You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
CRADLE OF FILTH<br />
“Damnation And A Day”<br />
Edição de Autor<br />
Quinto álbum dos<br />
Cradle Of Filth numa<br />
altura em que a banda já<br />
estava descaracterizada<br />
e já tinha alienado<br />
grande parte dos seus<br />
fãs. Há quem afirme<br />
que foi "Dusk And Her<br />
Embrace" o último<br />
trabalho que gostaram,<br />
há quem aponte "Cruelty And The Beast" e há<br />
quem tenha até resistido até ao "Midian", mas<br />
para muitos foi aqui que começaram a perder<br />
interesse pela banda britânica. Na nossa<br />
humilde opinião, este trabalho é bastante<br />
superior ao "Midian", quer em conceito<br />
quer musicalmente falando, sendo bastante<br />
ambicioso, principalmente tendo em conta<br />
que foi aqui que a banda mudou-se para a<br />
gigante Sony através da sua subsidiária - uma<br />
ligação que não iria durar muito tempo. Como<br />
curiosidade fica o facto de actualmente a editora<br />
só ter uma banda no seu catálogo, a espanhola<br />
Rosa Negra, tendo despachado todas as outras.<br />
Uma coisa admitimos e dando a palmatória<br />
aos críticos, "Damnation And A Day" é enorme<br />
e parece interminável. Em número de músicas<br />
assim como na duração do trabalho em si -<br />
quase oitenta minutos. Esse factor faz com<br />
que não seja propriamente um álbum fácil de<br />
assimilar. Outra coisa que admitimos também<br />
é que a mística dos primeiros álbuns, daqueles<br />
citados atrás, já não sobreviveu para aqui, no<br />
entanto, se formos a ver, essa mística também<br />
já não estava presente no "Midian". Pelo lado<br />
positivo temos o facto de ser uma excelente<br />
obra de metal extremo, por estas alturas já não<br />
vale a pena continuar a afirmar que tocam black<br />
metal melódico.<br />
É um álbum com uma grande atmosfera -<br />
mesmo que seja bastante distante daquela que<br />
a banda transmitia no início da carreira - tendo a<br />
contribuição para isso da componente sinfónica<br />
ter sido mesmo registada pela The Budapest<br />
Film Orchestra e pelo Budapest Film Choir e<br />
com grandes músicas, que parece-nos que não<br />
sobreviveram para além da digressão deste<br />
álbum para serem representadas em palco.<br />
Poderá não ser o álbum que escolheríamos para<br />
dar a conhecer a banda, mas é, mesmo assim,<br />
um álbum que corresponde às expectativas que<br />
temos sobre a banda, que continua a seguir a<br />
mesma tendência desde o início da sua carreira:<br />
metamorfose a cada trabalho, tanto a nível de<br />
imagem, como de música e até música e se a<br />
mudança nem sempre nos traz coisas boas,<br />
neste caso, trouxe-nos algo único.<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
CULT OF THE HORNS<br />
“Chapter I - Domination“<br />
Symbol Of Domination Prod.<br />
Álbum de estreia da<br />
one-man band francesa<br />
conhecida como Cult Of<br />
Horns que foi lançado o<br />
ano passado de forma<br />
independente e que<br />
agora é reeditado pela<br />
Symbol Of Domination.<br />
Apesar do black metal<br />
estar gravado no seu<br />
código genético, há por aqui uma grande dose<br />
de death metal envolvido. De tal forma que o<br />
black metal parece estar confinado ao nome,<br />
à capa (e corpsepaint de Mephisto, o homem<br />
responsável por tudo) e ao conceito lírico.<br />
Independentemente do género, o que temos<br />
é um trabalho de metal extremo odioso que<br />
poderia ter um pouco mais de dinâmica. No<br />
entanto, sem a mesma, consegue cativar os<br />
menos exigentes. Até faz prever que seja capaz<br />
evoluir a partir daqui.<br />
[6.6/10] Fernando Ferreira<br />
EARTHQUAKE 55<br />
“Earthquake”<br />
Edição de Autor<br />
Viagem no tempo<br />
gratificante, onde<br />
vamos até um<br />
passado recente para<br />
conhecer o trabalho<br />
de estreia da banda<br />
de Cascais, este EP<br />
"Earthquake". O que<br />
podemos encontrar<br />
é um thrash metal como aquele que nos<br />
chegava na década de noventa. Nomes<br />
como Pantera, Criminal, Sepultura (fase<br />
"Chaos A.D.") ou até os nossos Painstruck<br />
surgem-nos em mente com um potencial<br />
que deverá ser ampliado e explorado<br />
para além daquilo que estes cinco temas<br />
apresentam, principalmente em termos de<br />
dinâmica. Uma apresentação promissora e<br />
uma banda a acompanhar no futuro.<br />
[7/10] Fernando Ferreira<br />
DIKTATUR<br />
“La Voie Du Sang”<br />
Melancholia Records<br />
Diktatur é um duo de<br />
black metal que se<br />
estreou em 2010 com<br />
"La Voie Du Sang"<br />
lançado em edição<br />
de autor. Sete anos<br />
depois, a Melancholia<br />
Records decide pegar<br />
no álbum e reeditálo<br />
com duas novas<br />
músicas, gravadas no presente ano. E quase<br />
que a carreira toda dos Diktatur se resume<br />
a estes dois eventos, exceptuando pelo EP<br />
editado em 2015. Com um som de black metal<br />
cru mas que não dispensa um toque de melodia<br />
de dinâmicas inesperadas para o género mais<br />
primitivo, o que só faz com que o impacto seja<br />
maior. Esta é uma excelente surpresa que para<br />
muitos será como uma novidade, já que será<br />
fácil ter passado despercebido o lançamento<br />
independente que a própria banda fez limitado<br />
a cem unidades.<br />
ENTOMBED<br />
“Hollowman”<br />
Earache Records<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
É por aqui que o mítico<br />
death'n'roll começa a tomar<br />
forma, com o regresso de<br />
L-G Petrov à voz depois da<br />
ausência em "Clandestine".<br />
Não podemos dizer que esta<br />
influência venha do azul<br />
até porque se formos bem<br />
a ver os álbuns anteriores<br />
já davam indicações de<br />
algo assim, embora aqui<br />
seja mesmo muito mais acentuada. De uma forma<br />
inteligente, acaba por abrir o caminho até ao próximo<br />
álbum, o clássico "Wolverine Blues", cujo tema-título<br />
surge aqui com uma espécie de descrição do animal em<br />
si em vez das letras que surgiriam no álbum resultando<br />
numa curiosidade interessante. O que é fascinante neste<br />
EP é a forma como se sente o género embrionário, em<br />
como o death metal encaixa perfeitamente com aquele<br />
género bem roqueiro típico do rock sulista dos E.U.A.<br />
Temos duas covers (na versão original tínhamos apenas<br />
uma) sendo a primeira uma adaptação do tema do filme<br />
"Hellraiser", cujo compositor é Christopher Young, com<br />
alguns samples a acompanhar e a segunda a já clássica<br />
rendição da "God Of Thunder", original dos Kiss. Um EP<br />
destinado aos coleccionadores, mas que mesmo assim<br />
têm a sua importância histórica na carreira da banda.<br />
[7.5/10] Fernando Ferreira<br />
76<br />
EXTERMINATOR<br />
“Total Extermination”<br />
Greyhaze Records<br />
Esta é uma<br />
viagem no tempo<br />
inesperada. "Total<br />
Extermination" é um<br />
clássico obscuro da<br />
música extrema e é<br />
quando o ouvimos<br />
que percebemos<br />
o porquê de ser<br />
obscuro. Editado em 1987, numa altura<br />
em que os Sarc<strong>of</strong>ago e os Sepultura<br />
dominavam o underground brasileiro, vêse<br />
que os Exterminator tentaram seguir<br />
por um caminho semelhante. No entanto a<br />
qualidade sonora é tão má, assim como as<br />
composições são ingénuas demais, ainda<br />
mais que os próprios primórdios dos<br />
Sepultura. Este trabalho, agora reeditado<br />
em vinil, é aconselhado apenas a puristas<br />
da música extrema. Para todos os outros é<br />
coisa para fugir a sete pés. A exterminação<br />
promete ser total para os mais sensíveis.<br />
[2/10] Fernando Ferreira<br />
JUDAS PRIEST<br />
“Point Of Entry”<br />
Columbia<br />
E os Judas Priest<br />
entraram <strong>of</strong>icialmente<br />
nos anos oitenta<br />
depois da declaração<br />
metálica que foi "British<br />
Steel" e por entraram<br />
<strong>of</strong>icialmente na década<br />
de oitenta queremos<br />
dizer que nos trazem um<br />
álbum a piscar o olho ao<br />
pop descaradamente. No entanto, ao contrário de<br />
bandas como Queen, o foco continuou a estar nas<br />
guitarras, embora com melodias bem acessíveis.<br />
No entanto, será que isso é o suficiente para<br />
condenar este trabalho. Não propriamente, até<br />
porque temos aqui grandes músicas, imortais,<br />
sendo que a abertura com "Heading Out To The<br />
Highway" é um clássico indiscutível e a "Desert<br />
Plains" ainda surge nos alinhamentos dos<br />
concertos da banda britânica de vez em quando.<br />
Em termos de composição, este é um álbum<br />
estupidamente mais simples de que qualquer<br />
coisa que a banda tenha feito e músicas como<br />
"Don't Go" e "You Say Yes" dificilmente poderemos<br />
chamar de heavy metal. Pensando bem,<br />
dificilmente conseguimos chamar a qualquer<br />
música deste álbum de heavy metal. Não sabemos<br />
bem o que motivou a banda a seguir esta direcção,<br />
mas provavelmente terá algo a ver com o sucesso<br />
dos dois singles do álbum anterior, "Living After<br />
Midnight" e "Breaking The Law", dois temas bem<br />
simples. A questão é que ambos, até mesmo<br />
"Living After Midnight" tem uma aura metal por<br />
trás, o mesmo não podemos dizer de nenhum<br />
destes temas.<br />
Ainda assim, não é um mau trabalho. É hard rock<br />
com um toquezinho pop que embora tenha alguns<br />
momentos não tão conseguidos e até irritantes,<br />
não tem nada de declaradamente mau. Apenas é<br />
uma pálida amostra em relação ao que a banda<br />
fez e é capaz de fazer. Este é um dos álbuns um<br />
pouco esquecidos dentro da discografia da banda<br />
e com alguma razão já que apresenta muito pouco<br />
material que se sobressaia. Esta reedição além<br />
de trazer todos os temas remasterizados ainda<br />
traz mais dois temas bónus, "Thunder Road" (das<br />
sessões de "Ram It Down" e que por isso não se<br />
percebe lá muito bem o que raio está aqui a fazer) e<br />
uma versão ao vivo de "Desert Plains". Para quem<br />
é coleccionador, obviamente que este álbum já foi<br />
adquirido mas para quem não é ou para quem não<br />
conhece, não se deverá começar por aqui. É capaz<br />
de se ficar desanimado.<br />
[6/10] Fernando Ferreira