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Pelo contrário, a ditadura revolucionária visa eternizar-se, viola os direitos autênticos, e<br />

penetra em todas as esferas da sociedade para as aniquilar, desarticulando a vida de família,<br />

prejudicando as elites genuínas, subvertendo a hierarquia social, alimentando de utopias e de<br />

aspirações desordenadas a multidão, extinguindo a vida real dos grupos sociais e sujeitando tudo ao<br />

Estado: em uma palavra, favorecendo a obra da Revolução. Exemplo típico de tal ditadura foi o<br />

hitlerismo.<br />

Por isto, a ditadura revolucionária é fundamentalmente anticatólica. Com efeito, em um<br />

ambiente verdadeiramente católico, não pode haver clima para uma tal situação.<br />

O que não quer dizer que a ditadura revolucionária, neste ou naquele país, não tenha<br />

procurado favorecer a Igreja. Mas trata-se de atitude meramente política, que se transforma em<br />

perseguição franca ou velada, logo que a autoridade eclesiástica comece a deter o passo à<br />

Revolução.<br />

Capítulo IV - As Metamorfoses do Processo Revolucionário<br />

Como se depreende da análise feita no capítulo anterior, o processo revolucionário é o<br />

desenvolvimento, por etapas, de certas tendências desregradas do homem ocidental e cristão, e dos<br />

erros delas nascidos.<br />

Em cada etapa, essas tendências e erros têm um aspecto próprio. A Revolução vai, pois, se<br />

metamorfoseando ao longo da História.<br />

Essas metamorfoses que se observam nas grandes linhas gerais da Revolução, se repetem, em<br />

ponto menor, no interior de cada grande episódio dela.<br />

Assim, o espírito da Revolução Francesa, em sua primeira fase, usou máscara e linguagem<br />

aristocrática e até eclesiástica. Freqüentou a corte e sentou-se à mesa do Conselho do Rei.<br />

Depois, tornou-se burguês e trabalhou pela extinção incruenta da monarquia e da nobreza, e<br />

por uma velada e pacífica supressão da Igreja Católica.<br />

Logo que pôde, fez-se jacobino, e se embriagou de sangue no Terror.<br />

Mas os excessos praticados pela facção jacobina despertaram reações. Ele voltou atrás,<br />

percorrendo as mesmas etapas. De jacobino transformou-se em burguês no Diretório, com Napoleão<br />

estendeu a mão à Igreja e abriu as portas à nobreza exilada, e, por fim, aplaudiu a volta dos<br />

Bourbons. Terminada a Revolução Francesa, não termina com isto o processo revolucionário. Ei-lo<br />

que torna a explodir com a queda de Carlos X e a ascensão de Luís Felipe, e assim por sucessivas<br />

metamorfoses, aproveitando seus sucessos e mesmo seus insucessos, chegou ele até o paroxismo de<br />

nossos dias.<br />

A Revolução usa, pois, suas metamorfoses não só para avançar, como também para operar os<br />

recuos táticos que tão freqüentemente lhe têm sido necessários.<br />

Por vezes, movimento sempre vivo, ela tem simulado estar morta. E é esta uma de suas<br />

metamorfoses mais interessantes. Na aparência, a situação de um determinado país se apresenta<br />

como inteiramente tranqüila. A reação contra-revolucionária se distende e adormece. Mas, nas<br />

profundidades da vida religiosa, cultural, social, ou econômica, a fermentação revolucionária vai<br />

sempre ganhando terreno. E, ao cabo desse aparente interstício, explode uma convulsão inesperada,<br />

freqüentemente maior que as anteriores.<br />

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