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REVISTA TERENA 2 EDIÇÃO

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o trabalho nas usinas ainda era alternativa para muitos Terena da região que já encontravam

dificuldades para empregarem-se nas fazendas: “Em Miranda não tem emprego; os fazendeiros

não dão serviço para os índios. O único jeito que tem para sustentar a família é ir para a usina”

(Valdeci Antônio, 30 anos, apud VIEIRA, 2006, p. 69).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ressalta-se na discussão histórica acerca do trabalho indígena, que a mão de obra

terena foi fundamental nas cidades, fazendas, usinas e empreendimentos públicos no sul do

Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. Em vários momentos os funcionários do SPI, os patrões

e a população regional reconheceram as habilidades e a disposição desses indígenas no

desempenho de várias funções e mantiveram com eles relações de amizade e compadrio. Mas,

isso não excluiu as relações conflituosas e abusivas por parte dos empregadores.

Por outro lado, os Terena ao engajarem-se como trabalhadores nacionais,

colocaram antigas pautas em prática, utilizando habilidades características do seu ethos como

agricultura e comércio com outras etnias. A invisibilidade étnica que o órgão indigenista e

mesmo a sociedade regional tentaram impor-lhes foi temporariamente aceita e ressignificada

como estratégia de convivência e negociação com o indigenismo do Estado. Assim, os Terena

faziam valer suas táticas diplomáticas, como forma de interação no novo cenário econômico

que se desenhava no sul do Mato Grosso.

Este texto não teve a pretensão de esgotar tão importante tema, mas, de integrar as

discussões acerca da mão de obra indígena no Brasil. Na atualidade, é imprescindível

aprofundar os debates acerca dos direitos indígenas, e a questão do trabalho não pode ser

desconectada de outros temas como: a necessidade da demarcação das terras indígenas, o direito

à educação escolar indígena diferenciada e a efetivação de políticas públicas de combate à

exploração do trabalho de modo geral.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Ayrton de. Certidão do cartório do 1º ofício, comarca de Miranda, de 17

de agosto de 1953. Microfilmes 003_02265 – 003_02266. Arquivo SPI/IR5/Museu do Índio.

Cópia no Centro de Documentação Teko Arandu/NEPPI/UCDB, Campo Grande.

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