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identitário e fomento de dialogicidades, como declarou a indígena terena Karine Silva
Sobrinho:
Nós indígenas consideramos e aspiramos à academia como um instrumento
articulado, para a fomentação de diálogo, abertura de discussões sobre diversos
saberes, além de fornecer subsídio para fortalecer nossa identidade cultural diante de
inúmeras especificidades ocidentais (podemos ser igual a você sem deixar de ser quem
sou). Entendemos que fora de nossas aldeias estamos engajados em uma luta
individual que direta ou indiretamente proporcionará benefícios a nossa comunidade.
(Karine Silva Sobrinho/Terena – curso de Pedagogia – UEMS) (AGUILERA
URQUIZA; NASCIMENTO; ESPÍNDOLA, 2011, p. 94).
Fica patente, assim, o interesse dos Terena em dominar os códigos da sociedade
envolvente para melhor instrumentalizar a defesa de suas causas. Essa necessidade de apreender
os saberes do “branco” já havia sido identificada por Oliveira em 1976, quando assevera que a
categoria instrução para o Terena está irremediavelmente associada à alfabetização e ao
aprendizado do regulamento do mundo dos brancos. Nas palavras do autor “A instrução para
os Terena significa duas coisas: alfabetização, com o seu consequente credenciamento à
pretensão de certas ocupações mais bem remuneradas e de melhor status; e iniciação sistemática
no aprendizado do ‘regulamento’ do mundo dos brancos.” (OLIVEIRA, 1976, p. 203 grifo no
original).
Sobre a produção intelectual dos Terena no âmbito acadêmico, são muitas as
contribuições, tais como a tese de doutorado e a dissertação de mestrado acadêmicos de Luiz
Henrique Eloy Amado: Vukapanavo: o despertar do povo Terena para os seus direitos -
movimento indígena e confronto político (Tese, doutorado em Antropologia Social/Museu
Nacional/RJ), a dissertação de Simone Eloy Amado O ensino superior para os povos indígenas
do estado de Mato Grosso do Sul: desafios, superação e profissionalização, defendida em 2016
também no Museu Nacional, a tese de Naine Terena de Jesus Audiovisual na escola terena
Lutuma Dias: educação indígena diferenciada e as mídias, defendida no Programa de Pós-
Graduação em Educação da Pontifícia Universidade de São Paulo/PUC em 2014, a dissertação
de Lindomar Lili Sebastião, sob o título Mulher Terena: dos papéis tradicionais para a atuação
sociopolítica, defendida em 2012 também na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; a
dissertação de mestrado em Sustentabilidade de Gilmar Galache Koxunakoti itukeovo yoko
kixovoku. fortalecimento do jeito de ser terena: o audiovisual com autonomia, defendida na
UNB; e muitos outros trabalhos em diversos programas de pós-graduação no Brasil.