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EXAME Moz 86

Edição de Março da EXAME, com tema de capa sobre a CTA, dossier sobre a nova lei laboral e um especial inovação com ênfase, nesta edição, na importância do ensino para a promoção da inovação

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GLOBAL ESTADOS UNIDOS

UM INÍCIO

TENSO

A crise do Irão é um novo sinal de que os países estão a agir

cada vez mais por si sós, em vez de procurarem em conjunto

soluções para os conflitos globais — um cenário que traz

instabilidade

FILIPE SERRANO E CARLA ARANHA

N

um discurso duro face ao

Irão feito em Maio de 2018,

o secretário de Estado americano,

Mike Pompeo, justificou

a decisão do Presidente

Donald Trump, tomada algumas semanas

antes, de deixar o acordo nuclear com

o Irão, assinado em 2015. Avisou que, de

então em diante, os Estados Unidos adoptariam

uma política de “pressão máxima”

sobre o regime iraniano com o objectivo

de estrangular o país financeiramente e

fazer com que os iranianos aceitassem

imposições americanas mais rígidas. Nas

palavras de Pompeo, o Irão não teria mais

“carta branca” para armar grupos pelo

Médio Oriente que, volta e meia, faziam

ataques contra alvos americanos e dos

seus aliados. Entretanto, em vez de uma

redução da violência, o que se viu de lá

para cá foi uma escalada nas ofensivas

patrocinadas pelo Irão, numa espécie de

guerra terceirizada, algo que trouxe ainda

mais instabilidade. A recente crise no início

de 2020 que, por pouco, não levou a

uma nova guerra no Médio Oriente, foi

o ápice da política de intimidação sobre

o Irão, que começa a ficar sem saídas.

O país ou se senta para negociar, ou intensifica

os seus ataques ao mesmo tempo

que retoma o programa nuclear, como

os líderes iranianos ameaçam fazer. Num

mundo que já sofre o impacto do aumento

do nacionalismo e do proteccionismo, a

tensão no Médio Oriente é um péssimo

início de ano. O que chama a atenção nesta

crise é que nada disto seria necessário se

os Estados Unidos não tivessem saído do

acordo nuclear, assinado em conjunto com

o Reino Unido, França, Rússia e China —

que são membros do Conselho de Segurança

da Organização das Nações Unidas

— e ainda a Alemanha. O Irão cumpriu

os seus compromissos desde 2015, mas

Trump acreditava que o acordo, tecido

pelo ex-Presidente Barack Obama, era

demasiado favorável aos iranianos. A decisão

de Trump colocou os Estados Unidos

e os países europeus em lados opostos.

Enquanto os norte-americanos partiram

para a coacção, a Europa optou por negociar

e tentar salvar o acordo. Foi por isso

que nenhum dos países europeus nem a

China apoiaram o ataque norte-americano

que matou o general iraniano Qassem

Soleimani. Assim como os europeus,

as organizações internacionais, como as

Nações Unidas ou a aliança militar da

NATO, foram apanhadas de surpresa.

“Não há união entre estas organizações

HASSAN ROUHANI,

PRESIDENTE DO IRÃO:

O país é cada vez mais

pressionado pelos

norte americanos

DONALD TRUMP:

Menosprezo pelas

instituições

internacionais

52 | Exame Moçambique

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