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lack metal. No vosso caso,<br />
como funciona? O Igniferum<br />
trata de todas as composições<br />
e depois Slade Von Kaos trata<br />
das letras ou ambos têm igual<br />
impacto no processo de escrita?<br />
Igniferum – Basicamente é<br />
isso, eu trato da composição e o<br />
Kaos das letras, e cada um revê<br />
e critica o trabalho do outro.<br />
Para o "Awakening the Impvre"<br />
começámos por decidir o tema do<br />
álbum e como é que este deveria<br />
ser abordado musicalmente,<br />
em quantas músicas deveria ser<br />
dividido, e como elas deveriam<br />
fluir entre si ao longo de toda<br />
a duração do álbum. Tomadas<br />
as decisões gerais, passei à<br />
composição das músicas. Ao<br />
terminar as músicas, apresenteias<br />
ao Kaos para ele criticar e fui<br />
fazendo as alterações necessárias<br />
até estarem "aprovadas". À<br />
medida que as músicas foram<br />
sendo terminadas, começou ele<br />
a escrever as letras, as quais<br />
também critiquei ou "aprovei".<br />
O "formato duo" provavelmente<br />
ganha tais adeptos porque permite<br />
que o trabalho de composição e<br />
de estúdio corra com muito mais<br />
fluidez e perfeição, ao contrario<br />
de bandas com mais membros,<br />
onde quase que inevitavelmente<br />
surgem mais dificuldades e<br />
problemas de comunicação<br />
e organização, o que resulta<br />
ou no atraso ou até mesmo na<br />
impossiblidade de terminar um<br />
projecto.<br />
Que tipo de inspiração mais<br />
próxima têm os Mandragora<br />
Malevola? E é mais nacional<br />
ou internacional?<br />
Kaos – Pessoalmente não<br />
sigo de perto o movimento<br />
nacional. Conheço os principais<br />
representantes do género em<br />
Portugal, até porque não são<br />
muitos, mas não nos identifico<br />
com eles. É no panorama<br />
internacional, Escandinavo<br />
e Polaco, que Mandragora<br />
Malevola mais se identifica mas<br />
tentamos não nos comprometer<br />
ou nos limitar a seja o que for em<br />
termos de influencias. O nosso<br />
objectivo, aliás como penso<br />
de qualquer banda, é ter uma<br />
sonoridade própria e honesta.<br />
Ponderam dar concertos ao<br />
vivo e em ampliar a formação<br />
para o efeito?<br />
Igniferum – Temos a<br />
possibilidade de tocar ao vivo<br />
em aberto, mas se trabalhar a<br />
dois tem um defeito é mesmo<br />
esse: duas pessoas não fazem o<br />
trabalho de cinco em cima de<br />
um palco. Não só não temos de<br />
momento músicos suficiente<br />
disponiveis e interessados para<br />
trabalhar connosco, como a<br />
nossa própria disponibilidade<br />
não permite tocar ao vivo.<br />
Cada vez são menos os<br />
concertos em Portugal com<br />
bandas nacionais de Black<br />
<strong>Metal</strong>. Aparentemente<br />
existe hoje uma preferência<br />
pela mesma formula já<br />
repetida do Thrash/Death/<br />
Core.<br />
Em relação à cena de black<br />
metal nacional, como é a<br />
vossa visão da mesma? Desde<br />
concertos até às bandas em si.<br />
Kaos – Como já tinha respondido<br />
anteriormente, actualmente não<br />
sigo a cena nacional de perto.<br />
Segui nos anos 90 e princípios<br />
de 2000, mas depois deixei<br />
de ter interesse, até porque o<br />
movimento morreu um pouco.<br />
Existem boas bandas em Portugal<br />
que são as que sobreviveram<br />
desde essa altura mas no que diz<br />
respeito a sangue novo estou um<br />
pouco desactualizado. Também<br />
reparo que cada vez são menos<br />
os concertos em Portugal com<br />
bandas nacionais de Black <strong>Metal</strong>.<br />
Aparentemente existe hoje uma<br />
preferência pela mesma formula<br />
já repetida do Thrash/Death/Core.<br />
É isso que observo em Portugal,<br />
o cenário é igual de norte a sul<br />
do país, sempre com as mesmas<br />
bandas e praticamente sempre o<br />
mesmo género musical. O Black<br />
<strong>Metal</strong> está vivo em Portugal e<br />
existe público, simplesmente não<br />
se vê! E se calhar é assim mesmo<br />
que deve de ser, estar restringido<br />
a um Underground dentro do<br />
próprio Underground.<br />
Segundo a vossa página do<br />
facebook, onde se pode ler e<br />
passo a citar “Mandragora<br />
Malevola é um manifesto de<br />
liberdade moral, o caminho<br />
esquerdo da independência<br />
espiritual, o local onde o<br />
Homem se ergue no Centro<br />
do Universo. Mandragora<br />
Malevola não tem o propósito<br />
de descarregar energias ou<br />
exorcizar demónios, mas sim<br />
conhece-los e aceitá-los como<br />
parte essencial da natureza<br />
Humana.” Mais do que apenas<br />
black metal, do que a soma<br />
de letras e riffs, a essência<br />
dos Mandragora Malevola é<br />
fundamentalmente filosófica,<br />
não? Essa é uma componente<br />
que falta no black metal hoje<br />
em dia?<br />
Kaos – Para mim o Black <strong>Metal</strong><br />
passa por ser mais filos<strong>of</strong>ia do<br />
que propriamente a música. O<br />
que tentamos com Mandragora<br />
Malevola não é transmitir um<br />
Satanismo Medieval de adoração<br />
ao Demónio, até porque isso para<br />
mim não faz qualquer sentido e<br />
me é extremamente contraditório<br />
em muitos sentidos. O que<br />
tentamos é mostrar um estado<br />
de revolta a qualquer sistema<br />
mandatário que nos impeça de<br />
pensar ou agir como realmente<br />
temos necessidade de o fazer,<br />
e obviamente o nosso alvo é a<br />
religião que nos tornou escravos<br />
e nos limitou o pensamento ao<br />
longo dos séculos com ideais<br />
que não fazem rigorosamente<br />
sentido nenhum, especialmente<br />
nos dias de hoje. Para mim é<br />
esta a essência na mensagem do<br />
Black <strong>Metal</strong>, seres o teu próprio<br />
Deus e seguires as tuas próprias<br />
ideias. Obviamente a música<br />
é um factor importante mas<br />
podemos encontrar os mesmos<br />
blastbeats, guitarras rasgadas,<br />
teclados ou gritos em outros<br />
géneros musicais no metal, mas<br />
a filos<strong>of</strong>ia do Black <strong>Metal</strong> é<br />
única! É isso que, para mim, faz<br />
o Black <strong>Metal</strong> ser tão genuíno e<br />
magnífico!<br />
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