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- Calma rapaz, estamos a sonhar mas ainda sinto as minhas costelas a ceder e os pulmões a<br />
apertar. - André afrouxa o abraço por segundos, sorri e volta a apertar o irmão de igual forma<br />
- Ok, ok rapagão. Vamos lá sair daqui.<br />
- Sabes como sair daqui?<br />
- Não faço ideia. Tu é que tiveste que vir buscar-me, lembras-te? Como é que chegaste até<br />
aqui?<br />
- Não sei... fui andando.<br />
- Bem, já vemos isso. Agora é que temos sair daqui. Se bem me lembro, era tudo uma questão<br />
de vontade... - conforme pr<strong>of</strong>ere estas palavras - as estacas de gelo descem, tal como tinham<br />
subido - Bem, e agora? Esquerda ou direita?<br />
-Eu também tenho truques, mano - o castelo começa a derreter e um grande mar é formado a<br />
seus pés e à frente de ambos, uma porta eleva-se da água - Vamos embora?<br />
- Onde é que essa porta vai dar?<br />
- A casa. A mãe vai-se passar quando te vir.<br />
- A casa? Não podemos ir para casa.<br />
- Como assim? Temos que ir para casa. Tu andas fugido ou quê?<br />
- Nada disso, miúdo. Isto são cenas de adultos.<br />
- Epá chega dessa coisa de adultos! A mãe andou dois meses a chorar pelos cantos sem me<br />
dizer nada, como se eu fosse um monte de lixo. Cada vez que eu perguntava o que se passou<br />
ela dizia que era uma criança, que eu não percebia. Mas eu estou aqui agora, não estou?!<br />
- Ok, miúdo, e eu estou-te grato por isso, mas há aqui muito mais em jogo do que apenas o teu<br />
maninho aqui. Por isso, segue pela porta que a mãe já deve estar preocupada.<br />
- A mãe não se preocupa comigo, só contigo.<br />
- Não sejas tótó, pá. Tu és a luz dos olhos dela.<br />
- Nunca senti isso...<br />
- Ouve, maninho, a mãe trabalha num sítio onde fazem investigações... digamos, científicas. E<br />
eu <strong>of</strong>ereci-me como voluntário. É algo que tenho de fazer, não posso desistir.<br />
- Então eu vou contigo!<br />
Antes que Diogo consiga protestar, a porta abre-se e de lá saem uma hora de demónios alados<br />
que voam na direcção dos irmãos que mal têm tempo para se baixar.<br />
- Eles encontraram-nos! - diz Diogo.<br />
- E nós temos que sair daqui. Tu disseste que tinhas que fazer qualquer coisa. FAZ QUALQUER<br />
COISA!<br />
- Mergulha!<br />
André obedece ao irmão e tenta não demonstrar o medo que sente por estar a mergulhar na<br />
água. Neste reino, aquilo que ganha vida é aquilo a que é dado atenção. E no momento em que<br />
o seu corpo irrompe pelas águas geladas, as mesmas aquecem para uma temperatura tropical.<br />
Uma temperatura que convida a aproximação de...<br />
-"Tubarões!" - a palavra ecoa na mente de André e faz com que o seu corpo congele, algo que<br />
não passa despercebido ao seu irmão que consegue ouvir os seus pensamentos.<br />
-"André! Não te esqueças, isto é um sonho! Agora mete-me uma ventoinha nesse cu e mexe-te"!<br />
- apesar da mensagem enviada, não adiantou. André estava imóvel e prestes a ser dilacerado<br />
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