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Realmente, o fim da sociedade e do Estado é a vida virtuosa em comum. Ora, as virtudes que<br />

o homem é chamado a praticar são as virtudes cristãs, e destas a primeira é o amor a Deus. A<br />

sociedade e o Estado têm, pois, um fim sacral 22 .<br />

Por certo é à Igreja que pertencem os meios próprios para promover a salvação das almas.<br />

Mas a sociedade e o Estado têm meios instrumentais para o mesmo fim, isto é, meios que, movidos<br />

por um agente mais alto, produzem efeito superior a si mesmos.<br />

D. Cultura e civilização por excelência<br />

De todos estes dados é fácil inferir que a cultura e a civilização católica são a cultura por<br />

excelência e a civilização por excelência. É preciso acrescentar que não podem existir senão em<br />

povos católicos. Realmente, se bem que o homem possa conhecer os princípios da Lei Natural por<br />

sua própria razão, não pode um povo, sem o Magistério da Igreja, manter-se duravelmente no<br />

conhecimento de todos eles 23 . E, por este motivo, um povo que não professe a verdadeira Religião<br />

não pode duravelmente praticar todos os Mandamentos 24 . Nestas condições, e como sem o<br />

conhecimento e a observância da Lei de Deus não pode haver ordem cristã, a civilização e a cultura<br />

por excelência só são possíveis no grêmio da Santa Igreja. Com efeito, de acordo com o que disse<br />

São Pio X, a civilização “é tanto mais verdadeira, mais durável, mais fecunda em frutos preciosos,<br />

quanto mais puramente cristã; tanto mais decadente, para grande desgraça da sociedade, quanto<br />

mais se subtrai à idéia cristã. Por isto, pela força intrínseca das coisas, a Igreja torna-se também<br />

de fato a guardiã e protetora da civilização cristã” 25 .<br />

E. A ilegitimidade por excelência<br />

Se nisto consistem a ordem e a legitimidade, facilmente se vê no que consiste a Revolução.<br />

Pois é o contrário dessa ordem. É a desordem e a ilegitimidade por excelência.<br />

3. A REVOLUÇÃO, O ORGULHO E A SENSUALIDADE - OS VALORES<br />

METAFÍSICOS DA REVOLUÇÃO<br />

Duas noções concebidas como valores metafísicos exprimem bem o espírito da Revolução: a<br />

igualdade absoluta, liberdade completa. E duas são as paixões que mais a servem: o orgulho e a<br />

sensualidade.<br />

Referindo-nos às paixões, cumpre esclarecer o sentido em que tomamos o vocábulo neste<br />

trabalho. Para maior brevidade, conformando-nos com o uso de vários autores espirituais, sempre<br />

que falamos das paixões como fautoras da Revolução, referimo-nos às paixões desordenadas. E, de<br />

acordo com a linguagem corrente, incluímos nas paixões desordenadas todos os impulsos ao pecado<br />

existentes no homem em conseqüência da tríplice concupiscência: a da carne, a dos olhos e a<br />

soberba da vida 26 .<br />

A. Orgulho e Igualitarismo<br />

A pessoa orgulhosa, sujeita à autoridade de outra, odeia primeiramente o jugo que em<br />

concreto pesa sobre ela.<br />

Num segundo grau, o orgulhoso odeia genericamente todas as autoridades e todos os jugos, e<br />

mais ainda o próprio princípio de autoridade, considerado em abstrato.<br />

E porque odeia toda autoridade, odeia também toda superioridade, de qualquer ordem que<br />

seja.<br />

22<br />

Cfr. Santo Tomás, De Regimine Principum, I, 14 e 15.<br />

23<br />

Cfr. Concílio Vaticano I, sess. III, cap. 2 - D. 1786.<br />

24<br />

Cfr. Concílio de Trento, sess. VI, cap. 2 - D. 812.<br />

25<br />

Encíclica Il Fermo Proposito, de 11-VI-1905 – Bonne Presse, Paris, vol. II, p. 92.<br />

26<br />

Cfr. 1 Jo. 2, 16.<br />

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