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REVISTA TERENA 2 EDIÇÃO

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Comitê de Coordenação e Monitoramento, composto pelo Instituto Ethos, o Instituto

Observatório Social – IOS, a Organização Internacional do Trabalho – OIT e a ONG Repórter

Brasil. Em 2014 foi criado o Instituto do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo

– InPACTO.

Embora sejam instrumentos importantes inclusive para aumentar a fiscalização, os

Pactos por isso só não garantiram no Mato Grosso do Sul a melhoria das condições de trabalho

nos canaviais. Reportagens diversas noticiaram o resgate de trabalhadores em condições de

trabalho degradantes. Em 2007, por exemplo, foram encontradas inúmeras irregularidades na

Fazenda e Usina Debrasa, no município de Brasilândia e na Destilaria Centro-Oeste Iguatemi

– Dcoil, no município de Iguatemi, ambas com grande número de trabalhadores das etnias

Kaiowá e Terena:

Alimentação deficiente, banheiros entupidos e alojamentos precários. Esse foi o

panorama encontrado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na Fazenda e

Usina Debrasa, em Brasilândia (MS), durante fiscalização coordenada pelo órgão em

novembro de 2007. Nos dormitórios dos cortadores de cana, havia superlotação, mofo

e restos de comida pelo chão. Segundo os fiscais, também faltava água para o banho

e os salários estavam atrasados. Mais de mil trabalhadores tiveram seus contratos

rescindidos. Oito meses antes, o MTE já havia encontrado problemas em outra usina

de Mato Grosso do Sul. Na Destilaria Centro-Oeste Iguatemi (Dcoil), em Iguatemi

(MS), pertencente ao médio do trabalho Nelson Donadel, uma diligência flagrou

trabalhadores sem carteira assinada, sem equipamentos de segurança e, mais uma vez,

em alojamentos superlotados. [...] Na Dcoil, 150 dos resgatados eram dos povos

Terenas ou Guaranis. Já na Debrasa, quase todos eram índios. O Ministério Público

do Trabalho (MPT) estima em 10 mil os aldeados que labutam nos canaviais do

estado. Juntamente com bóias-frias trazidos – quase sempre de forma irregular – da

Região Nordeste, são a principal força de trabalho utilizada pelo setor sucroalcooleiro

em plena expansão (CAMPOS, 2008, s. n.).

Conforme informações da ONG Repórter Brasil (2008), o estado de Mato Grosso

do Sul ficou em segundo lugar no país entre os que mais exploram a mão de obra análoga à

escrava. Das 5.968 liberações de trabalhadores realizadas em 2007, pelo Grupo Especial de

Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego, 1.634 foram registradas em Mato

Grosso do Sul. “As principais liberações acontecem em áreas de expansão de cana-de-açúcar e

envolvem, em especial, trabalhadores indígenas” (REPÓRTER BRASIL, 2008, s. n.).

Paradoxalmente, a modernização do campo e a mecanização do processamento da

cana-de-açúcar, também não contribuíram para a melhoria das condições de trabalho nesse

setor. O uso de maquinário para o corte da cana foi implementado gradativamente e, conforme

Dantas e Tavares (2015, p. 5), a “mecanização funciona como um mecanismo de controle

político, que atua diretamente na organização e na mobilização dos trabalhadores em defesa de

direitos trabalhistas”.

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