07.11.2023 Views

RCR

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

* h. Igualdade nos aspectos exteriores da existência: a variedade redunda facilmente em<br />

desigualdade de nível. Por isso, diminuição quanto possível da variedade nos trajes, nas residências,<br />

nos móveis, nos hábitos etc.<br />

* i. Igualdade de almas: a propaganda como que padroniza todos as almas, tirando-lhes as<br />

peculiaridades, e quase a vida própria. Até as diferenças de psicologia e atitude entre sexos tendem<br />

a minguar o mais possível. Por tudo isto, desaparece o povo que é essencialmente uma grande<br />

família de almas diversas mas harmônicas, reunidas em torno do que lhes é comum. E surge a<br />

massa, com sua grande alma vazia, coletiva, escrava 29 .<br />

* j. Igualdade em todo o trato social: como entre mais velhos e mais moços, patrões e<br />

empregados, professores e alunos, esposo e esposa, pais e filhos, etc.<br />

* k. Igualdade na ordem internacional: o Estado é constituído por um povo independente<br />

exercendo domínio pleno sobre um território. A soberania é, assim, no Direito Público, a imagem<br />

da propriedade. Admitida a idéia de povo, com características que o diferenciam dos outros, e a de<br />

soberania, estamos forçosamente em presença de desigualdades: de capacidade, de virtude, de<br />

número etc. Admitida a idéia de território, temos a desigualdade quantitativa e qualitativa dos vários<br />

espaços territoriais. Compreende-se, pois, que a Revolução, fundamentalmente igualitária, sonhe<br />

em fundir todas as raças, todos os povos e todos os Estados em uma só raça, um só povo e um só<br />

Estado 30 .<br />

* l. Igualdade entre as diversas partes do país: pelas mesmas razões, e por um mecanismo<br />

análogo, a Revolução tende a abolir no interior das pátrias ora existentes todo o sadio regionalismo<br />

político, cultural, etc.<br />

* m. Igualitarismo e ódio a Deus: Santo Tomás ensina 31 que a diversidade das criaturas e seu<br />

escalonamento hierárquico são um bem em si, pois assim melhor resplandecem na criação as<br />

perfeições do Criador. E diz que tanto entre os Anjos 32 quanto entre os homens, no Paraíso<br />

Terrestre como nesta terra de exílio 33 , a Providência instituiu a desigualdade. Por isso, um universo<br />

de criaturas iguais seria um mundo em que se teria eliminado em toda a medida do possível a<br />

semelhança entre criaturas e Criador. Odiar, em princípio, toda e qualquer desigualdade é, pois,<br />

colocar-se metafisicamente contra os melhores elementos de semelhança entre o Criador e a<br />

criação, é odiar a Deus.<br />

* n. Os limites da desigualdade: claro está que de toda esta explanação doutrinária não se<br />

pode concluir que a desigualdade é sempre e necessariamente um bem.<br />

Os homens são todos iguais por natureza, e diversos apenas em seus acidentes. Os direitos<br />

que lhes vêm do simples fato de serem homens são iguais para todos: direito à vida, à honra, a<br />

condições de existência suficientes, ao trabalho, pois, e à propriedade, à constituição de família, e<br />

sobretudo ao conhecimento e prática da verdadeira Religião. E as desigualdades que atentem contra<br />

estes direitos são contrárias à ordem da Providência. Porém, dentro destes limites, as desigualdades<br />

provenientes de acidentes como a virtude, o talento, a beleza, a força, a família, a tradição, etc., são<br />

justas e conformes à ordem do universo 34 .<br />

B. Sensualidade e liberalismo<br />

A par do orgulho gerador de todo o igualitarismo, a sensualidade, no mais largo sentido do<br />

termo, é causadora do liberalismo. É nestas tristes profundezas que se encontra a junção entre esses<br />

29<br />

Cfr. Pio XII, Radiomensagem de Natal de 1944 – Discorsi e Radiomessaggi, vol. VI, p. 239.<br />

30<br />

Cfr. Parte I - Cap. XI, 3.<br />

31<br />

Cfr. Contra os Gentios, II, 45; Suma Teológica, I, q. 47, a. 2.<br />

32<br />

Cfr. Suma Teológica, I, q. 50, a. 4.<br />

33<br />

Cfr. op. cit., I, q. 96, a. 3 e 4.<br />

34<br />

Cfr. Pio XII, Radiomensagem de Natal de 1944 – Discorsi e Radiomessaggi, vol. VI, p. 239.<br />

20

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!