07.11.2023 Views

RCR

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

muito lentamente se foi explicitando no decorrer dos séculos. De maneira que os autores contrarevolucionários<br />

sentiram, desde o início, e legitimamente, dentro de todas as formulações<br />

revolucionárias, algo que excedia à própria formulação. Há muito mais a mentalidade da Revolução<br />

a considerar em cada etapa do processo revolucionário, do que simplesmente a ideologia enunciada<br />

nessa etapa. Para fazer trabalho profundo, eficiente, e inteiramente objetivo, é, pois, necessário<br />

acompanhar passo a passo o desenrolar da marcha da Revolução, num penoso esforço de<br />

explicitação das coisas implícitas no processo revolucionário. Só assim é possível atacar a<br />

Revolução como de fato deve ela ser atacada. Tudo isto tem obrigado os contra-revolucionários a<br />

ter constantemente os olhos postos na Revolução, pensando, e afirmando as suas teses, em função<br />

dos erros dela. Neste duro trabalho intelectual, as doutrinas de verdade e de ordem existentes no<br />

depósito sagrado do Magistério da Igreja são, para o contra-revolucionário, o tesouro do qual ele vai<br />

tirando coisas novas e velhas 46 para refutar a Revolução, à medida que vai vendo mais fundo nos<br />

tenebrosos abismos desta.<br />

Assim, pois, em vários de seus mais importantes aspectos é sadiamente negativista e polêmico<br />

o trabalho contra-revolucionário. É, aliás, por razões não muito diversas que o Magistério<br />

Eclesiástico vai definindo as verdades, o mais das vezes, em função das diversas heresias que vão<br />

surgindo ao longo da História. E formulando-as como condenação do erro que lhes é oposto. Assim<br />

agindo, a Igreja nunca receou fazer mal às almas.<br />

3. ATITUDES ERRADAS EM FACE DOS “SLOGANS” DA REVOLUÇÃO<br />

A. Abstrair dos “slogans” revolucionários<br />

O esforço contra-revolucionário não deve ser livresco, isto é, não pode contentar-se com uma<br />

dialética com a Revolução no plano puramente cientifico e universitário. Reconhecendo a esse<br />

plano toda a sua grande e até muito grande importância, o ponto de mira habitual da Contra-<br />

Revolução deve ser a Revolução tal qual ela é pensada, sentida e vivida pela opinião pública em seu<br />

conjunto. E neste sentido os contra-revolucionários devem atribuir uma importância muito<br />

particular à refutação dos “slogans” revolucionários.<br />

B. Eliminar os aspectos polêmicos da ação contra-revolucionária<br />

A idéia de apresentar a Contra-Revolução sob uma luz mais “simpática” e “positiva” fazendo<br />

com que ela não ataque a Revolução, é o que pode haver de mais tristemente eficiente para<br />

empobrecê-la de conteúdo e de dinamismo 47 .<br />

Quem agisse segundo essa lamentável tática mostraria a mesma falta de senso de um chefe de<br />

Estado que, em face de tropas inimigas que transpõem a fronteira, fizesse cessar toda resistência<br />

armada, com o intuito de cativar a simpatia do invasor e, assim, paralisá-lo. Na realidade, ele<br />

anularia o ímpeto da reação, sem deter o inimigo. Isto é, entregaria a pátria...<br />

Não quer isto dizer que a linguagem do contra-revolucionário não seja matizada segundo as<br />

circunstâncias.<br />

O Divino Mestre, pregando na Judéia, que estava sob a ação próxima dos pérfidos fariseus,<br />

usou de uma linguagem candente. Na Galiléia, pelo contrário, onde predominava o povo simples e<br />

era menor a influência dos fariseus, sua linguagem tinha um tom mais docente e menos polêmico.<br />

46<br />

Cfr. Mt. 13,52.<br />

47<br />

Cfr. Parte II - Cap. VIII, 3, B.<br />

35

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!