EXAME Moz 86
Edição de Março da EXAME, com tema de capa sobre a CTA, dossier sobre a nova lei laboral e um especial inovação com ênfase, nesta edição, na importância do ensino para a promoção da inovação
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EXAME FINAL
RAJ THAMPURAN
AGÊNCIA DE INOVAÇÃO DE SINGAPURA
O EXEMPLO
DE SINGAPURA
Ao investir em ciência, o país asiático
de 5 milhões de habitantes desenvolveu
indústrias de ponta. Para o conselheiro da
agência de inovação de Singapura, o objectivo
agora é avançar ainda mais
D.R.
Conhecida por ser um importante centro comercial e
industrial do Sudeste Asiático, Singapura é o exemplo
de um país que conseguiu desenvolver-se investindo
pesadamente em ciência e tecnologia. Boa parte
do avanço deve-se ao trabalho da Agência de Ciência, Tecnologia
e Pesquisa, conhecida como A*Star, que reúne 4800 cientistas
e trabalha de perto com as empresas para financiar pesquisas.
À frente da instituição está o engenheiro mecânico Raj Thampuran,
que foi director da A*Star de 2012 a 2019 e agora é um dos
seus principais conselheiros. O Dr. Raj, como é conhecido, falou
à EXAME acerca da importância da ciência para a economia.
Singapura é um país pequeno, com 5 milhões de
habitantes. Qual a razão de investir numa agência
de inovação avançada?
Quando a agência surgiu, em 1991, a razão era desenvolver as
nossas indústrias, em particular a manufactureira. Precisávamos
de elevar os padrões para que ela tivesse mais valor agregado.
E tínhamos a aspiração de nos tornarmos uma economia
baseada em conhecimento. Para isso, a inovação é um componente
crítico.
Qual é hoje o tamanho da agência?
A A*Star tem 20 institutos, com mais de 5 mil funcionários.
Cerca de 4800 são cientistas e engenheiros. Metade deles tem
o doutoramento. E, destes, metade vem de 61 países diferentes.
O investimento em investigação influenciou a economia
de Singapura nas últimas décadas?
A capacidade de inovar é vital para qualquer economia. Simplesmente
porque essa é a vantagem competitiva das empresas.
E a habilidade das empresas de encontrarem talentos e de
terem acesso à infra-estrutura de pesquisa acelera a sua capacidade
de inovar. Na história de Singapura, esse investimento foi
vital. Não temos recursos naturais ou outros atributos. Outro
resultado importante é a construção de talento. As empresas vão
para onde estão os talentos. Todos os anos, de 20% a 25% dos
investigadores deixam a agência para trabalharem nas empresas.
Porque é que essa troca de cientistas é importante?
Essa é a forma mais efectiva de transferir tecnologia. Os pesquisadores
vão trabalhar nas empresas e, então, recrutamos novas
pessoas. É algo que faz crescer a capacidade científica e tecnológica
das indústrias. Como consequência, o perfil da nossa
indústria mudou drasticamente.
Mudou em que sentido?
Na área electrónica, a nossa indústria era predominantemente
focada na produção de discos rígidos nos anos 90. Mas hoje
o foco são os semicondutores. É isso que quero dizer com a
mudança de perfil. São empresas com muito mais valor acrescentado.
Isso gera empregos bem qualificados.
Quais são as áreas de maior desenvolvimento daqui em diante?
Biomedicina, alimentos e nutrição são áreas em que estamos
a fazer bastante investimento. E vamos ter certamente muitas
tecnologias relacionadas com os serviços digitais.
Há como aumentar a colaboração com empresas brasileiras?
Sim. Temos 60 empresas de Singapura a operarem no Brasil.
E também há empresas brasileiras em Singapura. Há laços
entre os dois países a níveis diferentes. E uma das coisas que
exploramos é conseguir desenvolver laços também na ciência.
As empresas brasileiras que quiserem desenvolver produtos
adaptados ao mercado asiático poderiam usar Singapura como
base, por exemplo. Há muita oportunidade. b
98 | Exame Moçambique