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C. A austeridade protestante<br />
Outra objeção a nosso trabalho poderia vir do fato de que certas seitas protestantes são de uma<br />
austeridade que toca as raias do exagero. Como, pois, explicar todo o protestantismo por uma<br />
explosão do desejo de gozar a vida?<br />
Ainda aqui, a objeção não é difícil de resolver. Penetrando em certos ambiente, a Revolução<br />
encontrou muito vivaz o amor à austeridade. Assim, formou-se um “coágulo”. E, se bem que ela aí<br />
tenha conseguido em matéria de orgulho todos os triunfos, não alcançou êxitos iguais em matéria de<br />
sensualidade. Em tais ambientes, goza-se a vida por meio dos discretos deleites do orgulho, e não<br />
pelas grosseiras delícias da carne. Pode até ser que a austeridade, acalentada pelo orgulho<br />
exacerbado, tenha reagido exageradamente contra a sensualidade. Mas essa reação, por mais<br />
obstinada que seja, é estéril: cedo ou tarde, por inanição ou pela violência, será destroçada pela<br />
Revolução. Pois não é de um puritanismo hirto, frio, mumificado, que pode partir o sopro de vida<br />
que regenerará a terra.<br />
D. A frente única da Revolução<br />
Tais “coagulações” e cristalizações conduzem normalmente ao entrechoque das forças da<br />
Revolução. Considerando-o, dir-se-ia que as potências do mal estão divididas contra si mesmas, e<br />
que é falsa nossa concepção unitária do processo revolucionário.<br />
Ilusão. Por um instinto profundo, que mostra que são harmônicas em seus elementos<br />
essenciais, e contraditórias apenas em seus acidentes, têm essas forças uma espantosa capacidade de<br />
se unirem contra a Igreja Católica, sempre que se encontrem em face dEla.<br />
Estéreis nos elementos bons que lhes restem, as forças revolucionárias só são realmente<br />
eficientes para o mal. E assim, cada qual ataca de seu lado a Igreja, que fica como uma cidade<br />
sitiada por um imenso exército.<br />
Entre essas forças da Revolução, cumpre não omitir os católicos que professam a doutrina da<br />
Igreja mas estão dominados pelo espírito revolucionário. Mil vezes mais perigosos que os inimigos<br />
declarados, combatem a Cidade Santa dentro de seus próprios muros, e bem merecem o que deles<br />
disse Pio IX: “Embora os filhos do século sejam mais hábeis que os filhos da luz, seus ardis e suas<br />
violências teriam, sem dúvida, menor êxito se um grande número, entre aqueles que se intitulam<br />
católicos, não lhes estendesse mão amiga. Sim, infelizmente, há os que parecem querer caminhar<br />
de acordo com nossos inimigos, e se esforçam por estabelecer uma aliança entre a luz e as trevas,<br />
um acordo entre a justiça e a iniqüidade por meio dessas doutrinas que se chamam católicoliberais,<br />
as quais, apoiando-se sobre os mais perniciosos princípios, adulam o poder civil quando<br />
ele invade as coisas espirituais, e impulsionam as almas ao respeito, ou ao menos à tolerância das<br />
leis mais iníquas. Como se absolutamente não estivesse escrito que ninguém pode servir a dois<br />
senhores. São eles muito mais perigosos certamente e mais funestos do que os inimigos declarados,<br />
não só porque lhes secundam os esforços, talvez sem o perceberem, como também porque,<br />
mantendo-se no extremo limite das opiniões condenadas, tomam uma aparência de integridade e de<br />
doutrina irrepreensível, aliciando os imprudentes amigos de conciliações e enganando as pessoas<br />
honestas, que se revoltariam contra um erro declarado. Por isso, eles dividem os espíritos, rasgam<br />
a unidade e enfraquecem as forças que seria necessário reunir contra o inimigo” 17 .<br />
6. OS AGENTES DA REVOLUÇÃO: A MAÇONARIA E AS DEMAIS<br />
FORÇAS SECRETAS<br />
Uma vez que estamos estudando as forças propulsoras da Revolução, convém que digamos<br />
uma palavra sobre os agentes desta.<br />
17<br />
Carta ao Presidente e membros do Círculo Santo Ambrósio, de Milão, de 6-III-1873, apud I Papi e la Gioventù, Editrice A.V.E., Roma,<br />
1944, p. 36.<br />
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