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<strong>Metal</strong> Missionaries - The Documentary<br />
Brutally Delicious Productions<br />
É sempre bom termos documentários sobre metal.<br />
Não só para espalhar a mensagem para aqueles<br />
que não sejam propriamente receptivos ao estilo de<br />
música mas, principalmente, para educar um pouco<br />
mais aqueles que gostam e amam metal. A premissa<br />
deste "<strong>Metal</strong> Missionaires" é promissora. A questão<br />
do cristianismo no metal. Polémico à partida - afinal<br />
o cristianismo é o bombo da festa <strong>of</strong>icial do metal,<br />
principalmente extremo - embarcamos nesta viagem<br />
com bastante curiosidade.<br />
Realizado por Bruce Moore e produzido pela Brutally<br />
Delicious Productionsk, "<strong>Metal</strong> Missionaries" é um<br />
interessante documentário mas que acaba por soar a<br />
pouco. E por ser uma realidade muito local. Não é<br />
que não existam bandas cristãs no resto do mundo que<br />
toquem metal - devem existir de certeza. A questão é<br />
que não há propriamente uma cena de metal cristão<br />
fora dos E.U.A. e, talvez, Canadá. Na América do<br />
Norte existem tops específicos e existe uma cena<br />
de rock cristão bastante forte. No entanto é algo<br />
incompreensível para o resto do mundo. Afinal, rock<br />
é rock. <strong>Metal</strong> é metal. Independentemente da cor, raça<br />
ou credo. Longe vão os tempos da separação entre<br />
o death metal e black metal (das ameaças de morte<br />
aos Deicide quando tocaram na Noruega e das cartas<br />
enviadas a Christ<strong>of</strong>er Johnsson dos Therion), pelo que<br />
esta é uma realidade que não nos faz muito sentido.<br />
Podemos dizer que "<strong>Metal</strong> Missionaries" está dividido<br />
em duas partes. Na primeira temos um desfilar de<br />
testemunhos acerca da questão da religião (cristã) e<br />
das suas próprias experiências onde se destacam Vorph<br />
dos Samael (que afirma que independentemente da<br />
ideologia, é a música que fala sempre mais alto) e Ben<br />
Falgoust dos Goatwhore (que diz algo semelhante e<br />
que desde que a música seja boa, de que se justifique<br />
a mensagem e que faça sentido, tudo é válido) - que<br />
basicamente é a forma como nós também vemos a<br />
80<br />
música. Na segunda parte, que é a que ocupa mais<br />
espaço, temos uma série de bandas cristãs que contam<br />
as suas dificuldades e em grande parte são todas de<br />
alguma forma ostracizadas. E é neste ponto que a<br />
coisa se perde um pouco na nossa opinião.<br />
Por alguns momentos parece que estamos a ser<br />
evangelizados, pela forma como se tem algumas<br />
passagens da bíblia ou pela forma apaixonada como<br />
expressam as suas próprias crenças. Este factor faz<br />
com que o entusiasmo vá diminuindo conforme o<br />
documentário se vai desenrolando. Outra questão<br />
menos conseguida é a repetição de algumas imagens<br />
no início que parece que estamos a ver um clip de<br />
publicidade genérico (neste caso sobre metal).<br />
Mesmo sabendo a pouco e sentido que poderia ter sido<br />
muito mais apr<strong>of</strong>undado, conseguimos tirar algumas<br />
conclusões acerca deste "<strong>Metal</strong> Missionaries".<br />
Primeiro, nos E.U.A., nem as bandas cristãs se livram<br />
de serem ostracizadas. Depois, a música deverá ser<br />
sentida sobretudo. Independentemente das letras, do<br />
credo. E é o que estas bandas fazem. É o que qualquer<br />
banda deve fazer. Parece uma conclusão óbvia, não é?<br />
Foi neste ponto em que se perdeu uma oportunidade<br />
de apresentar algo diferente. Temos o testemunho de<br />
bandas em que vivem mesmo aquilo que acreditam,<br />
em como a sua mensagem foi importante para alguns<br />
fãs mas a pergunta primordial se o cristianismo e<br />
metal combinam ou não acaba por não ser totalmente<br />
esclarecedora. Ficamos com uma percepção de como<br />
as bandas entrevistadas "s<strong>of</strong>rem" devido às suas<br />
crenças mas faltou o confronto com outros pontos de<br />
vista seculares, como os focados no início.<br />
Apesar de não ser aquilo que se esperava e de ser<br />
algo superficial, não deixa de ser um documentário<br />
interessante.