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REVISTA TERENA 2 EDIÇÃO

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De acordo com Garcia (2008, p. 125) os Terena trabalhavam também na

manutenção dos trilhos, trocando dormentes podres, acomodando as pedras, fazendo roçado ao

longo da linha férrea, cortando lenha para as locomotivas a vapor e, “via de regra os índios

recebiam uma diária inferior em relação aos outros trabalhadores”. Importante mencionar ainda

que parte da madeira utilizada nos trens a vapor era proveniente das Reservas terena, como

abordado por Ximenes (2017).

A escassez de fontes escritas acerca do engajamento terena nas obras da NOB pode

ser atribuída à invisibilidade dos Terena perante a sociedade nacional que contava como certa

a sua assimilação:

Esta concepção de “invisibilidade” da sociedade envolvente, de considerar os índios

já “integrados” entre a população de reduzido poder aquisitivo, “pode” ser

considerado um fator ao qual as fontes geralmente não se reportam, e ou se referem

de forma acanhada à participação e à contribuição do trabalho indígena Terena na

edificação da Ferrovia NOB (GARCIA, 2008, p. 124).

Dessa forma, as autoridades do órgão indigenista e da própria NOB, concentravam

suas preocupações nos grupos hostis, com os quais haveria a necessidade, em seu entendimento,

de impor os padrões da civilização.

Há outros exemplos do trabalho terena em obras de caráter público. Eremites de

Oliveira e Pereira (2003) mencionam que os indígenas participaram da construção de uma

cancha para corrida de cavalos na área do Barro Preto (região da Terra Indígena Buriti),

importante espaço de sociabilidade para indígenas e regionais. Também é possível citar uma

estrada entre a então Reserva Buriti e a cidade de Sidrolândia, cuja iniciativa teria sido do

Coronel Nicolau Bueno Horta Barbosa, delegado da inspetoria do SPI. A construção foi feita

por 60 índios da T. I. Buriti. De acordo com o relato do Terena Lúcio Sol: “os peão [eram] só

índio. Só falou, já levantou, já fez estrada” (Lúcio Sol, Terena, 89 anos, 2003, apud XIMENES,

2011, p. 76).

A MÃO DE OBRA TERENA NAS FAZENDAS, NAS CIDADES E NAS RESERVAS

No território chaquenho-pantaneiro, os grupos Guaná (nos quais se incluem os

Terena) mantiveram diversas relações com os colonizadores e, embora não de forma

compulsória, seu trabalho na produção agrícola e na tecelagem fornecia diversos produtos

indispensáveis para a manutenção de empreendimentos coloniais como fortes, presídios e vilas.

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