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Não quereríamos dar por encerrado o presente artigo, sem um preito de filial devotamento e<br />
obediência irrestrita ao “doce Cristo na terra”, coluna e fundamento infalível da Verdade, Sua<br />
Santidade o Papa João XXIII.<br />
“Ubi Ecclesia ibi Christus, ubi Petrus ibi Ecclesia”.<br />
É pois para o Santo Padre que se volta todo o nosso amor, todo o nosso entusiasmo, toda a<br />
nossa dedicação. É com estes sentimentos, que animam todas as páginas de “Catolicismo” desde<br />
sua fundação, que nos abalançamos também a publicar este trabalho.<br />
Sobre cada uma das teses que o constituem, não temos em nosso coração a menor dúvida.<br />
Sujeitamo-las todas, porém, irrestritamente ao juízo do Vigário de Jesus Cristo, dispostos a<br />
renunciar de pronto a qualquer delas, desde que se distancie, ainda que de leve, do ensinamento da<br />
Santa Igreja, nossa Mãe, Arca da Salvação e Porta do Céu.<br />
Posfácio de 1992<br />
Com as palavras anteriores concluí as várias edições de Revolução e Contra-Revolução<br />
publicadas desde 1976. Ao ler essas palavras, quem tem em mãos a presente edição, aparecida em<br />
1992, se perguntará necessariamente em que pé se encontra hoje o processo revolucionário. Vive<br />
ainda a III Revolução? Ou a queda do império soviético permite afirmar que a IV Revolução já está<br />
em vias de irromper no mais profundo da realidade política do Leste europeu, ou mesmo que já<br />
venceu?<br />
É necessário distinguir. Nos presentes dias, as correntes que propugnam a implantação da IV<br />
Revolução se estenderam – em formas embora diversas – ao mundo inteiro, e manifestam, mais ou<br />
menos por todas as partes, uma sensível tendência a avolumar-se.<br />
Nesse sentido, a IV Revolução vai num crescendo promissor para os que a desejam, e<br />
ameaçador para os que se batem contra ela. Mas haveria evidente exagero em dizer que a ordem de<br />
coisas atualmente existente na ex-URSS já é totalmente modelada segundo a IV Revolução e que ali<br />
nada mais resta da III Revolução.<br />
A IV Revolução, se bem que inclua também o aspecto político, é uma Revolução que a si<br />
mesma se qualifica de “cultural”, ou seja, que abarca grosso modo todos os aspectos do existir<br />
humano. Assim, os entrechoques políticos que venham a surgir entre as nações que compunham a<br />
URSS poderão condicionar fortemente a IV Revolução, mas é difícil que os mesmos se imponham<br />
de modo dominante aos acontecimentos, isto é, a todo o conjunto de atos humanos que a “revolução<br />
cultural” comporta.<br />
Mas, e a opinião pública dos países que até ontem eram soviéticos (e que em bom número<br />
ainda são governados por antigos comunistas)? Não tem ela algo a dizer sobre isto, já que<br />
representou, segundo Revolução e Contra-Revolução, um papel tão grande nas Revoluções<br />
anteriores?<br />
A resposta a essa pergunta se dá por meio de outras: Há verdadeiramente opinião pública<br />
naqueles países? Pode ela ser engajada num processo revolucionário sistemático? Em caso<br />
negativo, qual é o plano dos mais altos dirigentes nacionais e internacionais do comunismo acerca<br />
do rumo que se deve dar a essa opinião?<br />
É difícil responder a todas essas perguntas, dado que neste momento a opinião pública daquilo<br />
que foi o mundo soviético se apresenta evidentemente átona, amorfa, imobilizada sob o peso de 70<br />
anos de ditadura total, na qual cada indivíduo temia, em muitos ambientes, enunciar sua opinião<br />
religiosa ou política a seu parente mais próximo ou a seu mais íntimo amigo, porque uma provável<br />
delação – velada ou ostensiva, verídica ou caluniosa – poderia lançá-lo em trabalhos forçados sem<br />
fim, nas geladas estepes da Sibéria. Entretanto, em qualquer caso, é necessário responder a essas<br />
perguntas antes de elaborar prognósticos sobre o curso dos acontecimentos no que foi o mundo<br />
soviético.<br />
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