Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
à Lei natural. Ora, tal princípio tanto se refere à propriedade do patrão quanto à do operário. Em<br />
conseqüência, o mesmo princípio da luta contra o comunismo deve levar o patrão a respeitar o<br />
direito do trabalhador a um salário justo, condizente com suas necessidades e as de sua família.<br />
Convém recordá-lo para acentuar que a Contra-Revolução não é a defensora apenas da propriedade<br />
patronal, mas da de ambas as classes. Ela não luta por interesses de grupos ou categoria sociais, mas<br />
por princípios.<br />
B. Luta contra o comunismo<br />
Referimo-nos com este subtítulo às organizações que não se dedicam principalmente à<br />
construção de uma ordem social boa, mas ao combate contra o comunismo. Pelos motivos já<br />
expostos neste trabalho, reputamos legítimo e muitas vezes até indispensável tal tipo de<br />
organização. É claro que desta forma não identificamos a Contra-Revolução com abusos que<br />
organismos deste tipo possam ter praticado num ou noutro país.<br />
Entretanto, consideramos que a eficácia contra-revolucionária de tais organismos pode ser<br />
acrescida de muito se, conservando-se embora em seu terreno especializado, os seus membros<br />
tiverem sempre em vista algumas verdades essenciais:<br />
* Só uma refutação inteligente do comunismo é eficaz. A mera repetição de “slogans”,<br />
mesmo quando inteligentes e hábeis, não basta.<br />
* Essa refutação, nos meios cultos, deve visar os últimos fundamentos doutrinários do<br />
comunismo. É importante apontar o seu caráter essencial de seita filosófica que deduz de seus<br />
princípios uma peculiar concepção do homem, da sociedade, do Estado, da História, da cultura, etc.<br />
Exatamente como a Igreja deduz da Revelação e da Lei Moral todos os princípios da civilização e<br />
da cultura católica. Entre o comunismo, seita que contém em si a plenitude da Revolução, e a Igreja,<br />
não há, pois, conciliação possível.<br />
* As multidões ignoram o chamado comunismo científico, e não é a doutrina de Marx que<br />
atrai as massas. Uma ação ideológica anticomunista deve visar, junto ao grande público, um estado<br />
de espírito muito difundido, que dá amiúde aos próprios adversários do comunismo certa vergonha<br />
de se voltarem contra este. Procede tal estado de espírito da idéia, mais ou menos consciente, de que<br />
toda desigualdade é uma injustiça, e de que se deve acabar, não só com as fortunas grandes, como<br />
com as médias, pois se não houvesse ricos também não haveria pobres. É, como se vê, um resíduo<br />
de certas escolas socialistas do século XIX, perfumado por um sentimentalismo romântico. Daí<br />
nasce uma mentalidade que, professando-se anticomunista, entretanto a si mesma se intitula,<br />
freqüentemente, socialista. Esta mentalidade, cada vez mais poderosa no Ocidente, constitui um<br />
perigo muito maior do que a doutrinação propriamente marxista. Ela nos conduz lentamente por um<br />
declive de concessões que poderão chegar até o ponto extremo de transformar em repúblicas<br />
comunistas as nações de aquém cortina de ferro. Tais concessões, que deixam ver uma tendência ao<br />
igualitarismo econômico e ao dirigismo, se vão notando em todos os campos. A iniciativa privada<br />
vai sendo sempre mais cerceada. Os impostos de transmissão causa mortis são tão onerosos que em<br />
certos casos o Fisco é o maior herdeiro. As interferências oficiais em matéria de câmbio, exportação<br />
e importação colocam na dependência do Estado todos os interesses industriais, comerciais e<br />
bancários. Nos salários, nos aluguéis, nos preços, em tudo o Estado intervém. Ele tem industrias,<br />
bancos, universidades, jornais, rádio-emissoras, canais de televisão, etc. E ao mesmo passo que o<br />
dirigismo igualitário vai assim transformando a economia, a imoralidade e o liberalismo vão<br />
dissolvendo a família e preparando o chamado amor livre.<br />
Sem um combate específico a esta mentalidade, ainda que um cataclismo tragasse a Rússia e a<br />
China, o Ocidente dentro de cinqüenta ou cem anos seria comunista.<br />
* O direito de propriedade é tão sagrado que, mesmo se um regime desse à Igreja toda a<br />
liberdade, e até todo o apoio, Ela não poderia aceitar como lícita uma organização social em que<br />
todos os bens fossem coletivos.<br />
42