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INTRODUÇÃO
Localizada no Município de Anastácio, a 127 km de Campo Grande, capital do
Estado de Mato Grosso do Sul, a aldeia Aldeinha onde vive parte do povo Terena se encontra
em um contexto urbano. Em função do crescimento e avanço desordenado da população
Anastaciana, que de diversas formas interfere na cultura dessa etnia, e também e principalmente
em função da não demarcação de terras tradicionais que garanta de certa forma a manutenção
da cultura tradicional Terena, esses fatos vem interferindo no uso cotidiano da língua materna
dos moradores dessa comunidade e alterando o espaço físico e cultural.
Conforme mostra Cardoso de Oliveira (1976) na década de 1970 a população da
Aldeinha era formada por menos de 40 famílias.
Dentro da cidade de Aquidauana, em zona suburbana, vivem 39 famílias de índios
Terenas e mestiços, que constituem uma população de pouco menos de 250
indivíduos. Residentes a dois quilômetros da margem esquerda do rio Aquidauana,
em terras por eles mesmos adquiridas, esses Terena são identificado como gente da
Aldeinha” (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1976, p.81).
Nas últimas décadas a quantidade de famílias vivendo na Aldeinha quase que
triplicou, sendo que atualmente vivem 91 famílias Terena com uma população de 350 habitantes
(SESAI, 2015). São pessoas hibridas, produzindo e reproduzindo identidades; reafirmando a
sua territorialidade. Elias Nimbú, mestre tradicional de 67 anos, afirma “quando eu vim pra cá,
margem esquerda aquela época, era distrito de Aquidauana, então vim pra cá naquela época em
1960...”.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), a
população indígena no Brasil é da ordem de 817.963 indígenas, sendo que deste total,
aproximadamente 80.000 indígenas vivem confinados em Mato Grosso do Sul, distribuídos em
8 etnias, ou seja: Atikum, Guarani Ñadeva, Kaiowá, Kadiwéu, Kinikinau, Ofaié, Atikun e
Terena. Os Terena estão agrupados em pequenas porções de terras não-contínuas espalhados
pelos municípios de Aquidauana, Anastácio, Campo Grande, Miranda, Nioaque, Sidrolândia,
Dois Irmãos do Buriti, Dourados e Rochedo.
No Brasil, desde a chegada dos europeus, os povos indígenas tiveram que se adaptar
ao processo de colonização, como por exemplo nas vestes e no ensino da língua escrita dos
colonizadores, bem como na perda de seu território. “Se por um lado a criação de reservas dos