31.03.2020 Views

EXAME Moz 86

Edição de Março da EXAME, com tema de capa sobre a CTA, dossier sobre a nova lei laboral e um especial inovação com ênfase, nesta edição, na importância do ensino para a promoção da inovação

Edição de Março da EXAME, com tema de capa sobre a CTA, dossier sobre a nova lei laboral e um especial inovação com ênfase, nesta edição, na importância do ensino para a promoção da inovação

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

lho de marca comparável ao de Karl Lagerfeld

na Chanel e John Galliano na Dior.”

A contratação de nomes de vanguarda

para dirigir marcas históricas é uma táctica

que tem se mostrado vencedora como

forma de atrair as gerações jovens. Veja-se

as nomeações do americano Virgil Abloh,

o disruptivo estilista da marca italiana Of-

-White, como director artístico do vestuário

masculino da Louis Vuitton, do francês

Hedi Slimane para a criação da Céline e,

na Dior, da italiana Maria Grazia Chiuri,

a primeira mulher a ocupar o lugar desde

que a marca surgiu em 1946. Sem falar

na parceria firmada em 2019 com a cantora

Rihanna para lançar a sua marca de

moda, a Fenty Paris, uma estratégia para

bloquear a entrada no mercado de novos

criadores independentes.

O grupo também passou a esforçar-se

na frente digital. “Não temos dados oficiais,

mas podemos deduzir que de 15% a

20% da facturação vem do on-line”, refere

a especialista Isabelle. “As lojas físicas

serão sempre importantes.” Houve investimento

para colocar Ian Rogers, um ex-

-executivo da Apple, como novo director

digital. E a Louis Vuitton tornou-se uma

das primeiras marcas a transmitir um desfile

no Facebook.

Jean-Noël Kapferer, director de investigação

na Inseec School of Business & Economics,

de Paris, e autor do livro Luxury

Strategy, salienta o mérito de Arnault por

ter compreendido que big is beautiful.

“O storytelling do luxo diz que é preciso

permanecer pequeno, valorizar os artesãos,

mas a realidade é a necessidade de

escala. E a LVMH é o grupo ideal para responder

à procura asiática, que representa

80% do crescimento do mercado de luxo.”

Há o receio de que os protestos deste ano em

Hong Kong diminuam o ímpeto dos consumidores

asiáticos. Jean-Jacques Guiony,

vice-presidente financeiro do grupo, diz

que não vê o problema a longo prazo e

que as compras efectuadas por turistas

chineses podem compensar uma eventual

queda local.

A boa presença da Tiffany na Ásia foi

um dos motivos que despertaram o interesse

da LVMH. Mas é nos Estados Unidos,

onde nasceu, que a joalheria tem

D.R.

LOUIS VUITTON

EM HONG KONG:

Os protestos locais

podem abalar o

mercado asiático

mais força — e é esse o mercado onde o

grupo de Arnault mais quer entrar. Por lá,

18,6 milhões de pessoas têm mais de um

milhão de dólares na conta, segundo um

estudo do banco Credit Suisse. Isso representa

40% dos milionários do mundo.

Na China vivem 4,4 milhões de milionários.

“Os Estados Unidos não são percebidos

como um país que produza marcas

icónicas como a Europa”, diz Carlos Ferreirinha,

especializado em gestão de luxo e

presidente da MCF Consultoria. “Lá existe

a Ralph Lauren, a Coach, mas não são percebidas

como grifes de primeiro escalão.

A Tiffany é um caso único.”

A joalheria já estava em sintonia com o

movimento de apostar na comunicação

com as novas gerações. As suas campanhas

mais recentes apresentaram a cantora

Lady Gaga e tiveram como tema a diversidade

no amor. Em produtos, o investimento

dá-se em peças acessíveis: no Brasil

é possível comprar pingentes de coração

por 400 reais (92,5 dólares). “Para nós, a

acessibilidade não é uma estratégia, está

no nosso ADN”, diz Maximiliano Sufriti,

director-geral da Tiffany no Brasil. “Nascemos

em 1837 em Nova Iorque como um

empório, onde o cliente podia comprar

desde papelaria a objectos de decoração.

Claro que eram os melhores artigos. Hoje

as pessoas encontram aqui desde perfumes

até aos diamantes mais fabulosos. Mas o

que trouxe mais awareness foi a inserção

nos media sociais. A Tiffany foi uma das

marcas de luxo, se não a primeira, a colocar

os preços no Facebook.”

Para Jérôme Caby, especialista em finanças

empresariais na escola de negócios

IAE Paris-Sorbonne, a compra da Tiffany

era inevitável se a ideia é concorrer com a

Richemont e as suas marcas Cartier e Van

Cleef & Arpels. “Arnault poderá desenvolver

outros tipos de produto, como fez

com a Bulgari”, diz Caby. “Há espaço de

desenvolvimento, de melhoria das margens

e meios para que os 135 dólares pagos

por acção sejam rentabilizados. Há fusões

que geram dúvidas, mas nesta, em termos

de estratégia, não se vê um ponto fraco, o

que é raro.” Segundo o LVMH, a rentabilidade

da Bulgari foi multiplicada por cinco

desde que foi integrada no grupo em 2011.

A expectativa é de que, com a aquisição da

Tiffany, os actuais 9% de participação do

segmento de relógios e joalheria no total

74 | Exame Moçambique

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!