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Será, neste caso, parcial ou totalmente insincero...<br />

Parece-nos que, a este propósito, quase não seria necessário acentuar que, quando afirmamos<br />

que as doutrinas de Marx estavam implícitas nas negações da Pseudo-Reforma e da Revolução<br />

Francesa, não queremos com isto dizer que os adeptos daqueles dois movimentos eram,<br />

conscientemente, marxistas avant la lettre, e que ocultavam hipocritamente suas opiniões.<br />

O próprio da virtude cristã é a reta disposição das potências da alma e, pois, o incremento da<br />

lucidez da inteligência iluminada pela graça e guiada pelo Magistério da Igreja. Não é por outra<br />

razão que todo o Santo é um modelo de equilíbrio e de imparcialidade. A objetividade de seus<br />

juízos e a firme orientação de sua vontade para o bem não são debilitadas, nem de leve, pelo bafo<br />

venenoso das paixões desregradas.<br />

Pelo contrário, à medida que o homem decai na virtude e se entrega ao jugo dessas paixões,<br />

vai minguando nele a objetividade em tudo quanto com as mesmas se relacione. De modo<br />

particular, essa objetividade fica perturbada quanto aos julgamentos que o homem formule sobre si<br />

mesmo.<br />

Até que ponto um revolucionário “de marcha lenta” do século XVI ou do século XVIII,<br />

obnubilado pelo espírito da Revolução, se dava conta do sentido profundo e das últimas<br />

conseqüências de sua doutrina, é em cada caso concreto o segredo de Deus.<br />

De qualquer forma, a hipótese de que fossem todos eles marxistas conscientes é de se excluir<br />

inteiramente.<br />

Capítulo IX - Também é filho da Revolução o “semicontrarevolucionário”<br />

Tudo quanto aqui se disse dá fundamento a uma observação de importância prática.<br />

Espíritos marcados por essa Revolução interior poderão talvez, por um jogo qualquer de<br />

circunstâncias e de coincidência, como uma educação em meio fortemente tradicionalista e<br />

moralizado, conservar em um ou muitos pontos uma atitude contra-revolucionária 40 .<br />

Sem embargo, na mentalidade destes “semicontra-revolucionários” se terá entronizado o<br />

espírito da Revolução. E num povo onde a maioria esteja em tal estado de alma, a Revolução será<br />

incoercível enquanto este não mudar.<br />

Assim, a unidade da Revolução trás, como contrapartida, que o contra-revolucionário<br />

autêntico só poderá ser total.<br />

Quanto aos “semicontra-revolucionários” em cuja alma começa a vacilar o ídolo da<br />

Revolução, a situação é algum tanto diversa. Tratamos do assunto na Parte II - Cap. XII, 10.<br />

Capítulo X - A cultura, a arte e os ambientes, na Revolução<br />

Assim descrita a complexidade e amplitude que o processo revolucionário tem nas camadas<br />

mais profundas das almas, e portanto da mentalidade dos povos, é mais fácil apontar toda a<br />

importância da cultura, das artes e dos ambientes na marcha da Revolução.<br />

1. A CULTURA<br />

As idéias revolucionárias fornecem às tendências de que nasceram o meio de se afirmarem<br />

com foros de cidadania, aos olhos do próprio indivíduo e de terceiros. Elas servem ao<br />

revolucionário para abalar nestes últimos as convicções verdadeiras, e para assim desencadear ou<br />

agravar neles a revolta das paixões. Elas são inspiração e molde para as instituições geradas pela<br />

Revolução. Essas idéias podem encontrar-se nos mais variados ramos do saber ou da cultura, pois é<br />

40<br />

Cfr. Parte I - Cap. VI, 5, A.<br />

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