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Não acreditamos que o mero dinamismo das paixões e dos erros dos homens possa conjugar<br />
meios tão diversos, para a consecução de um único fim, isto é, a vitória da Revolução.<br />
Produzir um processo tão coerente, tão contínuo, como o da Revolução, através das mil<br />
vicissitudes de séculos inteiros, cheios de imprevistos de toda ordem, nos parece impossível sem a<br />
ação de gerações sucessivas de conspiradores de uma inteligência e um poder extraordinários.<br />
Pensar que sem isto a Revolução teria chegado ao estado em que se encontra, é o mesmo que<br />
admitir que centenas de letras atiradas por uma janela poderiam dispor-se espontaneamente no chão,<br />
de maneira a formar uma obra qualquer, por exemplo, a “Ode a Satã”, de Carducci.<br />
As forças propulsoras da Revolução têm sido manipuladas até aqui por agentes sagacíssimos,<br />
que delas se têm servido como meios para realizar o processo revolucionário.<br />
De modo geral, podem qualificar-se agentes da Revolução todas as seitas, de qualquer<br />
natureza, engendradas por ela, desde seu nascedouro até nossos dias, para a difusão do pensamento<br />
ou a articulação das tramas revolucionárias. Porém, a seita-mestra, em torno da qual todas se<br />
articulam como simples forças auxiliares - por vezes conscientemente, e outras vezes não - é a<br />
Maçonaria, segundo claramente decorre dos documentos pontifícios, e especialmente da Encíclica<br />
Humanum Genus de Leão XIII, de 20 de abril de 1884 18 .<br />
O êxito que até aqui têm alcançado esses conspiradores, e particularmente a Maçonaria,<br />
devesse não só ao fato de possuírem incontestável capacidade de se articularem e conspirarem, mas<br />
também ao seu lúcido conhecimento do que seja a essência profunda da Revolução, e de como<br />
utilizar as leis naturais - falamos das da política, da sociologia, da psicologia, da arte, da economia,<br />
etc.- para fazer progredir a realização de seus planos.<br />
Nesse sentido os agentes do caos e da subversão fazem como o cientista, que em vez de agir<br />
por si só, estuda e põe em ação as forças, mil vezes mais poderosas, da natureza.<br />
É o que, além de explicar em grande parte o êxito da Revolução, constitui importante<br />
indicação para os soldados da Contra-Revolução.<br />
Capítulo VII - A Essência da Revolução<br />
Descrita assim rapidamente a crise do Ocidente cristão, é oportuno analisá-la.<br />
1. A REVOLUÇÃO POR EXCELÊNCIA<br />
Esse processo crítico de que nos vimos ocupando é, já o dissemos, uma Revolução.<br />
A. Sentido da palavra “Revolução”<br />
Damos a este vocábulo o sentido de um movimento que visa destruir um poder ou uma ordem<br />
legítima e pôr em seu lugar um estado de coisas (intencionalmente não queremos dizer ordem de<br />
coisas) ou um poder ilegítimo.<br />
B. Revolução cruenta e incruenta<br />
Nesse sentido, a rigor, uma Revolução pode ser incruenta. Esta de que nos ocupamos se<br />
desenvolveu e continua a se desenvolver por toda sorte de meios, alguns dos quais cruentos, e<br />
outros não. As duas guerras mundiais deste século, por exemplo, consideradas em suas<br />
conseqüências mais profundas, são capítulos dela, e dos mais sanguinolentos. Ao passo que a<br />
legislação cada vez mais socialista de todos ou quase todos os povos hodiernos constitui um<br />
progresso importantíssimo e incruento da Revolução.<br />
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Bonne Presse, Paris, vol. I, pp. 242 a 276.<br />
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