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REVISTA TERENA 2 EDIÇÃO

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Sidrolândia, Campo Grande, Rochedo e Dourados. Os municípios de Dourados e Campo

Grande abrigam a maiores reservas indígenas do povo Terena, sendo que a reserva do município

de Dourados foi criada em 1915 pelo Serviço de Proteção ao Índio – SPI. Em Campo Grande,

capital do estado de MS, os Terena se localizam em cinco aldeias ou comunidades urbanas

(FERREIRA, 2002, 2007; PEREIRA, 2009).

O contingente populacional terena está distribuído em vários bairros periféricos da

cidade de Campo Grande, como o bairro Tiradentes, no qual se localiza a Aldeia Marçal de

Souza; o bairro Nova Lima, onde estão as Comunidades Água Bonita e Tarsila do Amaral; o

bairro Jardim Noroeste, em que se se situa a Aldeia Urbana Darcy Ribeiro; e o Núcleo Industrial

Indubrasil com a Aldeia indígena do Núcleo Industrial. Essas comunidades compõem os

conjuntos habitacionais instituídos pela Prefeitura Municipal de Campo Grande – PMCG com

o apoio da Agência Municipal de Habitação de Campo Grande – EMHA e com a Agência de

Habitação Popular de Mato Grosso do Sul - AGEHAB (SILVA; BERNADELLI, 2016). Além

das aldeias urbanas mencionadas, alguns Terena residem também nos bairros Guanandi, Jardim

Carioca, São Jorge da Lagoa e Santa Mônica (DUARTE, 2017).

Alguns relatos coletados entre os indígenas terena mais velhos por Bittencourt e

Ladeira (2000, p. 39) contam a razão de os Terena terem saído do Êxiva e como eles

atravessaram o rio Paraguai:

“Meu pai cresceu lá mesmo no Êxiva. Meu pai fugiu de lá porque lá havia os índios

('kopenoti') bravos. Eles atravessaram as morrarias atrás de Porto Esperança. Na água

quando nadou, amarrou um carandá seco na cintura como jangada.” (Antônio

Muchacho - aldeia Cachoeirinha)

“Minha avó, meu avô são do Êxiva. Eles usaram uma taquara bem grande para

atravessar o rio... pelo nome 'taquaruçu' ela é conhecida pelos purutuyé. Eles

trançavam com cipó (humomó) para fazer uma canoa para atravessar o rio Paraguai

(huveonokaxionó - 'rio dos paraguaios'), quando vieram para a Cachoeirinha.” (João

Martins - 'Menootó' - aldeia Cachoeirinha)

Os Terena podem ser definidos, dentre tantas outras possibilidades, como um povo

especificamente bilíngue, sendo motivo de orgulho para eles o fato de dominarem a língua

portuguesa, domínio existe que favorece a operacionalização e manutenção do contato com

sociedade nacional, garantindo-lhes a sua autonomia política e administrativa (LADEIRA,

2001). A propósito da relevância da língua para compreender a história do povo terena,

Bittencourt e Ladeira (2000, p. 12) explicam que “A língua falada pelos Terena conserva

elementos em comum com a língua usada pelos Laiana e pelos Kinikinau e que, embora com

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