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REVISTA TERENA 2 EDIÇÃO

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Assim como Bell Hooks (2013) em sua obra Ensinando a Transgredir, considero

as teorias, os conceitos enunciados por epistemólogos nativos com princípio na matriz

fundadora do território, produzido em uma linguagem acessível, pode também ser uma teoria

de cura, para os corpos e mentes pensante que estão adoecida, porque tem reduzido o território

acadêmico, como único lugar onde se produz conhecimento. Essa experiência “vivida” de

pensamento crítico, de reflexão e análise se tornou um lugar onde eu trabalhava para explicar a

mágoa e fazê-la ir embora. Fundamentalmente, essa experiência me ensinou que a teoria pode

ser um lugar de cura (HOOKS, 2013, p.85).

Claramente, um dos usos que esses indivíduos fazem da teoria é instrumental. Usamna

para criar hierarquias de pensamento desnecessárias e concorrentes que endossam

as políticas de dominação na medida em que designa certas obras como inferiores ou

superiores, mais dignas de atenção ou menos. King sublinha que “a teoria encontra

usos diferentes em lugares diferentes”. É evidente que um dos muitos usos da teoria

no ambiente acadêmico é a produção de uma hierarquia de classes intelectuais onde

as únicas obras consideradas realmente teóricas são as altamente abstratas, escritas

em jargão, difíceis de ler e com referências obscuras (HOOKS, 2013, p. 89).

É importante reconhecer o crescente protagonismo indígena sobretudo dos jovens

e mulheres indígenas nos espaços institucionais seja na universidade bem como em outras

instâncias políticas. Assim como afirmam Cristiane Portela e Mônica Nogueira, também

destaco o protagonismo indígena, por meio da ocupação e demarcação da presença indígena

nos diversos cursos no território acadêmico. Nesse sentido podemos reconhecer um crescente

movimento de autoria indígena.

Ao tratar de autoria indígena no Brasil, estamos nos referindo a um amplo e difuso

movimento que diz respeito a uma espécie de ruptura com a submissão aos constructos

de tipo colonial, que poderia ser correspondente àquilo que Hugo Achugar (2006)

chama de balbucio teórico, que trataremos em seguida. Identificamos este movimento

de autoria indígena como uma maneira de ação política que ganha contorno sob três

formas: por meio da produção de uma literatura indígena (que ganhou difusão

especialmente com a literatura direcionada para o público infantil, mas que também

apresenta um fenômeno de enorme relevância por meio das produções bilíngues de

escolas e projetos de educação indígena, além de uma modalidade biográfica e

autobiográfica incipiente, entre outras); da produção cinematográfica indígena (que

teve ampla divulgação com o Projeto Vídeos nas Aldeias, resultando na produção do

box “Cineastas Indígenas”, mas que encontra expressão em diversas outras

experiências em todo o país, conforme pode ser percebido pelas edições do Festival

Vídeo Índio Brasil); e da produção acadêmica de pesquisadores indígenas

(movimento crescente nos últimos anos, com a inserção de indígenas nos cursos de

graduação, mestrado e doutorado, em diversas áreas de conhecimento e diferentes

modalidades de cursos). (PORTELA; NOGUEIRA, 2016, p. 4)

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