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World_of_Metal__Outubro_2017

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58<br />

CENTURIES OF DECAY<br />

“Centuries Of Decay”<br />

Edição de Autor<br />

O Canadá continua a<br />

trazer-nos boas bandas,<br />

desta feita no pós-metal<br />

embebido de death metal<br />

- ou será o inverso?.<br />

Os Centuries Of Decay<br />

lançam o seu álbum de<br />

estreia e deixam uma<br />

boa impressão com<br />

o mesmo. Temos um<br />

poder que apenas podemos encontrar paralelo<br />

com os nossos Process Of Guilt, embora aqui<br />

não tenha tanto foco no peso do groove e opte<br />

por soluções mais próximas da violência sónica<br />

do death metal. Mas será redutor qualquer tipo<br />

de rótulo e quando assim é, é porque temos<br />

músicas que nos deixam marcas pr<strong>of</strong>undas.<br />

Abordagem única e bem interessante, onde<br />

a influência hardcore (metal, death, pós) se<br />

une a elementos progressivos e até a tiques<br />

tradicionais do metal fazem com que este álbum<br />

seja obrigatório conhecer por todos aqueles que<br />

temem pela continuidade da boa música extrema.<br />

Have no fear, Centuries Of Decay are here!<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

COMEBACK KID<br />

“Outsider”<br />

Nuclear Blast<br />

Ainda me recordo da<br />

primeira vez que ouvi<br />

Comeback Kids, num<br />

EP editado por volta<br />

do início do milénio.<br />

Era a face de uma cena<br />

hardcore latente e cada<br />

vez mais evidente. Acabei<br />

por não acompanhar a<br />

carreira deles mas ei-los<br />

que surgem novamente à minha frente, desta feita<br />

quando editam este seu sexto trabalho de estúdio<br />

"Outsider". Daquilo que nos lembramos, permanece<br />

igual. Poderá ser um mau início de análise, afinal já<br />

passaram mais de quinze anos, mas não preocupai.<br />

Não se trata de dizer que a banda não evoluiu<br />

ou mudou. Apenas a sua essência permanece<br />

inalterada, o que, pessoalmente, é extremamente<br />

positivo. No seu som, temos uma produção<br />

poderosa que só faz com que as dinâmicas ora<br />

hardcore, ora mais punk ora metal ainda surjam<br />

com mais força. É um regresso em grande que<br />

para muitos será uma introdução. Complete-se<br />

apenas que é uma introdução que fará a pena já<br />

que a paixão pelo hardcore poderá nascer de<br />

álbuns assim.<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

CREMATORY<br />

“Live Insurrection”<br />

Steamhammer<br />

Os Crematory são A<br />

banda de metal gótico<br />

alemã. Não há nenhuma<br />

que tenha uma história<br />

tão ilustre e mais antiga.<br />

Podemos discordar da<br />

relevância de alguns dos<br />

seus trabalhos mas o seu<br />

valor não poderá estar<br />

em disputa. Mesmo<br />

quando os álbuns ao vivo já não têm grande<br />

impacto comercialmente não deixa de ser a melhor<br />

forma de comemorar a carreira, principalmente<br />

quando acompanhado da componente visual - a<br />

qual não tivemos acesso. Temos um alinhamento<br />

com um foco no último álbum de originais mas<br />

ao qual não escapam também outros momentos<br />

fortes da sua discografia, como a "Fly" e a<br />

inevitável "Tears Of Time", que é brindada com um<br />

belo solo de guitarra. É um excelente prémio para<br />

os fãs e também uma forma de se introduzir ao<br />

seu som, mesmo que por vezes nos pareça tudo<br />

um pouco certinho demais (exceptuando pelo tal<br />

solo de guitarra), mas esse já é um mal geral e não<br />

exclusivo aos Crematory.<br />

[7.7/10] Fernando Ferreira<br />

CIRCUS MAXIMUS<br />

“Havoc In Oslo”<br />

Frontiers Records<br />

Os noruegueses<br />

Circus Maximus não<br />

são exactamente<br />

pr<strong>of</strong>ícuos, afinal têm<br />

quase duas décadas<br />

de existência e apenas<br />

quatro álbuns editados,<br />

sendo que o último é<br />

"Havoc", precisamente<br />

o trabalho onde a<br />

banda se apoiou para este trabalho ao vivo,<br />

com seis escolhas, não negliciando também o<br />

resto de catálogo, embora tenha sido o terceiro<br />

álbum,"Nine", o outro maior beneficiado. Não<br />

podemos dizer que tenhamos grande diferença<br />

nestas representações em relação aos temas<br />

de estúdio, mas sem dúvida que se sente toda<br />

a energia da banda a tocar ao vivo - isso hoje<br />

em dia é algo assinalável. <strong>Metal</strong> progressivo<br />

perfeito mas com alma e poder, numa banda<br />

que apesar de não conquistar propriamente as<br />

atenções generalizadas dos fãs do género, tem<br />

sem dúvida valor. Esta é mais uma prova.<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

CRADLE OF FILTH<br />

“Cryptoriana - The Seductiveness <strong>of</strong> Decay”<br />

Nuclear Blast<br />

Fazer uma review de um<br />

álbum de Cradle Of Filth<br />

é uma missão delicada.<br />

É uma banda cujo<br />

universo se marca pela<br />

falta de consensos, seja<br />

pelo seu controverso<br />

historial de saídas e<br />

entradas de membros,<br />

ou pelo fosso enorme<br />

entre aqueles que a dispensam como um acto<br />

de circo e aqueles que a respeitam por aquilo<br />

que é: uma banda de <strong>Metal</strong> cujo auspicioso<br />

início de carreira a condenou a ter de conviver<br />

com a sombra de um passado repleto de<br />

autênticos clássicos do <strong>Metal</strong> extremo. Tentar<br />

suplantar trabalhos como VEmpire, Dusk and<br />

Her Embrace e Cruelty and the Beast é tarefa<br />

ingrata, para não dizer impossível - essa foi e<br />

será sempre a grande cruz dos Cradle Of Filth.<br />

Eis que, depois de um marasmo que teve o seu<br />

ponto baixo talvez com o álbum Thornography,<br />

os britânicos dão mais um passo certo em<br />

direcção ao patamar de excelência que já foi,<br />

outrora, deles.<br />

O que dizer então sobre a música em si? Muito<br />

resumidamente, podemos afirmar que este<br />

álbum é, na sua essência, uma continuação<br />

do seu antecessor, mas melhorado em quase<br />

todos os aspectos possíveis. Ademais, o<br />

que é bastante e agradavelmente notório é<br />

a capacidade demonstrada em ir beber às<br />

velhas malhas memoráveis muitas daquelas<br />

nuances que tanta fama deu aos velhos Cradle<br />

<strong>of</strong> Filth - os riffs intricados, imprevisíveis, que<br />

vão desde o mais selvaticamente brutal aos<br />

ganchos mais sonantes, aqui e ali pautados<br />

pelas harmonias á là Iron Maiden que todos,<br />

de alguma forma, apreciamos; o dom de<br />

deambular entre a brutalidade e a melodia...<br />

Aliás, se podemos afirmar que estes Cradle Of<br />

Filth têm, neste ponto no tempo e no espaço,<br />

um grande trunfo, esse é o de que são um<br />

excelente conjunto de músicos, cheios de<br />

imaginação e técnica (e claramente fãs dos<br />

primeiros álbums da banda), que no seu todo<br />

perfazem uma máquina perfeitamente oleada.<br />

Por outro lado, se podemos indicar algo que<br />

ainda os separa daquele passado glorioso, de<br />

uma forma muito específica e arriscadamente<br />

injusta, é a tendência para as orquestrações<br />

excessivamente floreadas quando estas eram,<br />

em outros tempos, aplicadas no sentido de<br />

criar uma atmosfera mais negra, sinistra,<br />

sedutoramente erótica, épica.<br />

Ainda assim, malhas como Exquisite Torments<br />

Awaits, Wester Vespertine, Death and the<br />

Maiden e You Will Know the Lion By It's Claw em<br />

nada ficam abaixo do brilhante, sendo cada uma<br />

CODE RED<br />

“Incendiary”<br />

AOR Heaven<br />

Um grande álbum de<br />

AOR!!!! Para os fans<br />

do género musical,<br />

deixo aqui um alerta<br />

vermelho, estamos<br />

perante um excelente<br />

trabalho, cheio de<br />

talento criativo!<br />

Sahara, lembram-se?<br />

Ok, se não, aqui vai,<br />

este projeto conta com a presença de Ulrick<br />

Lönnqvist, vocalista dessa mesma banda, que<br />

se limitou a um único trabalho, mas que deu<br />

cartas, se não estou em erro por volta do ano<br />

2000 ou 2001 e agora com este Incendiary<br />

deixa um rasto de fogo cheio de rock melódico<br />

puro, com performances majestosas ao longo<br />

das dez faixas que o compõem. Não sendo o<br />

meu género favorito, aprecio, contudo, toda a<br />

qualidade, num pare de músicas que me dão<br />

a ouvir e é sempre com muito entusiasmo que<br />

escrevo sobre algo tão único! Destacar uma ou<br />

outra faixa seria certamente injusto perante um<br />

trabalho tão equilibrado.<br />

[10/10] Miguel Correia<br />

CRAWL<br />

“This Sad Cadav’r”<br />

Black Bow Records<br />

Os primeiros quatro<br />

minutos e meio de<br />

I a primeira faixa de<br />

This Sad Cadav’r são<br />

preenchidos apenas<br />

por um som ambiente<br />

inquietante digno de um<br />

filme de terror, cortado<br />

ocasionalmente pelo<br />

som de passos. A<br />

partir daí segue-se cerca de mais 7 minutos<br />

de distorção e sons guturais. O som dos Crawl<br />

é sujo, arrastado e lembra caves cobertas<br />

de fungos e sangue ressequido funcionando<br />

muito bem como som ambiente para um filme<br />

de gore. Infelizmente quase não existe uma<br />

estrutura musical ou algo que se assemelhe<br />

a um riff para acompanhar este ambiente<br />

medonho construído pela banda. As restantes<br />

IIe III são quase tiradas a papel químico tendo<br />

um tempo ligeiramente mais rápido. Isto faz de<br />

This Sad Cadav’r bom para fãs do estilo noise/<br />

doom ou para quem quer ruido de fundo meio<br />

assustador, mas falha como álbum.<br />

[4/10] Filipe Ferreira<br />

delas (à excepção da primeira) uma espécie de<br />

microcosmos onde existe espaço para os mais<br />

variados momentos de dinâmica expressiva.<br />

Não de menor importância, a própria prestação<br />

de Dani, que parece não só ter aprendido a<br />

jogar com as cartas que tem, gerindo melhor<br />

os momentos em que passa de um lower pitch<br />

para o registo alto seu trademark, como parece<br />

também ter recuperado alguma daquela potência<br />

e crueza vocal de outrora, denotada em alguns<br />

momentos que se tornam verdadeiramente<br />

arrepiantes (a parte final de You Will Know the<br />

Lion By It's Claw deixará qualquer velho fã com<br />

um sorriso na cara).<br />

Em suma, vindo de uma banda como Cradle<br />

Of Filth, com o enorme, variado e controverso<br />

legado que carrega, não podemos exigir mais<br />

do que isto. Por outro lado, e dado o evidente<br />

crescendo de forma evidenciado por Dani e<br />

pela excelente equipa que reuniu à sua volta,<br />

nunca se sabe se o futuro não nos reserva um<br />

regresso definitivo e inequívoco a um trono<br />

que já lhe pertenceu. Basta esperar que a velha<br />

maldição - a da incessante saída e entrada de<br />

músicos - não venha a destruir aquilo que tem<br />

vindo a ser construído nestes últimos tempos.<br />

Com muito mérito.<br />

[8.5/10] Jaime Nôro

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