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vez que tivessem sido separadas da Igreja ou submetidas como escravas às falsas ideologias do<br />

nosso tempo!” 20 .<br />

2. REVOLUÇÃO E LEGITIMIDADE<br />

A. A legitimidade por excelência<br />

Em geral, a noção de legitimidade tem sido focalizada apenas com relação a dinastias e<br />

governos. Atendidos os ensinamentos de Leão XIII na Encíclica Au Milieu des Solicitudes, de 16 de<br />

fevereiro de 1892 21 , não se pode entretanto fazer tábua rasa da questão da legitimidade dinástica<br />

ou governamental, pois é questão moral gravíssima que as consciências retas devem considerar com<br />

toda a atenção.<br />

Porém não é só a este gênero de problemas que se aplica o conceito de legitimidade.<br />

Há uma legitimidade mais alta, aquela que é a característica de toda ordem de coisas em que<br />

se torne efetiva a Realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo, modelo e fonte da legitimidade de todas as<br />

realezas e poderes terrenos. Lutar pela autoridade legítima é um dever, e até um dever grave. Mas é<br />

preciso ver na legitimidade dos detentores da autoridade não só um bem excelente em si, mas um<br />

meio para atingir bem ainda muito maior, ou seja, a legitimidade de toda a ordem social, de todas as<br />

instituições e ambientes humanos, o que se dá com a disposição de todas as coisas segundo a<br />

doutrina da Igreja.<br />

B. Cultura e civilização católica<br />

O ideal da Contra-Revolução é, pois, restaurar e promover a cultura e a civilização católica.<br />

Essa temática não estaria suficientemente enunciada, se não contivesse uma definição do que<br />

entendemos por “cultura católica” e “civilização católica”. Sabemos que os termos “civilização” e<br />

“cultura” são usados em muitos sentidos diversos. Bem se vê que não pretendemos aqui tomar<br />

posição em uma questão de terminologia. E que nos limitamos a usar esses vocábulos como rótulos<br />

de precisão relativa para mencionar certas realidade, mais preocupados em dar verdadeira idéia<br />

dessas realidades, do que em discutir sobre os termos.<br />

Uma alma em estado de graça está na posse, em grau maior ou menor, de todas as virtudes.<br />

Iluminada pela Fé, dispõe dos elementos para formar a única visão verdadeira do universo.<br />

O elemento fundamental da cultura católica é a visão do universo elaborada segundo a<br />

doutrina da Igreja. Essa cultura compreende não só a instrução, isto é, a posse dos dados<br />

informativos necessários para uma tal elaboração, mas uma análise e uma coordenação desses dados<br />

conforme a doutrina católica. Ela não se cinge ao campo teológico, ou filosófico, ou científico, mas<br />

abrange todo o saber humano, reflete-se na arte e implica na afirmação de valores que impregnam<br />

todos os aspectos da existência.<br />

Civilização católica é a estruturação de todas as relações humanas, de todas as instituições<br />

humanas, e do próprio Estado, segundo a doutrina da Igreja.<br />

C. Caráter sacral da civilização católica<br />

Está implícito que uma tal ordem de coisas é fundamentalmente sacral, e que ela importa no<br />

reconhecimento de todos os poderes da Santa Igreja, e particularmente do Sumo Pontífice: poder<br />

direto sobre as coisas espirituais, poder indireto sobre as coisas temporais, enquanto dizem respeito<br />

à salvação das almas.<br />

20<br />

Radiomensagem de 28-XII-1958, à População de Messina, no 50º aniversário do terremoto que destruiu essa cidade - in “L'Osservatore<br />

Romano”, edição hebdomadária em língua francesa, de 23-I-1959.<br />

21<br />

Bonne Presse, Paris, vol. III, pp. 112 a 122.<br />

17

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