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REVISTA TERENA 2 EDIÇÃO

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NOGUEIRA, Thyago (Org.). A luta Yanomami / Claudia Andujar. São Paulo:

IMS, 2018, 336 pp.

Leonardo Nascimento

Mestrando PPGAS/MN – UFRJ

Paro de sonhar. Deitada na rede, de madrugada, durante uma viagem

pelo mato, acordo. Ouço o barulho do jato noturno passando acima da

floresta. É a rota diária Miami-Manaus. Vejo, como numa miragem,

um passageiro tomando seu último drink entre as nuvens, lá em cima.

Faz-se silêncio e durmo de novo. Constato que me sinto à vontade neste

mundo Yanomami. Não me sinto mais uma estranha. Este mundo ajuda

a me compreender e a aceitar o outro mundo em que me criei. Os dois

mundos estão se juntando, num grande abraço. É, para mim, um mundo

só! Não sinto saudades (Claudia Andujar, 1974).

Filha única do casal Germaine Guye e Siegfried Haas, Claudine Haas nasceu na

Suíça, em 12 de junho de 1931. Logo em seguida, mudou-se para Oradea, na fronteira entre a

Romênia e a Hungria. De família suíça protestante, a mãe fizera questão de ter a menina em

Neuchâtel, embora morasse já há alguns anos com o marido na região da Transilvânia. Com o

advento da Segunda Guerra Mundial, Claudine e a mãe enfrentaram uma penosa viagem de

fuga para a Suíça; o pai, judeu húngaro, assim como outros membros da família paterna foram

mortos nos campos de concentração de Auschwitz (Polônia) e Dachau (Alemanha).

Em 1946, Claudine mudou-se para os Estados Unidos, convidada por um tio que lá

vivia. No país, passou a chamar-se Claudia Andujar, adotando o sobrenome do então marido

Julio Andujar, um refugiado da Guerra Civil Espanhola. (Após a separação, conservaria o

sobrenome como forma de esconder o trágico passado.) Em Nova York, Claudia trabalhou

como guia na sede da Organização das Nações Unidas e desenvolveu seu primeiro contato com

as artes, aventurando-se na pintura abstrata.

Ao receber a notícia de que Germaine havia se mudado para o Brasil, juntando-se

a um namorado romeno, a jovem decidiu fazer-lhe uma visita. Prestes a completar 24 anos,

desembarcou no país em 9 de junho de 1955 – e por aqui permanece até os dias de hoje. À

época, sem dominar o português, escolheu a fotografia como meio de melhor se comunicar. Foi

assim que, ao longo das décadas seguintes, Claudia Andujar passou a colaborar com

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