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Quer um quer outro partido (PSF e PCI) está longe de se ter beneficiado apenas do voto de<br />
seu próprio eleitorado. Apoios católicos certamente consideráveis - e cuja amplitude real só a<br />
História revelará um dia em toda a extensão - têm criado, em torno do PC italiano, ilusões,<br />
fraquezas, atonias e cumplicidades inteiramente excepcionais. A projeção eleitoral dessas<br />
circunstâncias espantosas e artificiais explica, em larga medida, o crescimento do número de<br />
votantes pró-PC, muitos dos quais não são de nenhum modo eleitores comunistas. E cumpre não<br />
esquecer, na mesma ordem de fatos, a influência na votação, direta ou indireta, de certos Cresos,<br />
cuja atitude francamente colaboracionista em relação ao comunismo dá ocasião a manobras<br />
eleitorais das quais a III Revolução tira óbvio proveito. Análogas observações podem ser feitas em<br />
relação ao PS francês.<br />
3. O ódio e a violência, metamorfoseados, geram a guerra psicológica<br />
revolucionária total<br />
Para melhor apreendermos o alcance dessas imensas transformações ocorridas no quadro da<br />
III Revolução nos últimos vinte anos, será necessário analisarmos em seu conjunto a grande<br />
esperança atual do comunismo, que é a guerra revolucionária psicológica.<br />
Embora nascido necessariamente do ódio, e voltado por sua própria lógica interna para o uso<br />
da violência exercida por meio de guerras, revoluções e atentados, o comunismo internacional se<br />
viu compelido por grandes modificações em profundidade da opinião pública, a dissimular seu<br />
rancor, bem como a fingir ter desistido das guerras e das revoluções. Já o dissemos.<br />
Ora, se tais desistências fossem sinceras, de tal maneira ele se desmentiria a si próprio, que se<br />
autodemoliria.<br />
Longe disto, usa ele o sorriso tão-somente como arma de agressão e de guerra, e não extingue<br />
a violência, mas a transfere do campo de operação do físico e palpável, para o das atuações<br />
psicológicas impalpáveis. Seu objetivo: alcançar, no interior das almas, por etapas e invisivelmente,<br />
a vitória que certas circunstâncias lhe estavam impedindo de conquistar de modo drástico e visível,<br />
segundo os métodos clássicos.<br />
Bem entendido, não se trata aqui de efetuar, no campo do espírito, algumas operações<br />
esparsas e esporádicas. Trata-se, pelo contrário, de uma verdadeira guerra de conquista -<br />
psicológica, sim, mas total - visando o homem todo, e todos os homens em todos os países.<br />
Comentário acrescentado em 1992:<br />
Guerra psicológica revolucionária: “revolução cultural” e Revolução nas tendências<br />
Como uma modalidade de guerra psicológica revolucionária, a partir da rebelião estudantil da<br />
Sorbonne, em maio de 1968, numerosos autores socialistas e marxistas em geral passaram a<br />
reconhecer a necessidade de uma forma de revolução prévia às transformações políticas e sócioeconômicas,<br />
que operasse na vida cotidiana, nos costumes, nas mentalidades, nos modos de ser, de<br />
sentir e de viver. É a chamada “revolução cultural”.<br />
Consideram eles que esta revolução, preponderantemente psicológica e tendencial, é uma<br />
etapa indispensável para se chegar à mudança de mentalidade que tornaria possível a implantação<br />
da utopia igualitária, pois, sem tal preparação, a transformação revolucionária e as conseqüentes<br />
“mudanças de estrutura” tornar-se-iam efêmeras.<br />
O referido conceito de “revolução cultural” abarca, com impressionante analogia, o mesmo<br />
campo já designado por Revolução e Contra-Revolução, em 1959, como próprio da Revolução nas<br />
tendências (Cfr. parte I, cap. 5.).<br />
Continuação do texto de 1976:<br />
Insistimos neste conceito de guerra revolucionária psicológica total.<br />
Com efeito, a guerra psicológica visa a psique toda do homem, isto é, “trabalha-o” nas várias<br />
potências de sua alma, e em todas as fibras de sua mentalidade.<br />
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