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CENTURIES OF DECAY<br />
“Centuries Of Decay”<br />
Edição de Autor<br />
O Canadá continua a<br />
trazer-nos boas bandas,<br />
desta feita no pós-metal<br />
embebido de death metal<br />
- ou será o inverso?.<br />
Os Centuries Of Decay<br />
lançam o seu álbum de<br />
estreia e deixam uma<br />
boa impressão com<br />
o mesmo. Temos um<br />
poder que apenas podemos encontrar paralelo<br />
com os nossos Process Of Guilt, embora aqui<br />
não tenha tanto foco no peso do groove e opte<br />
por soluções mais próximas da violência sónica<br />
do death metal. Mas será redutor qualquer tipo<br />
de rótulo e quando assim é, é porque temos<br />
músicas que nos deixam marcas pr<strong>of</strong>undas.<br />
Abordagem única e bem interessante, onde<br />
a influência hardcore (metal, death, pós) se<br />
une a elementos progressivos e até a tiques<br />
tradicionais do metal fazem com que este álbum<br />
seja obrigatório conhecer por todos aqueles que<br />
temem pela continuidade da boa música extrema.<br />
Have no fear, Centuries Of Decay are here!<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
COMEBACK KID<br />
“Outsider”<br />
Nuclear Blast<br />
Ainda me recordo da<br />
primeira vez que ouvi<br />
Comeback Kids, num<br />
EP editado por volta<br />
do início do milénio.<br />
Era a face de uma cena<br />
hardcore latente e cada<br />
vez mais evidente. Acabei<br />
por não acompanhar a<br />
carreira deles mas ei-los<br />
que surgem novamente à minha frente, desta feita<br />
quando editam este seu sexto trabalho de estúdio<br />
"Outsider". Daquilo que nos lembramos, permanece<br />
igual. Poderá ser um mau início de análise, afinal já<br />
passaram mais de quinze anos, mas não preocupai.<br />
Não se trata de dizer que a banda não evoluiu<br />
ou mudou. Apenas a sua essência permanece<br />
inalterada, o que, pessoalmente, é extremamente<br />
positivo. No seu som, temos uma produção<br />
poderosa que só faz com que as dinâmicas ora<br />
hardcore, ora mais punk ora metal ainda surjam<br />
com mais força. É um regresso em grande que<br />
para muitos será uma introdução. Complete-se<br />
apenas que é uma introdução que fará a pena já<br />
que a paixão pelo hardcore poderá nascer de<br />
álbuns assim.<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
CREMATORY<br />
“Live Insurrection”<br />
Steamhammer<br />
Os Crematory são A<br />
banda de metal gótico<br />
alemã. Não há nenhuma<br />
que tenha uma história<br />
tão ilustre e mais antiga.<br />
Podemos discordar da<br />
relevância de alguns dos<br />
seus trabalhos mas o seu<br />
valor não poderá estar<br />
em disputa. Mesmo<br />
quando os álbuns ao vivo já não têm grande<br />
impacto comercialmente não deixa de ser a melhor<br />
forma de comemorar a carreira, principalmente<br />
quando acompanhado da componente visual - a<br />
qual não tivemos acesso. Temos um alinhamento<br />
com um foco no último álbum de originais mas<br />
ao qual não escapam também outros momentos<br />
fortes da sua discografia, como a "Fly" e a<br />
inevitável "Tears Of Time", que é brindada com um<br />
belo solo de guitarra. É um excelente prémio para<br />
os fãs e também uma forma de se introduzir ao<br />
seu som, mesmo que por vezes nos pareça tudo<br />
um pouco certinho demais (exceptuando pelo tal<br />
solo de guitarra), mas esse já é um mal geral e não<br />
exclusivo aos Crematory.<br />
[7.7/10] Fernando Ferreira<br />
CIRCUS MAXIMUS<br />
“Havoc In Oslo”<br />
Frontiers Records<br />
Os noruegueses<br />
Circus Maximus não<br />
são exactamente<br />
pr<strong>of</strong>ícuos, afinal têm<br />
quase duas décadas<br />
de existência e apenas<br />
quatro álbuns editados,<br />
sendo que o último é<br />
"Havoc", precisamente<br />
o trabalho onde a<br />
banda se apoiou para este trabalho ao vivo,<br />
com seis escolhas, não negliciando também o<br />
resto de catálogo, embora tenha sido o terceiro<br />
álbum,"Nine", o outro maior beneficiado. Não<br />
podemos dizer que tenhamos grande diferença<br />
nestas representações em relação aos temas<br />
de estúdio, mas sem dúvida que se sente toda<br />
a energia da banda a tocar ao vivo - isso hoje<br />
em dia é algo assinalável. <strong>Metal</strong> progressivo<br />
perfeito mas com alma e poder, numa banda<br />
que apesar de não conquistar propriamente as<br />
atenções generalizadas dos fãs do género, tem<br />
sem dúvida valor. Esta é mais uma prova.<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
CRADLE OF FILTH<br />
“Cryptoriana - The Seductiveness <strong>of</strong> Decay”<br />
Nuclear Blast<br />
Fazer uma review de um<br />
álbum de Cradle Of Filth<br />
é uma missão delicada.<br />
É uma banda cujo<br />
universo se marca pela<br />
falta de consensos, seja<br />
pelo seu controverso<br />
historial de saídas e<br />
entradas de membros,<br />
ou pelo fosso enorme<br />
entre aqueles que a dispensam como um acto<br />
de circo e aqueles que a respeitam por aquilo<br />
que é: uma banda de <strong>Metal</strong> cujo auspicioso<br />
início de carreira a condenou a ter de conviver<br />
com a sombra de um passado repleto de<br />
autênticos clássicos do <strong>Metal</strong> extremo. Tentar<br />
suplantar trabalhos como VEmpire, Dusk and<br />
Her Embrace e Cruelty and the Beast é tarefa<br />
ingrata, para não dizer impossível - essa foi e<br />
será sempre a grande cruz dos Cradle Of Filth.<br />
Eis que, depois de um marasmo que teve o seu<br />
ponto baixo talvez com o álbum Thornography,<br />
os britânicos dão mais um passo certo em<br />
direcção ao patamar de excelência que já foi,<br />
outrora, deles.<br />
O que dizer então sobre a música em si? Muito<br />
resumidamente, podemos afirmar que este<br />
álbum é, na sua essência, uma continuação<br />
do seu antecessor, mas melhorado em quase<br />
todos os aspectos possíveis. Ademais, o<br />
que é bastante e agradavelmente notório é<br />
a capacidade demonstrada em ir beber às<br />
velhas malhas memoráveis muitas daquelas<br />
nuances que tanta fama deu aos velhos Cradle<br />
<strong>of</strong> Filth - os riffs intricados, imprevisíveis, que<br />
vão desde o mais selvaticamente brutal aos<br />
ganchos mais sonantes, aqui e ali pautados<br />
pelas harmonias á là Iron Maiden que todos,<br />
de alguma forma, apreciamos; o dom de<br />
deambular entre a brutalidade e a melodia...<br />
Aliás, se podemos afirmar que estes Cradle Of<br />
Filth têm, neste ponto no tempo e no espaço,<br />
um grande trunfo, esse é o de que são um<br />
excelente conjunto de músicos, cheios de<br />
imaginação e técnica (e claramente fãs dos<br />
primeiros álbums da banda), que no seu todo<br />
perfazem uma máquina perfeitamente oleada.<br />
Por outro lado, se podemos indicar algo que<br />
ainda os separa daquele passado glorioso, de<br />
uma forma muito específica e arriscadamente<br />
injusta, é a tendência para as orquestrações<br />
excessivamente floreadas quando estas eram,<br />
em outros tempos, aplicadas no sentido de<br />
criar uma atmosfera mais negra, sinistra,<br />
sedutoramente erótica, épica.<br />
Ainda assim, malhas como Exquisite Torments<br />
Awaits, Wester Vespertine, Death and the<br />
Maiden e You Will Know the Lion By It's Claw em<br />
nada ficam abaixo do brilhante, sendo cada uma<br />
CODE RED<br />
“Incendiary”<br />
AOR Heaven<br />
Um grande álbum de<br />
AOR!!!! Para os fans<br />
do género musical,<br />
deixo aqui um alerta<br />
vermelho, estamos<br />
perante um excelente<br />
trabalho, cheio de<br />
talento criativo!<br />
Sahara, lembram-se?<br />
Ok, se não, aqui vai,<br />
este projeto conta com a presença de Ulrick<br />
Lönnqvist, vocalista dessa mesma banda, que<br />
se limitou a um único trabalho, mas que deu<br />
cartas, se não estou em erro por volta do ano<br />
2000 ou 2001 e agora com este Incendiary<br />
deixa um rasto de fogo cheio de rock melódico<br />
puro, com performances majestosas ao longo<br />
das dez faixas que o compõem. Não sendo o<br />
meu género favorito, aprecio, contudo, toda a<br />
qualidade, num pare de músicas que me dão<br />
a ouvir e é sempre com muito entusiasmo que<br />
escrevo sobre algo tão único! Destacar uma ou<br />
outra faixa seria certamente injusto perante um<br />
trabalho tão equilibrado.<br />
[10/10] Miguel Correia<br />
CRAWL<br />
“This Sad Cadav’r”<br />
Black Bow Records<br />
Os primeiros quatro<br />
minutos e meio de<br />
I a primeira faixa de<br />
This Sad Cadav’r são<br />
preenchidos apenas<br />
por um som ambiente<br />
inquietante digno de um<br />
filme de terror, cortado<br />
ocasionalmente pelo<br />
som de passos. A<br />
partir daí segue-se cerca de mais 7 minutos<br />
de distorção e sons guturais. O som dos Crawl<br />
é sujo, arrastado e lembra caves cobertas<br />
de fungos e sangue ressequido funcionando<br />
muito bem como som ambiente para um filme<br />
de gore. Infelizmente quase não existe uma<br />
estrutura musical ou algo que se assemelhe<br />
a um riff para acompanhar este ambiente<br />
medonho construído pela banda. As restantes<br />
IIe III são quase tiradas a papel químico tendo<br />
um tempo ligeiramente mais rápido. Isto faz de<br />
This Sad Cadav’r bom para fãs do estilo noise/<br />
doom ou para quem quer ruido de fundo meio<br />
assustador, mas falha como álbum.<br />
[4/10] Filipe Ferreira<br />
delas (à excepção da primeira) uma espécie de<br />
microcosmos onde existe espaço para os mais<br />
variados momentos de dinâmica expressiva.<br />
Não de menor importância, a própria prestação<br />
de Dani, que parece não só ter aprendido a<br />
jogar com as cartas que tem, gerindo melhor<br />
os momentos em que passa de um lower pitch<br />
para o registo alto seu trademark, como parece<br />
também ter recuperado alguma daquela potência<br />
e crueza vocal de outrora, denotada em alguns<br />
momentos que se tornam verdadeiramente<br />
arrepiantes (a parte final de You Will Know the<br />
Lion By It's Claw deixará qualquer velho fã com<br />
um sorriso na cara).<br />
Em suma, vindo de uma banda como Cradle<br />
Of Filth, com o enorme, variado e controverso<br />
legado que carrega, não podemos exigir mais<br />
do que isto. Por outro lado, e dado o evidente<br />
crescendo de forma evidenciado por Dani e<br />
pela excelente equipa que reuniu à sua volta,<br />
nunca se sabe se o futuro não nos reserva um<br />
regresso definitivo e inequívoco a um trono<br />
que já lhe pertenceu. Basta esperar que a velha<br />
maldição - a da incessante saída e entrada de<br />
músicos - não venha a destruir aquilo que tem<br />
vindo a ser construído nestes últimos tempos.<br />
Com muito mérito.<br />
[8.5/10] Jaime Nôro