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Francesa, a qual, por sua vez, se requintou no grande processo revolucionário de bolchevização do<br />

mundo hodierno.<br />

É que as paixões desordenadas, indo num crescendo análogo ao que produz a aceleração na<br />

lei da gravidade, e alimentando-se de suas próprias obras, acarretam conseqüências que, por sua<br />

vez, se desenvolvem segundo intensidade proporcional. E, na mesma progressão, os erros geram<br />

erros, e as revoluções abrem caminho umas para as outras.<br />

4. AS VELOCIDADES HARMÔNICAS DA REVOLUÇÃO<br />

Esse processo revolucionário se dá em duas velocidades diversas. Uma, rápida, é destinada<br />

geralmente ao fracasso no plano imediato. A outra tem sido habitualmente coroada de êxito, e é<br />

muito mais lenta.<br />

A. A alta velocidade<br />

Os movimentos pré-comunistas dos anabatistas, por exemplo, tiraram imediatamente, em<br />

vários campos, todas ou quase todas as conseqüências do espírito e das tendências da Pseudo-<br />

Reforma: fracassaram.<br />

B. A marcha morosa<br />

Lentamente, ao longo de mais de quatro séculos, as correntes mais moderadas do<br />

protestantismo, caminhando de requinte em requinte, por etapas de dinamismo e de inércia<br />

sucessivas, vão entretanto favorecendo paulatinamente, de um ou de outro modo, a marcha do<br />

Ocidente para o mesmo ponto extremo 15 .<br />

C. Como se harmonizam essas velocidades<br />

Cumpre estudar o papel de cada uma dessas velocidades na marcha da Revolução. Dir-se-ia<br />

que os movimentos mais velozes são inúteis. Porém, não é verdade. A explosão desses extremismos<br />

levanta um estandarte, cria um ponto de mira fixo que fascina pelo seu próprio radicalismo os<br />

moderados, e para o qual estes se vão lentamente encaminhando. Assim, o socialismo repudia o<br />

comunismo mas o admira em silêncio e tende para ele. Mais remotamente o mesmo se poderia dizer<br />

do comunista Babeuf e seus sequazes nos últimos lampejos da Revolução Francesa. Foram<br />

esmagados. Mas lentamente a sociedade vai seguindo o caminho para onde eles a quiseram levar. O<br />

fracasso dos extremistas é, pois, apenas aparente. Eles colaboram indireta, mas possantemente, para<br />

a Revolução, atraindo paulatinamente para a realização de seus culposos e exacerbados devaneios a<br />

multidão incontável dos “prudentes”, dos “moderados”, e dos medíocres.<br />

5. DESFAZENDO OBJEÇÕES<br />

Vistas estas noções, apresenta-se a ocasião para desfazer algumas objeções que, antes disto,<br />

não poderiam ser adequadamente analisadas.<br />

A. Revolucionários de pequena velocidade e “semicontra-revolucionários”<br />

O que distingue o revolucionário que seguiu o ritmo da marcha rápida, de quem se vai<br />

paulatinamente tornando tal segundo o ritmo da marcha lenta, está em que, quando o processo<br />

revolucionário teve início no primeiro, encontrou resistências nulas, ou quase nulas. A virtude e a<br />

verdade viviam nessa alma de uma vida de superfície. Eram como madeira seca, que qualquer<br />

fagulha pode incendiar. Pelo contrário, quando esse processo se opera lentamente, é porque a<br />

fagulha da Revolução encontrou, ao menos em parte, lenha verde. Em outros termos, encontrou<br />

15<br />

Cfr. Parte II, Cap. VIII, 2.<br />

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