pré-escola, crianças <strong>com</strong> deficiência<br />
podem ser ignoradas <strong>com</strong>o amigas ou parceiras de<br />
brincadeira, por vezes porque as outras crianças<br />
acreditam que não estão interessadas ou não são<br />
capazes de brincar e interagir. 4 Um levantamento<br />
<strong>com</strong> famílias de crianças <strong>com</strong> deficiência realizado<br />
no Reino Unido constatou que 70% delas consideravam<br />
que a <strong>com</strong>preensão e a aceitação da<br />
deficiência em sua <strong>com</strong>unidade eram limitadas ou<br />
insatisfatórias, e quase 50% dessas crianças tinham<br />
dificuldades de acesso a serviços de cuidados<br />
infantis. 5 Segundo um estudo de 2007, realizado<br />
no Reino Unido <strong>com</strong> crianças <strong>com</strong> necessidades<br />
educacionais especiais, 55% afirmaram que tinham<br />
sido tratadas de maneira injusta devido à sua deficiência.<br />
6 Um estudo em Madagascar verificou que<br />
era <strong>com</strong>um o desconhecimento sobre deficiências<br />
entre pais e mães – e que, mesmo entre presidentes<br />
de associações de pais, 48% acreditavam, equivocadamente,<br />
que a deficiência é contagiosa. 7 Um<br />
estudo realizado em 2009 na cidade de Da Nang,<br />
no Vietnã, relata que, embora a <strong>com</strong>unidade de<br />
modo geral adotasse atitudes de tolerância em<br />
relação a crianças <strong>com</strong> deficiência e a suas famílias,<br />
persistiam casos de discriminação e estigmatização.<br />
A presença de crianças <strong>com</strong> deficiência em<br />
público, por exemplo, em feriados <strong>com</strong>o Tet, que<br />
marca o início do ano novo lunar, era considerada<br />
mau augúrio. 8<br />
FUNDAMENTOS DA INCLUSÃO 11