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EXAME Moz 86

Edição de Março da EXAME, com tema de capa sobre a CTA, dossier sobre a nova lei laboral e um especial inovação com ênfase, nesta edição, na importância do ensino para a promoção da inovação

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SUSTENTABILIDADE COP25

REUTERS

GRETA THUNBERG:

Inspiração para

outros jovens

ram o seu exemplo. No dia 20 Setembro de

2019 deste ano, mais de 4 milhões de pessoas

aderiram a uma greve global, convocada

pela Internet, a maior manifestação

pelo clima alguma vez realizada.

A organização Fridays For Future, criada

após as greves de Greta, une actualmente

grupos locais numa rede global, além de

incentivar a criação de novos colectivos.

Procura principalmente acelerar a transição

para uma economia de baixo carbono,

pondo termo a todos os novos projectos de

exploração de combustíveis fósseis. Além

disso, pede a inclusão de agendas sociais

nas discussões climáticas e que a voz dos

povos originários e indígenas seja ouvida

e levada em consideração nas tomadas

de decisão.

Os jovens, claro, não estão imunes à crítica.

Além de protestarem, o que propõem

exactamente como solução para as mudanças

climáticas? Outra crítica, especialmente

à postura de Greta, é o alarmismo excessivo.

O tempo dirá se ela tem ou não razão.

Mas um discurso tão forte como o desta

juventude já começa a ser ouvido até no

mercado financeiro. Um relatório de 34

páginas elaborado em Setembro pelo banco

Goldman Sachs alerta para o perigo das

mudanças climáticas. “Metade da população

mundial viverá em áreas com problema

de suprimento de água em 2025”,

assinala o documento. Outro relatório,

da consultora AT Kearney, aponta que

a indústria de gestão de emergências vai

avançar 6% com o aumento de catástrofes

naturais e superar a receita de 114 mil

milhões de dólares em 2020. Segundo as

projecções, o número de pessoas desalojadas

devido a condições climáticas extremas

aumentará 50% nos próximos dez

anos. O mesmo relatório da AT Kearney

também alerta para a possibilidade de os

conflitos geracionais se intensificarem.

Além da ascensão de Greta, protestos em

massa no Líbano e no Chile demonstram

a crescente insatisfação das gerações mais

novas com a actual liderança política. Em

Hong Kong, uma onda de manifestações

pró-democracia comandada por jovens já

dura há mais de seis meses. Em Maio, nas

eleições parlamentares da União Europeia,

havia a expectativa de uma ascensão

da extrema-direita. O que se viu, no

entanto, foi aflorarem os partidos verdes,

em particular na Alemanha, França,

Reino Unido e Irlanda. Nos Estados Unidos,

o mesmo fenómeno é reflectido pela

popularidade da deputada Alexandria

Ocasio-Cortez, de 30 anos, cuja principal

plataforma política gira em torno do

Green New Deal, um novo plano económico

para a maior economia do mundo.

A ousadia dos jovens e o efeito multiplicador

do activismo já irritaram alguns

líderes, como Donald Trump, que sugeriu

que Greta Thunberg se acalmasse, e Jair

Bolsonaro, que lhe chamou “pirralha”.

A sua aparência frágil torna-a um alvo

mais fácil. Tem 16 anos, mas aparenta

menos. “Ciente de que a sua geração vai

sofrer com as mudanças climáticas, Greta

não tem medo de pressionar para que

haja acções reais”, disse o ex-Presidente

Barack Obama no Twitter, obviamente

em antagonismo com Trump. “O futuro

será marcado por líderes como ela.” A atitude

de tratar os jovens como irrelevantes,

na verdade parece servir de motivação.

“Eles pensam que, quando a gente crescer,

isto vai passar. Só que não vai”, afirmou

Karina Penna, de 23 anos, estudante de

Biologia, do Maranhão, que cumpria a sua

terceira COP — faz parte da ONG Engajamundo,

criada em 2012 por lideranças

jovens que participaram da COP18, em

Doha, no Catar. Por detrás dessa motivação

está a consciência de que eles são,

de facto, o futuro. “Somos nós que tomaremos

as decisões, mas é preciso que nos

deixem um mundo”, disse a mexicana Xie

Bastida, de 17 anos, também presente na

Conferência das Nações Unidas. “Podemos

ser apenas pouco mais de 20% da população

mas somos 100% do futuro.”

Num ponto os jovens e não jovens deveriam

concordar: um mundo mais sustentável

fará bem aos cidadãos de todas

as idades.b

78 | Exame Moçambique

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