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EXAME Moz 86

Edição de Março da EXAME, com tema de capa sobre a CTA, dossier sobre a nova lei laboral e um especial inovação com ênfase, nesta edição, na importância do ensino para a promoção da inovação

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segundo um relatório do governo moçambicano

divulgado em Fevereiro. O documento

não faz referência a vítimas mortais, mas

diferentes estimativas apontam para, pelo

menos, 350 mortos. Tudo isto na província

de Cabo Delgado, aquela onde avançam as

obras dos megaprojectos que daqui a quatro

anos vão colocar Moçambique no top

10 dos produtores mundiais de gás natural.

APOSTA NO LIVRE COMÉRCIO

Em matéria económica, Cyril Ramaphosa

assumiu o compromisso de finalizar

o Acordo de Livre Comércio em África

(AfCFTA, na sigla em inglês) e anunciou a

realização de uma cimeira extraordinária

da organização sobre este tema, também

em Maio. O potencial é enorme. Segundo

as contas feitas por Benedict Oramah, presidente

do Banco Africano de Exportações

e Importações (Afreximbank), o acordo

pode aumentar as trocas regionais para

134 mil milhões de dólares, 35% acima do

valor actual. Ou seja, trata-se de um acordo

que será fundamental para a independência

económica de África, cujos países podem

aumentar os níveis actuais de trocas no

continente de 15% para 25% numa década.

Os líderes africanos, disse, devem preparar

medidas de compensação da perda

de receitas fiscais causadas pela livre circulação

de bens no continente, que pode

representar uma verba de 4 mil milhões

de dólares por ano. “Devem garantir que

o sector privado está bem preparado para

aproveitar as vantagens de mercado proporcionadas

pelo acordo e esforçar-se por

implementar mecanismos que melhorem

o acesso a informações comerciais credíveis,

especialmente entre agentes privados

africanos”, disse Oramah. Para já, o

compromisso de Cyril Ramaphosa está

lançado. Tem um ano pela frente, depois

será a vez de a República Democrática do

Congo (RDC) assumir a presidência rotativa

da União Africana.

Se, por um lado, é preciso abrir fronteiras,

por outro é preciso ajudar África a combater

a corrupção, disse o secretário-geral

das Nações Unidas, António Guterres, ao

intervir na cimeira. O líder da ONU fez

um pedido expresso à comunidade internacional

para ter mais determinação na

“A COMUNIDADE

INTERNACIONAL

DEVE COMPLEMENTAR

ESTES ESFORÇOS

[DE ÁFRICA] COM UMA

DETERMINAÇÃO MAIS

FORTE EM COMBATER

A EVASÃO FISCAL,

O BRANQUEAMENTO

DE CAPITAIS E FLUXOS

FINANCEIROS ILEGAIS”

ANTÓNIO GUTERRES

SECRETÁRIO-GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS

UE PREPARA CIMEIRA

DE OUTUBRO COM ÁFRICA

Desde 2018 que a União Europeia (UE)

acentua a discurso de parceria com

África, destacando novas potencialidades

do trabalho conjunto. Não espanta,

por isso, que o presidente do Conselho

Europeu, Charles Michel, tenha dito em

Adis Abeba que a Europa quer olhar

para África com “novos olhos”, passando

da abordagem da ajuda para a

do investimento, “tendo em consideração,

por exemplo, a importância de

construir infra-estruturas robustas no

continente”. Charles Michel encontrou-

-se com chefes de Estado e de governo

africanos para preparar a cimeira UE-

-África, marcada para Outubro, em

Bruxelas. “Gostaria que não tivéssemos

o mesmo tipo de cimeira em que

os países africanos chegam com centenas

de prioridades. Gostaria de, nos

luta contra os fluxos financeiros ilegais,

para complementar os esforços de combate

à corrupção dos países africanos. “Tenho

testemunhado os esforços de muitos países

em África para eliminarem a corrupção,

reformarem os sistemas de impostos e

melhorarem a governação das instituições,

mas a comunidade internacional deve complementar

estes esforços com uma determinação

mais forte em combater a evasão

fiscal, o branqueamento de capitais e fluxos

financeiros ilegais.” O secretário-geral das

Nações Unidas sublinhou que estes “flagelos”

estão a “privar os países africanos de

recursos essenciais para o desenvolvimento”.

Convidado a participar na recta final dos

encontros anuais da organização africana,

António Guterres sublinhou também na

sua intervenção a importância da cooperação

entre as duas instituições, assegurando

“apoio total” das Nações Unidas à

implementação da agenda de desenvolvimento

da UA, a Agenda 2063. b

* Serviço especial da Lusa para a EXAME.

próximos meses, ter vários encontros

bilaterais para entender quais são as

prioridades deles e explicar as nossas”,

adiantou. Para o responsável europeu,

a prioridade é perceber como a estratégia

de desenvolvimento e investimento

da Europa em relação a África

pode ser mais eficaz.

Questionado pelos jornalistas sobre

se esta nova relação não devia começar

com um pedido de desculpas a África

pelo passado colonial europeu, Charles

Michel considerou que o mais importante

é perceber como estabelecer esta

relação no futuro. “Cada vez mais as

novas gerações na Europa nasceram

depois da independência dos países

africanos e cada vez mais é possível

ter maior ambição para esta parceria

com África, sem nostalgia.”

março 2020 | 27

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