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importantes publicações nacionais e internacionais, alcançando imenso reconhecimento
profissional – sobretudo por sua atuação artística e política junto aos Yanomami.
Entre dezembro de 2018 e abril de 2019, o Instituto Moreira Salles organizou em
São Paulo uma abrangente retrospectiva desse momento da obra – e da vida – da artista. A
exposição Claudia Andujar: a luta Yanomami retomou até mesmo aspectos menos conhecidos
de sua trajetória, como a incessante luta pela demarcação de terras indígenas. A seleção do
material foi resultado da longa pesquisa realizada pelo curador Thyago Nogueira no acervo de
mais de 40 mil imagens da fotógrafa.
Agora, essa primorosa pesquisa pode ser acessada através do recém-lançado
catálogo que leva o mesmo nome da exposição. Além das imagens, a publicação conta com um
detalhado ensaio biográfico escrito pelo curador (que também é coordenador da área de
fotografia contemporânea do IMS), um artigo do antropólogo Bruce Albert, uma cronologia da
jornalista Jan Rocha, a reprodução de desenhos feitos pelos Yanomami e um texto escrito pela
fotógrafa em 1975.
O primeiro contato de Claudia Andujar com povos indígenas deu-se durante uma
viagem de férias pela América Latina. Em seguida, através de seu vizinho, o arquiteto Michel
Arnoult, conheceu o antropólogo Darcy Ribeiro. A conselho dele, em 1956 visitou os Karajá.
Ela retornaria algumas outras vezes, aprimorando seus conhecimentos técnicos de fotografia e
aumentando seu interesse pelas populações indígenas.
Andujar obteve o reconhecimento inicial de seu trabalho com a publicação na
edição espanhola da prestigiosa revista Life. Como lembra o curador Thyago Nogueira, “era o
tempo em que a revista Life, criada em 1935, e a agência Magnum, de 1945, consolidavam um
tipo próprio de reportagem fotográfica, com mais liberdade, mais complexidade narrativa e
imagens arrojadas” (p. 164).
Entre 1966 e 1971, a fotógrafa trabalhou para a revista Realidade. Criada em 1966
pela Editora Abril, Realidade inspirava-se no modelo de outras revistas ilustradas, investindo
em reportagens especiais e apostando no grande impacto da fotografia. Em outubro de 1971, a
revista publicou um número especial de 320 páginas sobre a Amazônia, num momento em que
os lemas da ditadura empresarial-militar eram “integrar para não entregar” e “terra sem homens
para homens sem terras”.
Em 1969, Andujar e o fotógrafo George Love (com quem se casara em 1968 e
ficaria até 1974) viajaram para conhecer o povo Xikrin. Pouco tempo depois, os Xikrin