31.10.2017 Views

World_of_Metal__Outubro_2017

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o resultado final. Aconteceu<br />

muita coisa entretanto e,<br />

modéstia à parte, constatamos<br />

que esse álbum colocou-nos<br />

no mapa deste género musical<br />

no underground internacional e<br />

deixou uma marca no Hard Rock<br />

nacional. A excassez de bandas<br />

portuguesas assumidamente<br />

deste género também ajuda, é<br />

um facto.<br />

Acham que tudo isso elevou<br />

ainda mais a fasquia para os<br />

objetivos da banda?<br />

Sem dúvida, mas penso que<br />

respondemos bem a isso. O<br />

novo disco “Neon Gods” está<br />

aí e, mais do que o que nós<br />

achamos, importa as pessoas<br />

ouvirem e darem a sua sentença<br />

quanto a essa fasquia. Apesar da<br />

edição em digipack, facilitámos<br />

a audição disponibilizando as<br />

músicas todas nas plataformas<br />

digitais, à medida de cada um...<br />

Olhando para o passado, anos<br />

80....acham que seria mais<br />

fácil vingar nessa altura?<br />

Porquê?<br />

Em Portugal teria sido<br />

bastante difícil, mas teríamos<br />

mais hipóteses, dada a maior<br />

popularidade deste género<br />

na época e a maior abertura<br />

de grandes editoras para<br />

lançamentos de rock. Nos<br />

E.U.A., as hipóteses seriam<br />

outras, mas também é verdade<br />

que havia uma competitividade<br />

extrema. Para cada banda<br />

que rompia, 999 falhavam na<br />

sombra. Mas tudo estava em<br />

aberto, tudo podia acontecer. E<br />

ao menos estaríamos a viver o<br />

sonho, a acreditar que iria durar<br />

para sempre e sem fazer ideia<br />

de que iria aparecer uma nuvem<br />

negra chamada grunge! Sem<br />

dúvida que trocava.<br />

Diferenças para o que se vê<br />

atualmente?<br />

Incomparável. Só podemos falar<br />

do conhecimento “histórico”<br />

que temos, porque nos anos 80<br />

nenhum de nós tocava ainda em<br />

bandas. Falando de Portugal,<br />

agora existem melhores<br />

condições para haver uma<br />

gravação decente e para uma<br />

banda ter uma “carreira” mais<br />

sólida. A nível global, tenho<br />

obivamente de mencionar a<br />

música na era digital como um<br />

pau de dois bicos: por um lado,<br />

permite um acesso mais livre para<br />

uma divulgação sem barreiras<br />

do ponto de vista das bandas e a<br />

um poço sem fundo para quem<br />

quer conhecer mais música,<br />

seja ela recente ou antiga. Por<br />

outro, banaliza e desvaloriza o<br />

produto musical. Ninguém quer<br />

saber dos músicos que gravaram<br />

e lançaram algo com esforço<br />

e baseado nas suas poupanças<br />

pessoais, é como se até a autoria<br />

da música tivese passado a ser<br />

uma ideia descabida ou virtual.<br />

Além de que a facilidade de<br />

acesso conduziu a uma <strong>of</strong>erta<br />

extremamente saturada.<br />

Quais as maiores dificuldades<br />

com que uma banda se depara<br />

de hoje em dia, pois são poucos<br />

os artistas nacionais que<br />

conseguem, vá lá sobreviver,<br />

só da música?<br />

Talvez comece na falta de<br />

abertura dos principais meios<br />

de divulgação para sair do<br />

círculo restrito dos lobbies/<br />

grupos económicos/editoras/<br />

promotores que insistem em<br />

promover os mesmos de sempre,<br />

em preferir manter a postura de<br />

carneirinho que ouve o que lhe<br />

impingem e promove o que lhe<br />

mandam promover. E porque o<br />

fazem? Para tentarem provar-se<br />

relevantes, desesperadamente<br />

jovens ou simpelsmente para<br />

garantirem a continuidade<br />

desses círuclos de interesses.<br />

Sem divulgação nos maiores<br />

canais, as bandas que fogem<br />

ao “mais do mesmo” ou que<br />

não estão inseridos nessas<br />

correntes de favores estão<br />

de certa forma confinadas ao<br />

underground. Falando do lado<br />

financeiro, é uma conversa já<br />

um pouco gasta mas penso que<br />

existe uma relação directa entre<br />

a ausência de incentivos e o<br />

desconhecimento generalizado<br />

no exterior sobre música<br />

portuguesa, exceptuando o<br />

fado. Em muitas das críticas<br />

que lemos ao nosso trabalho,<br />

temos de levar com a cassete do<br />

“Portugal é conhecido pelo seu<br />

sol e praias mas não por uma<br />

tradição de bandas de rock ou<br />

metal”...<br />

Lembro neste seguimento dos<br />

Moonspell, com toda a certeza<br />

o nome mais consagrado<br />

mundialmente da cena metal<br />

nacional. Sons diferentes, mas<br />

ambições iguais, é assim com<br />

os Affaire?<br />

Os Moonspell tiveram a sorte<br />

de surgir no timing certo – o<br />

boom do gothic metal nos 90s<br />

- mas também tiveram mérito<br />

no trabalho consistente que<br />

os mantem no topo da cena<br />

nacional há mais de 20 anos.<br />

Mas há bandas portuguesas com<br />

as quais me identifico mais e que<br />

mereciam mais algum tempo<br />

de antena. A cena nacional<br />

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