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com nada. Não queremos nos prender<br />
com nenhum estilo de música mas isso<br />
é algo que veio de forma natural. Não é<br />
algo que digamos ou que se imponha a<br />
nós próprios. É algo que vem de forma<br />
muito natural, é assim, é o que é. Temos<br />
alguma dificuldade em caracterizar-nos,<br />
é verdade mas de certa maneira isso para<br />
nós é bom porque não nos prendemos a<br />
estilo nenhum.<br />
Em termos de influências, também<br />
parecem ser bastantes e variadas.<br />
Se pudessem eleger bandas que vos<br />
inspirem directamente quais seriam?<br />
Kronos – Todos nós temos algumas,<br />
diferentes umas das outras. Passámos por<br />
projectos diferentes até, a nível musical.<br />
Por mim, por exemplo é Faith No More<br />
António – Tenho um espectro musical<br />
sempre muito abrangente e acho que a<br />
música deve ser vista de uma maneira<br />
abrangente e não limitada mas em<br />
relação aos Veinless, as bandas que<br />
provavelmente mais me influenciaram<br />
na voz – tento fazer uma voz que seja<br />
única em português, o que não é fácil –<br />
são os Ministry e Nine Inch Nails, são<br />
duas bandas que aprecio para além de<br />
outros espectros musicais.<br />
Roger – Pessoalmente preferia não falar<br />
em bandas. Acho que não só eu como<br />
toda a banda houve todos os estilos<br />
de música que possamos imaginar. A<br />
minha influência a nível de composição<br />
na banda se calhar tem mais a ver com<br />
o rock alternativo, um pouco de música<br />
gótica, um pouco de metal alternativo,<br />
thrash. Eu ouço de tudo um pouco e as<br />
composições vêm um bocadinho daí.<br />
Não de bandas em particular mas de<br />
estilos. Todas as músicas de todas as<br />
bandas que mexem comigo acabam por<br />
ficar cá. Mas a ter de mencionar uma<br />
banda, uma que me influencia desde<br />
pequeno, Paradise Lost.<br />
A opção de usarem tanto o português<br />
como o inglês nas vossas músicas foi<br />
uma decisão pensada ou sentida?<br />
António – As duas coisas.<br />
Kronos – Sim, as duas coisas porque já<br />
falávamos disso já há bastante tempo.<br />
António – Foram exactamente as duas<br />
coisas. Fui eu que abordei, volto a<br />
repetir. Foi sentido... é mais fácil para<br />
mim se surgir a cantar de improviso,<br />
por exemplo, alguém a tocar uma<br />
malha, o que surge é mais fácil cantar<br />
em inglês. Mas como gosto de desafios<br />
e o português para mim é uma língua<br />
em que eu me movimento com alguma<br />
facilidade através da poesia... e por outro<br />
lado, comecei a achar e haviam pessoas<br />
que diziam que devíamos apostar no<br />
português... e de facto é que no mercado<br />
dentro deste género – Veinless não tem<br />
género mas dentro de um género mais<br />
pesado e metal – há pouca gente a<br />
cantar em português e a fazer este tipo<br />
de música que fazemos e foi também<br />
apostarmos ir por aí.<br />
Roger – Obviamente que teve que<br />
ser um pouco pensado. As músicas,<br />
infelizmente não se adaptam todas. Ou<br />
seja a nível de rock, a nível de metal,<br />
o português é um bocado complicado<br />
soar bem. Felizmente o Tó tem essa<br />
facilidade e nós como músicos tivemos<br />
que nos adaptar a nível de composição.<br />
Isso é notório nas músicas cantadas em<br />
português.<br />
Kronos – E foi pensado no sentido que foi<br />
uma aposta, uma abordagem diferente.<br />
Todas as componentes<br />
das letras falam de<br />
experiências físicas,<br />
espirituais, emocionais.<br />
Falam da natureza, do<br />
mundo que nos rodeia<br />
e das experiências que<br />
vamos tendo ao longo da<br />
nossa vida.<br />
Ainda em relação às letras, as mesmas<br />
são bastante fortes e dramáticas,<br />
quase que convidam a uma<br />
componente teatral que supomos que<br />
tenha uma outra vida em cima dos<br />
palcos. Quando escrevem (ou quando<br />
escreveram estas músicas) têm em<br />
conta essa componente?<br />
António – Sim, sem dúvida. Claro<br />
que sim. Todas as componentes das<br />
letras falam de experiências físicas,<br />
espirituais, emocionais. Falam da<br />
natureza, do mundo que nos rodeia e das<br />
experiências que vamos tendo ao longo<br />
da nossa vida. Não são reduzidas a uma<br />
só coisa. É um espectro enorme de<br />
emoções tanto físicas como espirituais,<br />
como extra-espirituais, como quiserem<br />
tirar proveito disso. Como tal, muitas<br />
vezes são coisas que me são intrínsecas,<br />
mas muitas vezes são coisas que<br />
também me são partilhadas por quem as<br />
ouve. De alguma maneira sente que já<br />
viveu alguns momentos daqueles e que<br />
se identifica.<br />
Roger – Inclusive tivemos algumas<br />
situações de concertos de pessoas que<br />
vieram ter connosco de propósito por<br />
causa das letras por se identificaram<br />
com determinados temas.<br />
António – Normalmente quando<br />
escrevo, escrevo para mim mas sempre<br />
com a preocução de que alguém vá ler.<br />
Com a preocupação de partilha, de não<br />
deixar que fique na gaveta. Se escrevi<br />
tenho que partilhar.<br />
Kronos – Para finalizar a ideia, nota-se<br />
quanto quando estamos a tocar vivo.<br />
Sinto que as pessoas estão a sentir as<br />
letras e as músicas.<br />
A par disso também tiveram um vídeo<br />
a ser premiado com um segundo<br />
lugar no Festival internacional de<br />
Curtas-Metragens de <strong>2017</strong>, o que é<br />
sempre gratificante. A storyline para<br />
o video-clip partiu da banda ou da<br />
equipa que produziu o video?<br />
António – Partiu da letra. O realizador<br />
é meu amigo, eu abordei-o, o João<br />
Pina, e ele pediu-me a letra. Portanto o<br />
storyboard do “Outra Vez” é a letra. Foi<br />
através dela que o João Pina concebeu<br />
todo o principio do vídeo. O João Pina<br />
não é um realizador, é uma coisa que já<br />
não existe muito no mundo do cinema.<br />
É um cinematógrafo. É um gajo que faz<br />
tudo. Realiza, produz, filma. É a equipa<br />
de filmagem toda (risos). Um grande<br />
bem haja ao João Pina, desde já um<br />
grande obrigado<br />
Quanto a concertos, o que têm<br />
planeado para divulgar “IX”?<br />
Roger – Neste momento temos duas<br />
agências para fazer principalmente a<br />
divulgação do álbum tanto em Portugal<br />
como no estrangeiro do álbum e não só.<br />
Essas agências, em principio, a ideia é<br />
marcar-nos uma digressão em Portugal<br />
e depois para irmos lá fora, caso a<br />
aceitação do álbum for boa, a nossa<br />
ideia é fazermos umas viagenzinhas,<br />
passearmos um poucquinho pela<br />
Europa principalmente. (risos) Termos<br />
uma experiência que nunca tivemos<br />
em Veinless. Alguns dos membros de<br />
Veinless já tiveram oportunidade de<br />
tocar no estrangeiro mas Veinless é uma<br />
banda muito territorial. Os nossos fãs<br />
são muito da nossa zona mas por culpa<br />
nossa porque nunca nos aventurámos<br />
muito longe, nunca nos mandámos<br />
para fora de pé, mas isso é totalmente<br />
culpa nossa porque nunca tivemos uma<br />
agência. Por sermos parvos porque<br />
é mesmo assim, porque precisamos<br />
de alguém que nos ajude. Queremos<br />
que certa maneira esse erro seja<br />
colmatado com uma agência a trabalhar<br />
com Veinless. É muito importante.<br />
Chegámos a essa conclusão passados<br />
quinze anos (risos).<br />
António – Não é nada que não tenha dito<br />
já desde início (risos) mas finalmente as<br />
mentes mais conservadoras finalmente<br />
se abriram. (risos)<br />
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