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enfrentar, porque percebemos que a escola era um instrumento que poderia estar ajudando no
processo de retomada. Pois a escola dava condições de ter mais pessoas com domínio da leitura
e naquela época nós precisávamos muito de pessoas que liam documentos e escreviam cartas
para enviarmos as denúncias para as autoridades em Brasília. Mesmo a escola estando na gestão
de um dos nossos inimigos, tínhamos que ter esse jogo de cintura para poder ajudar nessa luta.
As cartas naquela época foi umas das mais importantes ferramentas de luta que contribuiu na
comunicação, era por meio destas cartas que as denúncias chegavam até as autoridades
competentes. Não poderíamos contar com autoridades dos municípios vizinhos, porque
estávamos rodeados de perseguidores. Em 1992, época dos professores leigos da própria
comunidade, estes professores davam aula em poucos pontos do território Xakriabá. Ainda
neste mesmo ano de 1992, houve a substituição destes professores, por outros professores de
fora, não indígenas que eram formados. Segundo o prefeito, os considerados professores leigos
do próprio povo Xakriabá, não tinham condição de continuar dando aula uma vez que não
possuía escolaridade. Na verdade, a substituição/retiradas dos professores já era uma
estratégias, pois tinha como propósito retirar o ensinamento dos conhecimentos tradicionais,
principalmente tentar anular a história de que éramos indígenas Xakriabá e que teríamos direito
a uma educação diferenciada.
Nos ano de 1995/1996, depois de termos vários prejuízos com a escola que existia
no Xakriabá conduzido por professores não indígena que viam assumir o trabalho e na primeira
oportunidade que arrumava fora ia embora e deixava o povo não mão, comprometendo o
desenvolvimento dos estudantes que frequentava a escola, além disso esses professores não
ensinava a parti da nossa realidade, vinha com uma grade curricular pronta para implantar em
nossas escolas. Depois de ter muitos prejuízos por falta do compromisso por parte destes
professores, fomos reivindicar que a partir daquele momento queríamos que os próprios
Xakriabá assumissem como professores.
No ano de 1997, depois de muita luta, efetivamos a substituição dos professores
não-indígenas por professores Xakriabá. Enfrentamos muitos desafios para chegar até essa
conquista, porque não tínhamos professores com formação suficiente para essa função. Foi aí
que demandamos que era necessário a criação da formação do dos primeiros professores
indígenas em Minas Gerais, pelo magistério, não era apenas para Xakriabá e sim todos povo
indígena que apresentava essa demanda. Na época muitos desses alunos do magistério que
estava se formando para ser professores eram adolescentes e tiveram que assumir a sala de aula,
para assegurar que não tivéssemos mais professores vindo de fora. A cada passo conquistado