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World_of_Metal__Outubro_2017

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sai de lá novamente o bando de demónios alados que encobrem o céu de negro. Com uma só<br />

entidade, descem dos céus tomando uma forma de uma mão que com unhas bem pontiagudas<br />

pegam na figura encapuzada e a atiram para os pés dos irmãos que ficam com o seu sangue<br />

gelado quando vêem que é o rosto da sua mãe que é revelado.<br />

- Fujam antes que sejam... - o seu rosto contorce-se como se pele estivesse a ser esticada como<br />

plasticina até que surge o rosto do demónio - ...todos consumidos, sacos de carne!<br />

- Mãe! - André grita e vai na direcção da figura que está caído no chão.<br />

- André! Vamos embora!<br />

- É a mãe!<br />

- Nada é o que parece e isto não é mais que uma distracção! Temos que ir!<br />

- Para onde é que vamos, estamos no meio do deserto!<br />

- Puto, estás a ficar burro, ou quê?! Pensa!<br />

Mais uma vez, as emoções de André levam a melhor em relação ao seu instinto e às suas<br />

capacidades de manipular os sonhos. Era esse o intento do demónio. Instigado pelo irmão,<br />

André volta à frieza. O medo de perder a mãe continuava bastante presente mas ele sabe que<br />

não pode ceder o controlo do seu poder. Não neste momento.<br />

- Corram rapazinhos, corram. Tornem este momento ainda mais saboroso. Tal como a vossa<br />

mãe o torna ainda mais prazeiroso a tentar resistir ao inevitável. Não há como escapar, tal<br />

como vocês não conseguem escapar das vossas fraquezas.<br />

- Tretas! - diz André desafiador - Para quem não gosta de sacos de carne, andas com muita<br />

vontade de te meteres dentro de um.<br />

- Puto, o que é que...? - Diogo não acaba a questão quando André lhe pisca o olho. Aquele<br />

sinal de confiança é totalmente novo para ele, afinal, o seu irmão sempre transmitiu dúvida e<br />

sempre quis estar escondido do centro das atenções, mas havia algo que lhe diz que este era<br />

um lado do seu irmão totalmente novo para si.<br />

- "As minhas veias são negras do sangue de Tiamat. Os meus olhos espalham-se como as rodas<br />

do tempo e do espaço. A minha vontade é forte como um golpe da espada de Marduk. Eu não<br />

sou humano porque eu escolho saber". Eu escolho o conhecimento acima da fraqueza! Viver<br />

como um deus. Todos nós somos deuses que vos permitimos viver com as nossas migalhas.<br />

Nós viemos aqui para viver para sempre. Nós cheiramos a vossa carne e o vosso medo!"<br />

- E mesmo assim, ainda querem passar para o nosso corpo... cheira-me a tretas.<br />

- Rapaz insolente! Vais pagar caro pela tua insolência! Vou comer a tua alma!<br />

Das areias atrás do demónio algo parece elevar-se. Uma montanha de areia que vai escorrendo<br />

até revelar olhos e uma boca, que começa a sugar ar como se fosse o alimento de um esfomeado.<br />

- Estás com fome? Ele também! - André volta-se para o irmão - Vamos embora?<br />

- O que é aquilo? - pergunta Diogo<br />

- Um Titã. Ou melhor, O Titã. Cronos. O gajo que gosta de comer deuses ao pequeno-almoço.<br />

Um lanche com demónios também deve ser bom.<br />

Diogo sorriu. Sempre achou que o seu irmão era um fechado no seu mundo, agarrado aos<br />

livros. Um marrão. Curiosamente tudo aquilo que o fez invejar na altura é aquilo que está<br />

agora a fazê-lo aproximar dele.<br />

Uma porta nasce do chão e abre-se. André pergunta:<br />

- Vamos para o próximo nível?<br />

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