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World_of_Metal__Outubro_2017

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lack metal. No vosso caso,<br />

como funciona? O Igniferum<br />

trata de todas as composições<br />

e depois Slade Von Kaos trata<br />

das letras ou ambos têm igual<br />

impacto no processo de escrita?<br />

Igniferum – Basicamente é<br />

isso, eu trato da composição e o<br />

Kaos das letras, e cada um revê<br />

e critica o trabalho do outro.<br />

Para o "Awakening the Impvre"<br />

começámos por decidir o tema do<br />

álbum e como é que este deveria<br />

ser abordado musicalmente,<br />

em quantas músicas deveria ser<br />

dividido, e como elas deveriam<br />

fluir entre si ao longo de toda<br />

a duração do álbum. Tomadas<br />

as decisões gerais, passei à<br />

composição das músicas. Ao<br />

terminar as músicas, apresenteias<br />

ao Kaos para ele criticar e fui<br />

fazendo as alterações necessárias<br />

até estarem "aprovadas". À<br />

medida que as músicas foram<br />

sendo terminadas, começou ele<br />

a escrever as letras, as quais<br />

também critiquei ou "aprovei".<br />

O "formato duo" provavelmente<br />

ganha tais adeptos porque permite<br />

que o trabalho de composição e<br />

de estúdio corra com muito mais<br />

fluidez e perfeição, ao contrario<br />

de bandas com mais membros,<br />

onde quase que inevitavelmente<br />

surgem mais dificuldades e<br />

problemas de comunicação<br />

e organização, o que resulta<br />

ou no atraso ou até mesmo na<br />

impossiblidade de terminar um<br />

projecto.<br />

Que tipo de inspiração mais<br />

próxima têm os Mandragora<br />

Malevola? E é mais nacional<br />

ou internacional?<br />

Kaos – Pessoalmente não<br />

sigo de perto o movimento<br />

nacional. Conheço os principais<br />

representantes do género em<br />

Portugal, até porque não são<br />

muitos, mas não nos identifico<br />

com eles. É no panorama<br />

internacional, Escandinavo<br />

e Polaco, que Mandragora<br />

Malevola mais se identifica mas<br />

tentamos não nos comprometer<br />

ou nos limitar a seja o que for em<br />

termos de influencias. O nosso<br />

objectivo, aliás como penso<br />

de qualquer banda, é ter uma<br />

sonoridade própria e honesta.<br />

Ponderam dar concertos ao<br />

vivo e em ampliar a formação<br />

para o efeito?<br />

Igniferum – Temos a<br />

possibilidade de tocar ao vivo<br />

em aberto, mas se trabalhar a<br />

dois tem um defeito é mesmo<br />

esse: duas pessoas não fazem o<br />

trabalho de cinco em cima de<br />

um palco. Não só não temos de<br />

momento músicos suficiente<br />

disponiveis e interessados para<br />

trabalhar connosco, como a<br />

nossa própria disponibilidade<br />

não permite tocar ao vivo.<br />

Cada vez são menos os<br />

concertos em Portugal com<br />

bandas nacionais de Black<br />

<strong>Metal</strong>. Aparentemente<br />

existe hoje uma preferência<br />

pela mesma formula já<br />

repetida do Thrash/Death/<br />

Core.<br />

Em relação à cena de black<br />

metal nacional, como é a<br />

vossa visão da mesma? Desde<br />

concertos até às bandas em si.<br />

Kaos – Como já tinha respondido<br />

anteriormente, actualmente não<br />

sigo a cena nacional de perto.<br />

Segui nos anos 90 e princípios<br />

de 2000, mas depois deixei<br />

de ter interesse, até porque o<br />

movimento morreu um pouco.<br />

Existem boas bandas em Portugal<br />

que são as que sobreviveram<br />

desde essa altura mas no que diz<br />

respeito a sangue novo estou um<br />

pouco desactualizado. Também<br />

reparo que cada vez são menos<br />

os concertos em Portugal com<br />

bandas nacionais de Black <strong>Metal</strong>.<br />

Aparentemente existe hoje uma<br />

preferência pela mesma formula<br />

já repetida do Thrash/Death/Core.<br />

É isso que observo em Portugal,<br />

o cenário é igual de norte a sul<br />

do país, sempre com as mesmas<br />

bandas e praticamente sempre o<br />

mesmo género musical. O Black<br />

<strong>Metal</strong> está vivo em Portugal e<br />

existe público, simplesmente não<br />

se vê! E se calhar é assim mesmo<br />

que deve de ser, estar restringido<br />

a um Underground dentro do<br />

próprio Underground.<br />

Segundo a vossa página do<br />

facebook, onde se pode ler e<br />

passo a citar “Mandragora<br />

Malevola é um manifesto de<br />

liberdade moral, o caminho<br />

esquerdo da independência<br />

espiritual, o local onde o<br />

Homem se ergue no Centro<br />

do Universo. Mandragora<br />

Malevola não tem o propósito<br />

de descarregar energias ou<br />

exorcizar demónios, mas sim<br />

conhece-los e aceitá-los como<br />

parte essencial da natureza<br />

Humana.” Mais do que apenas<br />

black metal, do que a soma<br />

de letras e riffs, a essência<br />

dos Mandragora Malevola é<br />

fundamentalmente filosófica,<br />

não? Essa é uma componente<br />

que falta no black metal hoje<br />

em dia?<br />

Kaos – Para mim o Black <strong>Metal</strong><br />

passa por ser mais filos<strong>of</strong>ia do<br />

que propriamente a música. O<br />

que tentamos com Mandragora<br />

Malevola não é transmitir um<br />

Satanismo Medieval de adoração<br />

ao Demónio, até porque isso para<br />

mim não faz qualquer sentido e<br />

me é extremamente contraditório<br />

em muitos sentidos. O que<br />

tentamos é mostrar um estado<br />

de revolta a qualquer sistema<br />

mandatário que nos impeça de<br />

pensar ou agir como realmente<br />

temos necessidade de o fazer,<br />

e obviamente o nosso alvo é a<br />

religião que nos tornou escravos<br />

e nos limitou o pensamento ao<br />

longo dos séculos com ideais<br />

que não fazem rigorosamente<br />

sentido nenhum, especialmente<br />

nos dias de hoje. Para mim é<br />

esta a essência na mensagem do<br />

Black <strong>Metal</strong>, seres o teu próprio<br />

Deus e seguires as tuas próprias<br />

ideias. Obviamente a música<br />

é um factor importante mas<br />

podemos encontrar os mesmos<br />

blastbeats, guitarras rasgadas,<br />

teclados ou gritos em outros<br />

géneros musicais no metal, mas<br />

a filos<strong>of</strong>ia do Black <strong>Metal</strong> é<br />

única! É isso que, para mim, faz<br />

o Black <strong>Metal</strong> ser tão genuíno e<br />

magnífico!<br />

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