07.11.2023 Views

RCR

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Fala-se da eventual queda do regime de Fidel Castro em Cuba e da possível invasão da<br />

Europa Ocidental por hordas de famintos vindos do Leste e do Magreb. As diversas tentativas de<br />

incursão de desvalidos albaneses na Itália teriam sido como que um primeiro ensaio desta nova<br />

“invasão de bárbaros” na Europa.<br />

Não falta quem, na Península Ibérica como em outros países da Europa, veja estas hipóteses<br />

em um comum panorama com a ação de presença de multidões de maometanos,<br />

despreocupadamente admitidos em anos anteriores em vários pontos desse continente, e com os<br />

projetos de construção de uma ponte sobre o Estreito de Gibraltar, ligando o Norte da África ao<br />

território espanhol, o que favoreceria por sua vez mais outras invasões muçulmanas na Europa.<br />

Curiosa semelhança de efeitos da derrubada da cortina de ferro e da construção dessa tal<br />

ponte: ambas abririam o continente europeu para invasões análogas às que Carlos Magno repeliu<br />

vitoriosamente, isto é, as de hordas bárbaras ou semibárbaras vindas do leste e hordas maometanas<br />

provenientes de regiões ao Sul do continente europeu.<br />

Dir-se-ia quase que o quadro pré-medieval se recompõe. Mas algo falta: é o ardor de fé<br />

primaveril nas populações católicas chamadas a fazer frente simultaneamente a estes dois impactos.<br />

Mas, sobretudo, falta alguém: onde encontrar hoje em dia um homem com o estofo de Carlos<br />

Magno?<br />

Se imaginarmos o desenvolvimento das hipóteses acima enunciadas, cujo principal cenário<br />

seria o Ocidente, sem dúvida nos assombrarão a magnitude e a dramaticidade das conseqüências<br />

que as mesmas trariam consigo.<br />

Entretanto, esta visão de conjunto nem de longe abarca a totalidade dos efeitos que vozes<br />

autorizadas, procedentes de círculos intelectuais sensivelmente opostos entre si e de imparciais<br />

órgãos de comunicação, nos anunciam nestes dias.<br />

Por exemplo, a crescente oposição entre países consumidores e países pobres. Ou, em outros<br />

termos, entre nações ricas industrializadas e outras que são meras produtoras de matérias-primas.<br />

Nasceria daí um entrechoque de proporções mundiais entre ideologias diversas, agrupadas, de<br />

um lado em torno do enriquecimento indefinido, e de outro do subconsumo miserabilista. À vista<br />

desse eventual entrechoque, é impossível não recordar a luta de classes preconizada por Marx. E daí<br />

surge naturalmente uma pergunta: será essa luta uma projeção, em termos mundiais, de um embate<br />

análogo ao que Marx concebeu sobretudo como um fenômeno sócio-econômico dentro das nações,<br />

conflito este no qual participaria cada uma destas com características próprias?<br />

Nessa hipótese, a luta entre o Primeiro Mundo e o Terceiro passará a servir de camuflagem<br />

mediante a qual o marxismo, envergonhado de seu catastrófico fracasso sócio-econômico e<br />

metamorfoseado, trataria de obter, com renovadas possibilidades de êxito, a vitória final? Vitória<br />

essa que, até o momento, escapou das mãos de Gorbachev, o qual, embora certamente não seja o<br />

doutor, é pelo menos uma mescla de bardo e de prestidigitador da perestroika...<br />

Da perestroika, sim, da qual não é possível duvidar que seja um requinte do comunismo, pois<br />

o confessa seu próprio autor no ensaio propagandístico “Perestroika – Novas idéias para o meu<br />

país e o mundo” (Ed. Best Seller, São Paulo, 1987, p. 35): “A finalidade desta reforma é garantir<br />

.... a transição de um sistema de direção excessivamente centralizado e dependente de ordens<br />

superiores para um sistema democrático baseado na combinação de centralismo democrático e<br />

autogestão”. Autogestão esta que, de mais a mais, era “o objetivo supremo do Estado soviético”,<br />

segundo estabelecia a própria Constituição da ex-URSS em seu Preâmbulo.<br />

Continuação do texto de 1976:<br />

52

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!