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2. Obstáculos inesperados para a aplicação dos métodos clássicos da III<br />

Revolução<br />

A. Declínio do poder persuasivo<br />

Examinemos antes de tudo essas circunstâncias.<br />

A primeira delas é o “declínio do poder persuasório do proselitismo comunista”.<br />

Tempo houve em que a doutrinação explícita e categórica foi, para o comunismo<br />

internacional, o principal meio de recrutamento de adeptos.<br />

Em largos setores da opinião pública e em quase todo o Ocidente, por motivos que seria longo<br />

enumerar, as condições se tornaram hoje, em muito ponderável medida, infensas a tal doutrinação.<br />

Decresceu visivelmente o poder persuasivo da dialética e da propaganda comunista doutrinária<br />

integral e ostensiva.<br />

Assim se explica que, em nossos dias, a propaganda comunista procure cada vez mais fazer-se<br />

de modo camuflado, suave e lento. Tal camuflagem se faz ora difundindo os princípios marxistas,<br />

esparsos e velados, na literatura socialista, ora insinuando na própria cultura que chamaríamos<br />

“centrista” princípios que, à maneira de germens, se multiplicam levando os centristas à inadvertida<br />

e gradual aceitação de toda a doutrina comunista.<br />

B. Declínio do poder de liderança revolucionária<br />

À diminuição do poder persuasivo direto do credo vermelho sobre as multidões, que o recurso<br />

a esses meios oblíquos, lentos e trabalhosos denota, junta-se um correlato declínio no poder de<br />

liderança revolucionária do comunismo.<br />

Examinemos como se manifestam esses fenômenos correlatos e quais os frutos deles.<br />

a. Ódio, luta de classes, Revolução<br />

Essencialmente, o movimento comunista é e se considera uma revolução nascida do ódio de<br />

classes. A violência é o método mais coerente com ela. É o método direto e fulminante, do qual os<br />

mentores do comunismo esperavam, com o mínimo de riscos de fracasso, o máximo de resultados,<br />

no mínimo de tempo.<br />

O pressuposto deste método é a capacidade de liderança dos vários PCs, pela qual lhes era<br />

dado criar descontentamentos, transformar estes descontentamentos em ódios, articular estes ódios<br />

numa imensa conjuração, e levar assim a cabo, com a força “atômica” do ímpeto desses ódios, a<br />

demolição da ordem atual e a implantação do comunismo.<br />

b. Declínio da liderança do ódio, e do uso da violência<br />

Ora, também esta liderança do ódio vai escapando das mãos dos comunistas.<br />

Não nos alongamos aqui na explicação das complexas causas do fato. Limitamo-nos a notar<br />

que, no transcurso destes vinte anos, a violência foi dando aos comunistas vantagens cada vez<br />

menores. Para prová-lo, basta lembrar o malogro invariável das guerrilhas e do terrorismo<br />

disseminados por Cuba em toda a América Latina.<br />

É bem verdade que, na África, a violência vem arrastando quase todo o continente em direção<br />

ao comunismo. Mas esse fato muito pouco diz a respeito das tendências da opinião pública no resto<br />

do mundo. Pois o primitivismo da maior parte das populações aborígines daquele continente as<br />

coloca em condições peculiares e inconfundíveis. E a violência ali não tem obtido adeptos por<br />

motivações principalmente ideológicas, mas também por ressentimentos anticolonialistas, dos quais<br />

a propaganda comunista soube valer-se com sua costumeira astúcia.<br />

c. Fruto e prova desse declínio: a III Revolução se metamorfoseia em revolução risonha<br />

A prova mais clara de que a III Revolução vem perdendo nos últimos vinte ou trinta anos sua<br />

capacidade de criar e liderar o ódio revolucionário é a metamorfose que ela se impôs.<br />

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