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do em muitos países mostrou que cada episódio de<br />
diarreia nos dois primeiros anos de vida contribui<br />
para o retardo de crescimento, 41 que afeta cerca de<br />
28% das crianças menores de 5 anos de idade em<br />
países de média e baixa renda. 42 As consequências<br />
do retardo de crescimento, <strong>com</strong>o fraco desempenho<br />
cognitivo e educacional, têm início quando a<br />
criança ainda é muito pequena, mas vai afetá-la<br />
pelo resto da vida. No entanto, esforços baseados<br />
na <strong>com</strong>unidade, visando aprimorar práticas de saúde<br />
básica, vêm conseguindo reduzir o retardo de<br />
crescimento em crianças pequenas. 43<br />
A desnutrição das mães pode levar a inúmeras<br />
deficiências infantis evitáveis. Em países de média<br />
e baixa renda, aproximadamente 42% das gestantes<br />
são anêmicas; e nesses países, mais de 50%<br />
das gestantes sofrem de anemia por deficiência de<br />
ferro. 44 Nos países em desenvolvimento, a anemia<br />
afeta também mais de 50% das crianças em idade<br />
pré-escolar. É uma das causas de deficiência mais<br />
prevalentes no mundo – e, portanto, um grave problema<br />
de saúde pública mundial. 45 A desnutrição<br />
de mães lactantes também pode contribuir para a<br />
saúde precária do bebê, 46 aumentando os riscos<br />
de doenças que podem causar deficiência. Mães<br />
saudáveis podem reduzir a incidência de algumas<br />
deficiências e estão mais preparadas para atender<br />
às necessidades de seus filhos.<br />
Embora possa ser uma causa da deficiência, a desnutrição<br />
pode ser também uma consequência. De<br />
fato, a criança <strong>com</strong> deficiência corre risco mais alto<br />
de desnutrição. Por exemplo, um bebê <strong>com</strong> fissura<br />
labiopalatal talvez não consiga mamar ou ingerir<br />
alimentos adequadamente. A criança <strong>com</strong> paralisia<br />
cerebral pode ter dificuldades para mastigar ou<br />
engolir. 47 Determinadas condições, <strong>com</strong>o fibrose<br />
cística, podem prejudicar a absorção de nutrientes.<br />
Alguns bebês e crianças <strong>com</strong> deficiência talvez precisem<br />
de dietas específicas ou aumento na ingestão<br />
de calorias para manter um peso saúdável. 48 No<br />
entanto, talvez não sejam visíveis para triagens e iniciativas<br />
alimentares realizadas pela <strong>com</strong>unidade. A<br />
criança <strong>com</strong> deficiência que não frequenta a escola<br />
fica privada de programas escolares de alimentação.<br />
Uma <strong>com</strong>binação de fatores físicos e atitudes pode<br />
afetar a nutrição infantil de forma adversa. Em<br />
algumas sociedades, as mães talvez não sejam estimuladas<br />
a amamentar uma criança <strong>com</strong> deficiência.<br />
Estigma e discriminação podem levar a criança<br />
<strong>com</strong> deficiência a receber quantidades menores de<br />
alimentos, a não receber alimentos ou a receber<br />
menos alimentos nutritivos do que seus irmãos sem<br />
deficiência. 49 A criança <strong>com</strong> algum tipo de deficiência<br />
física ou intelectual pode também ter dificuldade<br />
para alimentar-se, ou precisar de mais tempo ou de<br />
ajuda para <strong>com</strong>er. É provável que, em alguns casos,<br />
o que se supõe que sejam condições precárias de<br />
saúde associadas à deficiência e ao marasmo pode<br />
de fato ser um problema de alimentação. 50<br />
Água, saneamento e higiene<br />
É amplamente reconhecido, mas pouco documentado,<br />
o fato de que, em todo o mundo em desenvolvimento,<br />
pessoas <strong>com</strong> deficiência enfrentam uma<br />
rotina de dificuldades específicas para ter acesso<br />
a água potável e saneamento básico. Uma criança<br />
<strong>com</strong> limitações físicas talvez não seja capaz de coletar<br />
água ou carregá-la por longos trajetos; outra talvez<br />
não alcance muretas de poços e torneiras. Ferragens<br />
e portas de banheiros podem ser difíceis de<br />
manipular e pode não haver um lugar para apoiar o<br />
balde de água durante o enchimento, ou talvez não<br />
haja onde segurar-se para manter o equilíbrio e não<br />
cair em um poço, um tanque ou um vaso sanitário.<br />
Caminhos longos ou escorregadios e iluminação<br />
insuficiente também limitam o uso de latrinas por<br />
crianças <strong>com</strong> deficiência.<br />
As barreiras para pessoas <strong>com</strong> deficiência ultrapassam<br />
questões físicas e de projeto. Barreiras<br />
sociais variam conforme a cultura. Com frequência,<br />
a criança <strong>com</strong> deficiência enfrenta estigma e<br />
discriminação ao utilizar instalações domésticas e<br />
públicas. Frequentemente, são relatados temores<br />
totalmente infundados de que crianças <strong>com</strong> deficiência<br />
possam contaminar fontes de água ou latrinas<br />
de solo. Quando crianças e adolescentes <strong>com</strong><br />
deficiência – principalmente meninas – são forçados<br />
a utilizar instalações diferentes daquelas utilizadas<br />
por outros membros da família, ou são <strong>com</strong>pelidos<br />
a usá-las em momentos diferentes, estão sujeitos<br />
a riscos de acidentes e ataques físicos, inclusive<br />
estupro. Nesses ambientes, os problemas que impedem<br />
que a criança <strong>com</strong> deficiência tenha acesso a<br />
água e saneamento podem variar dependendo do<br />
contexto cultural e geográfico, assim <strong>com</strong>o do tipo<br />
de deficiência: uma criança <strong>com</strong> limitações físicas<br />
enfrenta dificuldades significativas ao utilizar uma<br />
UMA BASE SÓLIDA 25