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DESUSO DE PALAVRAS NA LÍNGUA TERENA: ENTREVISTA COM
CLEONICE ELOY PIO
Darleine Canale Pinto Seizer
Evelin Tatiane da Silva Pereira
A nossa entrevistada é a dona de casa, senhora Cleonice
Eloy Pio, indígena da etnia Terena, com 48 anos de idade,
natural da aldeia Cachoeirinha, que devido ao casamento
mudou-se para a Terra Indígena Taunay/Ipegue onde
morou por 14 anos, e após o falecimento do marido
retornou para a comunidade em 2008. Dona Cleonice é
viúva, mãe de três filhos que logo depois que retornou a
aldeia Cachoeirinha assumiu a coordenação da igreja
Católica no ano de 2011 até 2014 e no mesmo ano se
consagrou como ministra, colaboradora da comunidade e
que tem muito interesse de lutar junto com as lideranças
em qualquer movimento indígena e assembleia geral da comunidade.
Em seu depoimento, falou sobre a importância do bilinguismo para os filhos
pensando nas relações sociais e a preocupação com os familiares não falantes da língua de
outra comunidade onde ela conviveu com os filhos. Segundo ela, a língua indígena é muito
importante para defesa dos indígenas fora da comunidade com os purutuyes, como o caso de
seus filhos que assim que começarem a estudar fora da aldeia na Universidade, falam na
língua portuguesa, mas entendendo, falando e vivendo a língua terena.
Antigamente os nossos antepassados tinham costumes de fazer rodas de
conversas com vários assuntos, com histórias, vivências, mitos, lendas entre outros. Nos
diálogos surgiam palavras que nunca tínhamos escutados antes, mas entendiam a
linguagem do outro, chamavam todas as crianças para perto, porque no meio da conversa
tomavam mate e um dos netos mais velhos eram chamado para servir mate na roda, pois a
água do mate não podia ser servido morna tinha que ser quase fervendo pois colocavam
ervas ,raízes entre outras ervas medicinais, e no caso o fogão é a lenha. Além do mate
aproveitavam, cortavam as latas, furavam e colocavam por cima da brasa, assavam vários
produtos de roça por isso chamavam as crianças no meio deles para dividir a comilança