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REVISTA TERENA 2 EDIÇÃO

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a diluição dos signos de diferenciação étnica entre diferentes grupos Guaná-Chané,

fazendo emergir a categoria englobante denominada terena (EREMITES DE

OLIVEIRA; PEREIRA, 2007, p. 7).

Essa interação inicial não foi, na visão dos autores em questão, muito vantajosa para

os Terena, tendo significado a perda de território e consequente exploração de sua mão de obra

pelos latifundiários que ali se instalavam. O término da Guerra da Tríplice Aliança,

contrariando as expectativas iniciais de garantir a posse dos territórios que, tradicionalmente,

ocupavam antes da Guerra na região do então sul de Mato Grosso – atualmente Mato Grosso

do Sul –, significou para o povo Terena o início de um outro embate, este também essencial: a

luta pela sua sobrevivência. Ocorre que durante o combate, muito indígenas foram mortos, e os

que não sucumbiram pelas armas, foram vencidos por doenças como cólera e varíola – contexto

que os deixou na completa miséria. Acrescente-se a esses infortúnios o fato de não possuírem

mais o direito de ocuparem seus antigos territórios, agora sob o domínio dos fazendeiros que se

espalhavam pela região (VARGAS, 2003; NINCÃO, 2008).

Os Terena são reconhecidos como o povo indígena cuja interação com o universo

sociocultural da sociedade envolvente é muito presente, ainda que esse processo não tenha sido

isento de conflitos, notadamente em relação aos seus direitos sobre os territórios que ocupam

(FERREIRA, 2009; OLIVEIRA, 1976, 2000). As questões voltadas para a posse dos territórios

tradicionais são os pontos mais prementes nas reivindicações indígenas no estado de MS, e a

etnia Terena é uma das que já tiveram a comprovação de seus direitos sobre as terras que

ocupam, mas, infelizmente, “[...] a área foi declarada, mas, ainda não foi homologada.

Permanece, portanto o impasse judicial com os proprietários de terra da região.” (XIMENES,

2011, p. 15).

Em que pesem os problemas pelos quais passaram – e passam – os Terena têm

conquistado espaço e respeito em vários setores da sociedade brasileira e sobretudo sul-matogrossense,

conquistas operacionalizadas pela via das estratégias que adotam para transitarem

com certa desenvoltura nos intrincados meandros da sociedade envolvente (MUSSI, 2006;

NASCIMENTO, 2012; PEREIRA, 2009).

Os espaços conquistados junto à sociedade nacional são frutos das habilidades

políticas e do traquejo social do povo terena, aspectos que “possibilitaram – e possibilitam –

que sobrevivessem e se consolidassem como um dos maiores índices de população indígena

vivendo em centros urbanos (Funasa, 2009) e o segundo contingente populacional indígena em

Mato Grosso do Sul” (NASCIMENTO, 2012, p. 9). Nesse sentido, Pereira (2009, p. 129),

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