EXAME Moz 86
Edição de Março da EXAME, com tema de capa sobre a CTA, dossier sobre a nova lei laboral e um especial inovação com ênfase, nesta edição, na importância do ensino para a promoção da inovação
Edição de Março da EXAME, com tema de capa sobre a CTA, dossier sobre a nova lei laboral e um especial inovação com ênfase, nesta edição, na importância do ensino para a promoção da inovação
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FINANÇAS BRASIL
tiram-se em índices de acções, como o
S&P500, que reúne as 500 maiores empresas
norte-americanas, com uma valorização
de 29%, o maior retorno desde 2013.
As eleições norte-americanas podem trazer
mais volatilidade aos papéis, mas este
risco adicional também oferece oportunidades
de ganhos. Já os títulos emitidos
no exterior por empresas como a Ford e
a Bradesco com vencimento entre 2025
e 2027 pagam actualmente de 4% a 6% ao
ano. Basta subtrair a inflação norte-americana
para chegar a um retorno maior
do que o proporcionado por aplicações
de rendimento fixo no Brasil.
Investir no exterior não é só para milionários.
A saída geográfica pode fazer
sentido para investidores do retalho em
alternativas mais democráticas, como
os fundos de índice (ETF) e os fundos
locais com exposição ao exterior, segundo
William Eid, professor no Centro de Estudos
em Finanças da Fundação Getúlio
Vargas (FGV). Já para quem tem mais
recursos, acima de 100 mil reais (mais
de 23 mil dólares), os títulos de dívida
de grandes empresas pagam bem e são
resilientes. É recomendável que a diversificação
no exterior represente de 10% a
15% do total do portefólio. “Uma vantagem
de investir fora é reduzir o risco político,
que está sempre presente no Brasil”,
diz Eid. É importante que a diversificação
no exterior, portanto, não seja encarada
como uma maior aceitação de risco mas
como uma protecção adicional. “A redução
da volatilidade de um portefólio é obtida
principalmente com uma baixa correlação
ou correlação negativa dos activos
que o compõem. O investimento em economias
e moedas diferentes cumpre esse
papel”, diz Carlos Takahashi, presidente
da gestora global BlackRock. Importante:
aplicações em rendimento fixo, em geral,
incluem hedge cambial. Ou seja, eliminam
o risco da moeda, enquanto investimentos
em rendimento variável costumam incluir
esse risco para aumentar a rentabilidade.
O movimento de mais empresas a abrirem
o capital fora do Brasil sagrou a tendência
de flexibilização das regras brasileiras
sobre aplicações no exterior. Após a abertura
de capital da XP, a Comissão de Valores
D.R.
GOOGLE: A oportunidade de investir nos gigantes da tecnologia nos Estados Unidos
Mobiliários abriu uma audiência pública
para democratizar o acesso de pequenos
investidores aos Brazilian Depositary
Receipts (BDR), recibos que representam
acções brasileiras listadas em bolsas
estrangeiras. O objectivo é que qualquer
investidor tenha acesso ao BDR Nível 1,
hoje disponível apenas para investidores
qualificados, e possa aplicar dinheiro em
empresas brasileiras que abram o capital
no exterior. Hoje, empresas com a maior
parte dos activos no Brasil, como a XP,
não podem participar no programa de
BDR. Por fim, a CVM também quer que
o programa inclua, além de acções, ETF
e títulos de dívidas, os bonds. A última
actualização das regras para a modalidade
de investimentos externos havia sido feita
pela CVM em 2014. Nesse ano a regulação
passou a permitir que fundos nacionais
invistam 100% do seu património em
activos no exterior. Contudo, quem deseja
investir num fundo que aplique a maior
parte de seu portefólio no exterior (pelo
menos 67%) ainda tem de ser qualificado,
ou seja, deter pelo menos 1 milhão de reais
(mais de 230 mil dólares) em investimentos.
Luís Antonio Berwanger, superintendente
de desenvolvimento de mercado da
CVM, indica que a regulação dos fundos
pode ficar ainda mais flexível. “É um processo
gradativo. Resolvemos flexibilizar
a regulação sobre os BDR porque no passado
havia empresas que abriam o capital
no exterior para fugirem da tributação brasileira.
Mas entendemos que não é o caso
das empresas que recentemente abriram
o capital lá fora”, diz Berwanger.
Uma barreira a menos é o processo de
abertura de contas no exterior, que nunca
foi tão simples. Um cadastro que antes
precisava de ser concluído em 15 dias,
actualmente pode ser feito on-line em
15 minutos: são necessários apenas um
documento de identificação e um comprovativo
de residência do investidor.
Há corretoras de baixo custo, como a DriveWealth,
na qual o dinheiro pode ser
transferido através de remessas on-line,
e também corretoras centradas em atender
estrangeiros, a exemplo da Avenue,
fundada por brasileiros e cujo objectivo
é servir investidores latino-americanos.
Ambas operam nos Estados Unidos, mas
oferecem páginas em português. “Havia
um esforço das gestoras nacionais em protegerem
os seus produtos e não investirem
num portefólio internacional. Agora,
com juros baixos e maior concorrência, a
tendência é para que as diferenças diminuam”,
diz Roberto Teperman, director
da gestora Legg Mason, que tem 800 mil
milhões de dólares sob gestão. O mercado,
mais do que nunca, é global. b
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